Aécio, o candidato do “faça o que eu digo, não o que eu faço” 

Pré-candidatíssimo do tucanato ao Planalto, lançado já há um ano pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – que jogou seu nome na roda em oposição e para queimar o de José Serra – o senador Aécio Neves (PSDB-MG) abalou-se de seu descanso de final de ano para divulgar uma nota à imprensa na qual critica o pronunciamento de fim de ano da presidenta Dilma, veiculado em rede nacional de rádio e TV no domingo. 

Aécio acusa a adversária candidata à reeleição – de omitir problemas e fazer “autoelogio”. Diz na nota que a chefe do governo apresentou “uma ilha da fantasia” na TV. “Sob o pretexto das festas de fim de ano, a presidente volta à TV para fazer autoelogio e campanha eleitoral.” Para o tucano, os números do “Brasil real” são outros e não os apresentados pela presidenta da República em seu pronunciamento.

Ele conclui a nota afirmando que a presidenta aposta no “ilusionismo”. “Essa nova e abusiva convocação de rede de rádio e TV é mais uma demonstração da falta de limites de um governo que acredita que a propaganda e o ilusionismo podem demonstrar força, enquanto, na verdade, só acentuam a sua fraqueza”, disse.

Viagem a “ilha da fantasia” foi feita por quem?

Talvez por ter se dado um recesso no trabalho por estes dias, o senador descuidou-se, escorregou na auto-ilusão ao escrever este trecho da nota. Que fraqueza tem o governo Dilma que conta com altíssimos índices de apoio e aprovação populares de acordo com todas as pesquisas? Que fraqueza tem uma candidata à reeleição que conforme estes mesmos levantamentos de opinião pública, se o pleito fosse agora ganharia no 1º turno?

O mais interessante na nota de Aécio é que as afirmações nela contidas parecem referir-se aos governos dele (2003-2010) em Minas Gerais. Como sempre registrou aqui no blog o ex-ministro José Dirceu, Aécio é que comandou oito anos de governos autobajulatórios, com a imprensa de Minas amordaçada, só podendo publicar o que fosse a favor e, à mínima crítica, sendo chamada ao Palácio da Liberdade e avisada de que teria a verba publicitária estatal cortada.

Governou oito anos com a história-engodo do choque de gestão, criação tucana que nada mais é do que demitir servidores públicos e cortar investimentos. Choque de gestão, aliás, copiado por outros governos tucanos pelo país, como o do Rio Grande do Sul no quadriênio 2007-2010 e, ainda que com outros nomes, pelas administrações tucanas há 20 anos encasteladas no poder em São Paulo.

Com Aécio e depois dele, Minas quebrou

Com Aécio e depois dele, Minas quebrou, tornou-se, proporcionalmente, o Estado mais endividado do país e o que menos investe. Democracia, então, passou longe naqueles anos Aécio em Minas, de 2003 a 2010. O senador governou por leis delegadas, sistema que ignorava e passava por cima do poder legislativo, que só recebia projetos e leis prontos para serem referendados, para dizer “amém” e “sim senhor”.

E o senador-candidato tucano à Presidência da República ainda se julga com autoridade para criticar o governo Dilma…

Fonte: Blog do Dirceu