Sem dinheiro, Direção da Verdade suspende trabalhos no Paraguai

A Direção Geral da Verdade, Justiça e Reparação do Paraguai, responsável pela exumação de vítimas da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), informou nesta segunda-feira (10) que não pode continuar o seu trabalho, porque segue sem receber os recursos públicos previstos. 

“A quantia de cerca de 170 mil dólares está em poder do Ministério da Justiça e do Trabalho, responsável por lançar as operações de busca”, informou à agência de notícias EFE a presidenta do organismo, Judith Rolón.

Após vários dias reclamando o desaparecimento do dinheiro, a Direção Geral da Verdade, Justiça e Reparação foi informada, na última sexta-feira (7), pelo Ministério da Fazenda, que o dinheiro estava nas mãos do Ministério da Justiça e Trabalho.

“A Fazenda nos comunicou que transferiu o montante à Justiça e Trabalho e nós demandamos que movimente o dinheiro e convoque a equipe nacional de busca”, disse Judith. Segundo a lei paraguaia, corresponde ao ministério tramitar os fundos e destiná-los para a Equipe Nacional de Pesquisa, Busca e Identificação (Enabi).

O Ministério da Justiça e do Trabalho é responsável pela elaboração do programa de trabalho de campo e coordená-lo com outras instituições estatais e estrangeiras, tais como a Equipe de Antropologia Forense da Argentina.

Desde abril de 2013, o Enabi tem exumados os restos mortais de 22 pessoas que, em muitos casos, não podem ser identificados por causa da falta de fundos para pagar a equipe forense argentina.

A Comissão da Verdade e Justiça, antecessora da Direção Geral da Verdade, Justiça e Reparação, constatou que 425 pessoas foram executadas ou desapareceram de maneira forçada e que quase 20 mil presos foram vítimas de tortura durante a ditadura de Stroessner.

Os crimes cometidos durante o regime de Stroessner no Paraguai permanecem impunes após 25 anos de sua queda (1989), quando um golpe militar comandado pelo general Andrés Rodríguez, levou o país a um processo de transição e permitiu a participação popular em eleições livres.

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias