Dilma lamenta ato racista contra jogador Tinga em jogo no Peru

A presidenta Dilma Rousseff lamentou nesta quinta-feira (13) os atos de racismo praticados pela torcida do Real Garcilaso, na cidade de Huancayo, no Peru, durante o jogo desta quarta-feira (12), válido pela Copa Libertadores. Sempre que Tinga tocava na bola, a torcida peruana fazia sons imitando macaco.

“Foi lamentável o episódio de racismo contra o jogador Tinga, do Cruzeiro, no jogo de ontem, no Peru". Ao sair do jogo, Tinga disse que trocaria seus títulos por um mundo com igualdade entre as raças. "Por isso, hoje o Brasil inteiro está #FechadoComOTinga", escreveu a presidenta em sua conta no Twitter. (Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil)

“Acertei com a ONU [Organização das Nações Unidas] e a FIFA [Federação Internacional de Futebol], que a nossa #CopaDasCopas também será a #CopaContraORacismo, porque o esporte não deve ser jamais palco para o preconceito”, concluiu Dilma.

A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) informou, também por meio do Twitter, que considera a situação inaceitável e julgará o caso e possíveis sanções. Tinga entrou em campo no segundo tempo da partida, perdida pelo Cruzeiro por 2 a 1.

Tinga afirma: "Trocaria todos meus títulos por igualdade"


Mais do que a derrota para o Real Garcilaso, por 2 a 1, o momento mais infeliz da passagem do Cruzeiro pelo Peru envolveu o volante Tinga. Quando o camisa 7 tocava na bola, os torcedores da equipe peruana imitavam macacos.

Na saída de campo, Tinga comentou sobre os atos de racismo. “A gente fica muito chateado, tenta esquecer ali dentro, tenta competir, mas a gente fica muito chateado de acontecer isso em pleno 2014, acontecer uma coisa dessa em um país tão perto da gente. Infelizmente aconteceu. Eu joguei alguns anos na Alemanha e nunca aconteceu isso e, de repente, aqui, um país tão próximo, tão parecido com a gente, cheio de mistura, acontece uma coisa dessas”, afirmou, em entrevista à TV Globo.

“Eu queria, se pudesse não ganhar nada e ganhar este título contra o preconceito, eu trocaria todos os meus títulos por uma igualdade em todas as áreas, em todas as classes”, acrescentou o volante cruzeirense.

Aos 36 anos, o volante do Cruzeiro ressaltou que a atitude da torcida em Huancayo, no Peru, foi algo inédito em suas participações na Copa Libertadores. “Confesso que fiquei surpreso. Já é minha oitava Libertadores e nunca tinha acontecido isso. Fico bem chateado”, lamentou, em entrevista à Rádio Itatiaia.

“No começo, achei que era por já ser conhecido de outras Libertadores. No começo, achei que era isso. Depois que vi que eram insultos racistas. Fiquei um pouco chateado, mas estamos focados em ganhar. A gente fica bem chateado. Queria dar uma resposta dentro de campo. Joguei quatro anos na Alemanha, nunca aconteceu isso. De repente, num país tão próximo, tão parecido com a gente pela mistura, acontece isso”, complementou o camisa 7 do Cruzeiro.

Tinga entrou no segundo tempo da derrota para o Real Garcilaso. Os sons racistas não aconteceram com outros jogadores negros do Cruzeiro. Durante a partida, a equipe não reagiu, mas os companheiros, o treinador Marcelo Oliveira e o diretor Alexandre Mattos demonstraram revolta com a atitude da torcida adversária.

Com informações da Agência Brasil e Superesportes