Jandira Feghali: Pela democracia, contra a violência

Os ventos sopram contra a chama da liberdade de expressão e manifestação.

O caso da morte do cinegrafista Santiago Andrade, um trabalhador da comunicação brasileira, abre uma série de importantes questões. Isso ocorre não só pela História que o Partido Comunista do Brasil constrói no Nosso país, mas por ser um valor fundamental ao povo. Não abrimos mão deste importante instrumento da democracia.

Este princípio vale com igual força para outros partidos e democratas que enfrentaram a maior barbárie que este país já vivenciou em seu solo, que é a violência de Estado executada pela Ditadura Militar. No ano que completamos 50 anos de vivência deste triste capítulo, é importante que tenhamos em nossos corações e mentes uma posição muito clara: que nunca se repita o que ocorreu em 1964.

E é desta reflexão que chamamos a atenção para o foco da luta legítima de nossa sociedade, que toma as ruas sem violência e, de forma pacífica, reivindica mais direitos. É por conta desta liberdade conquistada com muito esforço que devemos contrapor, em voz uníssona, todos aqueles que irresponsavelmente se utilizam de instrumentos que podem gerar danos ou mesmo a morte. Essas ações não tem o apoio da maioria, afastam o estudante, o trabalhador e o movimento social das ruas e desvirtua a pauta que deve protagonizar as manifestações. Expressamos por isso nossa solidariedade à família e amigos de Santiago.

Mas não podemos em nenhuma hipótese aceitar que, a ação dessas minorias sirva à manipulação e justifique o fortalecimento de uma direita reacionária e a aprovação de leis restritivas à liberdade e democracia, como a chamada Lei antiterrorismo, baseada em leis fascistas internacionais, cujo objetivo central seja a criminalizarão da atuação política e dos movimentos sociais. Precisamos investigar e punir culpados pela morte de pessoas, mas isto deve valer também para o violência de Estado que ceifa vidas quase que diariamente, sem repercussão na mídia, dando segmento à ideologia de Segurança nacional. Devemos ainda voltar nossos olhos e esforços para combater aqueles que alimentam a “cultura da barbárie”, que teimam em fazer justiça seja pelas próprias mãos – e pela própria ótica – agredindo gays, índios, e moradores de ruas, minorias de uma jovem nação como a nossa.

Nossa luta é pela democracia, pela liberdade de expressão, de manifestação, de comunicação e de organização, mantendo o povo nas ruas, junto de suas pautas. Não podemos dar conforto aos que não conseguem viver com a democracia e objetiva impedir as vozes do povo.

Nossa solidariedade a todos aqueles que lutam pela liberdade, sem violência de parte alguma, seja de provocadores, seja de Estado – esta última, sem traço algum de igualdade com outras formas de violência.

Jandira Feghali é presidente interina do PCdoB-RJ e líder da bancada do Partido na Câmara Federal.