Comunistas apoiaram Copa de 1950 no Brasil

Em artigo publicado nesta sexta-feira (21) pelo jornal conservador paulistano de economia, Valor Econômico, a editora de política e colunista do veículo, Maria Cristina Fernandes, faz um recorte histórico – sob seu ponto de vista – da situação social e política brasileira pré-copa de 1950.

Maria Cristina assinala a repressão que militantes do Partido Comunista do Brasil sofreram nas manifestações que antecederam a eleição daquele ano, que elegeria Getúlio Vargas.

"Jovens militantes tiveram os fios de seus alto-falantes desligados pela polícia na Central do Brasil ao iniciarem a campanha de recolhimento de fundos para seu candidato. Jovens esquerdistas em passeata contra o que consideravam entreguismo da política externa foram presos em frente ao Itamaraty", descreve.

Segundo ela, os militantes reprimidos pela polícia faziam campanha pelo brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN. A passeata contra a comitiva americana era liderada por simpatizantes do Partido Comunista" (Na época PCB, ou Partido Comunista do Brasil).

Segundo conta, o Brasil aceitou a sediar a copa de 1950 quatro anos antes, quando a Europa ainda se encontrava em ruínas por conta da Segunda Guerra Mundial. O futebol, embora bastante popular, ainda não era esporte mais apreciado pela imprensa, que dava muita atenção ao turfe. "As obras tardaram e as seis cidades-sede apenas se definiram três meses antes do evento", conta.

Parte da imprensa também combateu a Copa. Embora não existisse a mercantilização atual no futebol, os jornais reclamaram de modo menos barulhento dos gastos, que segundo a editora teriam sido "70 vezes menores que os de hoje. O país era 21 vezes mais pobre e tinha uma gente que vivia até os 43 anos (ante 74 hoje), sendo metade analfabeta, fatia quase sete vezes maior que a de agora".

"O Maracanã foi uma batalha travada entre Carlos Lacerda, então vereador da UDN, e o prefeito nomeado do Distrito Federal, general Ângelo Mendes de Morais, a quem acusaria de ser o mentor de um dos atentados que sofreria durante a pendenga" conta Maria Cristina, que também descreve o apoio dos 18 vereadores do PC do Brasil no Rio de Janeiro – liderados por Aparício Torelly, o 'Barão de Itararé' –, que perfilaram-se junto ao compositor de Aquarela do Brasil, Ary Barroso, em defesa da construção do Maracanã.

"Em artigo na imprensa sindical, João Guilherme Vargas Neto disse que aquela foi a primeira batalha da guerra fria no Brasil. O envolvimento dos vereadores comunistas com o Maracanã foi uma de suas últimas batalhas públicas antes da cassação do partido, feito resultante da mensagem presidencial em que Dutra pedira poderes antibaderna", descreve Maria Cristina.

Do Portal Vermelho, com informações do Valor Econômico