Eleições na França castigam Hollande em meio a enorme abstenção

Esquerda francesa faz balanço positivo e espera ganhar diversos municípios no segundo turno das eleições municipais realizadas no último domingo (23). O Partido Socialista, de cunho social-democrata, sofreu uma queda em sua votação, em parte fruto da rejeição da política levada a cabo pelo presidente do país, François Hollande. Além do repúdio dado ao PS, observou-se uma ligeira progressão da direita e uma abstenção recorde.

Setores de direita, como a Frente Nacional, criado pelo neofascista Jean Marie Le Pen e que hoje é liderado por sua filha, Marina, obteve cerca de 7% dos votos, enquanto. Já o partido de centro-direita UMP, na oposição, também reclamou uma “grande vitória”, com estimativas iniciais a apontarem conquistas importantes nas eleições, face à forte desilusão com o governo de Hollande, num cenário de crescimento perto de zero e de elevado desemprego.

O repúdio à falta de políticas sociais de Hollande não foi traduzido por apoio em massa aos partidos de esquerda consequentes. De acordo com uma pesquisa, o UMP e aliados arrecadaram 48% dos votos a nível nacional, enquanto o Partido Socialista e aliados tiveram 43% dos votos. Já a Frente Nacional conquistou sete por cento – um valor muito superior aos 0,9 por cento que obteve na primeira ronda das eleições autárquicas de 2008.

“Alguns eleitores expressaram as suas preocupações, e mesmo as suas dúvidas, abstendo-se ou através do seu voto”, afirmou o primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault.

O maior problema, no entanto, não é o crescimento dos partidos de direita, mas a abstenção cada vez maior que caracteriza as democracias burguesas europeias. Mais de 35% dos franceses em condições de votar não compareceram às urnas, um recorde nas eleições municipais do país.

Esquerda tem boas perspectivas

Num comunicado divulgado no domingo, o Partido Comunista Francês destaca que os resultados alcançados demonstram que na grande maioria das comunas existem candidatos do PCF com boas perspetivas de vitória. “As listas lideradas pelo PCF e pela Frente de Esquerda superaram as listas do PS em “Saint-Denis, Bagnolet, Ivry, Chevilly Street, Saint Martin d'Heres”. O partido realça ainda que conquistou 12 novos municípios na primeira volta, mantendo-se para a segunda volta em 94 comunas, sendo favorito em 32 cidades”.

O Parti de Gauche (PG) de Jean-Luc Melénchon saudou “a excelente performance das listas da Frente de Esquerda” na primeira volta das eleições municipais. “Os primeiros resultados e projeções que nos chegaram demonstram uma boa performance das listas autônomas [do PS] da Frente de Esquerda”.

A coligação de esquerda obteve resultados com dois dígitos em muitas cidades como são exemplo Rennes 15%, Palaiseau 17% e Les Lilas 14%. Em Dieppe, a aliança ampliada com o Partido Verde obteve 45% vencendo logo no primeiro turno e em Grenoble segue em primeiro para o segundo turno, ultrapassando a coligação PS/PCF.

Para Melénchon, estes resultados demonstram que “a Frente de Esquerda é a alternativa dinâmica a um PS insolvente”.

Nestas eleições está em jogo a eleição de 36 mil autarquias para as aldeias, vilas e cidades em França.

O número de candidatos estrangeiros, nas cidades com mais de 1.000 habitantes, provenientes da União Europeia, é de 2.743, dos quais 752 têm apenas nacionalidade portuguesa. Seguem-se os belgas com 406 e os britânicos com 389 candidatos.

Com informações do Esquerda.net