2º Encontro da CTB-MG defende mais mulheres no poder

A mulher brasileira precisa ocupar, cada vez mais, espaços na sociedade. Porém, esses espaços não são dádivas, mas conquistas. Com essas palavras, o presidente CTB Minas, Marcelino da Rocha, abriu o 2º Seminário Estadual de Mulheres da entidade, na manhã da última quinta-feira (27), no auditório do Sindicato dos Vigilantes de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

ctb - Arquivo/CTB

O presidente da CTB-MG também disse que o encontro não pode ser apenas para apresentar constatações e dificuldades sobre a exclusão da mulher na vida política, econômica e social do país. “Este encontro deve servir, fundamentalmente, para aprovarmos encaminhamentos e diretrizes voltados à inclusão, promoção e valorização da mulher”.

Ele recomendou às mulheres que, ao não enxergarem espaços para se apresentarem à sociedade, “não esperem e arrobem a porta”.

“Queremos que esses espaços sejam preenchidos com a competência, clareza e credibilidade que as mulheres transmitem nas suas mensagens de conscientização do povo brasileiro. Contem com a CTB para abrir e ocupar espaços que estão colocados na sociedade”, concluiu.

O vice-presidente do Sindicato dos Vigilantes de Minas Gerais, José Carlos de Souza, deu as boas-vindas aos participantes do encontro em nome da entidade, da Federação Interestadual dos Vigilantes e da futura confederação nacional dos vigilantes, que está sendo criada. “Saudamos a todos e todas e esperamos debater e buscar soluções para as diversas questões que dizem respeito à mulher trabalhadora”.

José Carlos contou que existe uma campanha nacional, entre os sindicatos representativos dos vigilantes, que visa inserir nas convenções coletivas de trabalho cláusulas que valorizem a mulher e estabelecer percentuais para a contratação de mulheres vigilantes pelas empresas do setor.

“Hoje, o número de mulheres nas empresas de vigilância ainda é muito pequeno. Para mudar esta realidade, em Minas temos mantido contatos com parlamentares para criarem leis que estabeleçam percentuais mínimos de contratação de mulheres nos concursos públicos estadual e municipais. Também temos feito gestões junto às empresas no sentido de ampliar o número de mulheres contratadas”, afirmou o vice-presidente do Sindicato.

Luta de todos

O vereador de Belo Horizonte Gilson Reis (PCdoB), que também participou da abertura do evento, avaliou como positivos os avanços obtidos pelas mulheres brasileiras nos últimos anos. “Hoje, por exemplo, as mulheres já são maioria nas universidades federais do País nos cursos de mestrado e de doutorado. Temos vários indicadores positivos que vêm acontecendo em função da luta e da organização das mulheres em nosso País”, disse.

No entanto, o vereador considera que é preciso e possível se avançar ainda mais. “Infelizmente, ainda existem muitos indicadores extremamente negativos, como a violência, que atinge boa parte das mulheres, e no mundo do trabalho, cujas mulheres ainda são discriminadas e recebem menos que os homens. Mas penso que a organização e as propostas que a CTB têm feito, como debates, palestras e seminários, ajudam a reforçar e a avançar nesta luta de forma organizada”, afirmou.

Para Gilson Reis, a realização de debates como este estimula outras pessoas a participarem, tanto homens quanto mulheres, pois “esta é uma luta de todos, sociedade e trabalhadores”.

“Esses encontros ajudam a colocar as bandeiras das mulheres na ordem do dia. Espero que neste a gente possa tirar encaminhamentos positivos para continuarmos avançando na nossa luta de homens e mulheres por uma sociedade democrática e livre”, finalizou.

Favor X conquistas

A secretária nacional de Formação Sindical e Cultura da CTB, Celina Arêas, ressaltou a importância de, no nome da central, constar a palavra “trabalhadoras” e de o Estatuto da entidade estabelecer o percentual mínimo de 30% de participação de mulheres na sua direção. No entanto, ela considera que isso ainda é pouco.

“Se a gente não lutar e não se convencer disso, fica parecendo que é um favor a mulher ocupar espaços na política e em qualquer poder. E isso não é um favor, mas temos que fazer por onde. Temos que ter clareza de que nada é impossível de lutar”, enfatizou a dirigente nacional da CTB.

Celina observou que a participação da mulher ainda é pequena nas casas legislativas, municipais e estaduais, no Executivo e nos movimentos sindical e popular. “Quando entra a questão do poder, a mulher, em sua maioria, ainda está em último lugar. Espero que aqui a gente tire propostas possíveis de serem implementadas, mas que a luta seja nossa palavra de ordem em todos os momentos que a gente viver nesta central e nos movimentos em geral”.

Debates

Após a abertura, foram realizadas palestras com o temas “A saúde da mulher trabalhadora”, com a coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador, Marta de Freitas, e “A mulher no mundo do trabalho”, feita pela secretária nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial da CTB, Mônica Custódio.

Agora à tarde, serão debatidos temas relacionados à emancipação feminina e à participação da mulher na política. Também será apresentada uma encenação teatral com o grupo “Nós de Teatro” e realizada uma caminhada da sede do Sindicato até “Casa dos Direitos Humanos”.

Fonte: CTB-MG