Clima pode impactar em até 2% o PIB mundial, diz cientista da ONU

O aquecimento global pode causar perdas entre 0,2% e 2% do PIB dos países se as temperaturas subirem perto de 2°C. O impacto dependerá do padrão de desenvolvimento de cada nação, da concentração de renda, do grau de pobreza, da exposição ao risco das populações e de muitos outros fatores ligados à capacidade de adaptação aos fenômenos climáticos. 

As as afirmações foram apresentadas pelo PCC, o braço científico das Nações Unidas, em relatório sobre impactos, adaptação e vulnerabilidades à mudança do clima lançado ontem, em Yokohama, no Japão.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o o físico e meteorologista José Marengo, um dos 1.729 autores do relatório e o único representante do Brasil na conclusão do sumário para formadores de políticas, afirmou "Todos serão afetados. Já estão sendo".

De acordo com o cientista, países de forte economia agrária sofrerão significativo impacto. "A mudança do clima pode ser perigosa para culturas da cesta básica mundial, como batata, milho e trigo. Essas culturas estão em risco", diz. A boa notícia é que, com adaptação, a agricultura pode ter ganhos se trabalhar com espécies mais resistentes à seca ou escassez hídrica.

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"A mudança climática não cria o problema social, mas agrava o que já existe", explica Marengo. Ele indica que haverá impactos na saúde, com infartos e doenças respiratórias mais recorrentes. 

Para Marengo, o planejamento no Brasil tem que focar a segurança hídrica, alimentar e energética. "Veja, a seca no Nordeste afeta mais a agricultura familiar porque a agricultura industrial usa técnicas de irrigação com muito investimento e a familiar, não. Os grupos mais vulneráveis são geralmente os mais marginalizados e pobres, mulheres e crianças. Em muitos lugares a mulher fica em casa, não sai, e não percebe que há uma enchente acontecendo lá fora. São as que mais morrem nos desastres naturais", explica.

Da Redação.
Com informações do Valor Econômico