Gilson Reis homenageia trabalhadores perseguidos pela ditadura

O vereador Gilson Reis (PCdoB-BH) realizou na última sexta (28) um grande ato, na Câmara Municipal de BH, para homenagear os trabalhadores que sofreram com a repressão da ditadura. Os defensores da liberdade receberam um diploma em reconhecimento à resistência e luta contra a ditadura, que perseguiu e os torturou durante os anos do regime. 

Entre os homenageados Apolo Heringer, Carlos Melgaço Valadares, Michel Le Ven, Fernando Pimentel, Jô Moraes, Magda Neves, Mônica Fonseca e Nilmário Miranda, integraram a lista. Para o vereador Gilson Reis a homenagem é justa e repleta de simbolismo. “Não podemos esquecer nem calar a voz daqueles que viveram na pele um período difícil e a homenagem é uma iniciativa para resgatar a história desses defensores da democracia que se dedicaram e se sacrificaram na construção de um país democrático”, declarou.

Algumas histórias como do mineiro Luiz Carlos Bernardes, que foi preso em 1971 e passou pelo Dops-SP, onde foi submetido a diversas formas de torturas sendo encarcerado por dois anos ou o de Gilse Cosenza, estudante de Serviço Social, na época, e mãe de uma filha recém-nascida quando foi presa e torturadas inúmeras vezes foram relembradas durante a atividade.

Em um depoimento Gilse se recorda de uma ameaça. “Imagina, você amarrada, a gente bota a menina numa banheirinha cheia de gelo. Quanto tempo será que leva para ela virar picolé? Eu nunca botei uma criancinha no pau de arara, nem dei choques…será que um choque só mata?”, disse-lhe um sargento em uma das sessões de tortura.

Casos de crianças usadas em torturas foram revelados recentemente em várias séries de reportagens e enchem a população de revolta. Mas a ditadura não ficou no passado é o que lembra o vereador Gilson Reis. “Após 50 anos o “espírito” da ditadura permanece na sociedade brasileira. Vimos demonstrações dela infiltrada nas passeatas de junho de 2013 e até hoje. Então a homenagem além de um reconhecimento pela luta dos brasileiros, dos mineiros que ousaram, sofreram e lutaram contra um regime fascista é também um grande alerta para que essas vozes não reapareçam” completou.

Solenidade

A solenidade emocionou os presentes. O vereador Gilson agradeceu a presença de todos e destacou a luta das famílias de desaparecidos que ainda procuram seus familiares. ’A homenagem para os 50 é simbólica, mas representa muitos que não estão aqui, pois quantos, ainda, as suas famílias não conseguiram enterrar? Em nome dessas pessoas e de cada um de vocês é que estamos aqui hoje. É uma celebração e para reafirmar a vocação de cada um pela democracia, pela soberania desse país que amamos e de uma sociedade que trabalhamos”, declarou Gilson.

O parlamentar também lembrou de acontecimentos recentes que ferem a memória de quem lutou pelo democracia no Brasil, como o torturador que declarou em depoimento o fato de ter matado vários perseguidos políticos e marchas pró-ditadura que ocorreram pelo país. “Não podemos ser coniventes com torturadores como surgiu na imprensa em março um torturador que admitiu ter matado varias pessoas. Em cada noite de nossas vidas, devemos reafirmar que essas pessoas não podem ficar impunes e o discurso de João Goulart ainda ecoa em nossas vidas. Mudamos o nome do viaduto de um general que deu o golpe para uma pessoa que lutou contra isso”. Disse o vereador lembrando a aprovação da mudança do viaduto Castelo Branco (o primeiro presidente da ditadura) pelo nome de Dona Helena Greco, primeira vereadora eleita na capital mineira que lutou contra a ditadura.

Durante solenidade o músico Amon Siqueira acompanhado do violonista Roberto Mauro cantou “Viva Zapátria” cujo autor, Sirlan de Jesus, também homenageado no ato, estava presente e emocionou os presentes. A solenidade contou ainda com a apresentação dos artistas Gedeon Messias e Ionele Di Estefano que realizaram uma performance onde foi declamado o Estatuto do Homem de Thiago de Mello.

Em nome dos homenageados Gilce Cosenza, proferiu as palavras em agradecimentos. “Não enxergamos como uma homenagem pessoal, mas sim como um reconhecimento àqueles que sobrevieram para continuar lutar e aqueles que deram sua vida pela democracia. A historia é a propriedade e direito de um povo e todo dominador quando quer dominar um povo tenta apagar a historia desse povo e nos temos que resgatar essa história, essa memória, o sonho que sonhamos naquela época não era só pra acabar com a ditadura, mas para criar um pais mais justo, e democrático” finalizou emocionada.

Fonte: Site do vereador Gilson Reis