Cubana que abandonou Programa Mais Médicos se muda para os EUA

Pouco mais de um mês após abandonar o Programa Mais Médicos, pedir asilo político ao governo brasileiro e ser contratada pela Associação Médica Brasileira (AMB), a médica cubana Ramona Rodriguez pediu demissão e embarcou para os Estados Unidos.

Até agora, Ramona foi a única profissional a deixar o Programa alegando problemas políticos e descontentamento com as regras do convênio firmado entre o governo brasileiro, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e o governo cubano. Informações extraoficiais dão conta de que apenas uma pequena parte do pagamento mensal de R$ 10 mil ficaria com o médico, outra parte seria transferida diretamente para a família do profissional em Cuba e a maior parte ficaria com o governo da ilha.

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Coincidência ou não o fato é que, ao mudar em tão pouco tempo para os Estados Unidos, volta a pairar sobre o caso a denúncia feita pelo Blog Tijolaço ainda em fevereiro deste ano, de que, na verdade, Ramona menos do que ganhar mais no Programa Mais Médicos queria mesmo era viver com um suposto namorado em Miami, nos EUA. Além disso, ela teria recebido orientações do deputado federal oposicionista Ronaldo Caiado, do DEM de Goiás, para "montar uma farsa”.

À época, a médica, que trabalhava no município de Pacajá, no Estado do Pará, alegou que resolveu sair do programa após descobrir que outros médicos estrangeiros contratados para trabalhar no Brasil ganhavam mais do que os médicos cubanos contratados. Em entrevista à imprensa, no gabinete do deputado Caiado, ela anunciou seu pedido de asilo no Brasil.

"A dra. Ramona se aproveitou da simpatia que lhe teve uma senhora, prestadora de serviços ao ‘Mais Médicos’, para encontrar acolhida em Brasília. Dizia sentir-se só e foi recebida por ela em sua casa, num rasgo de solidariedade. Depois de um fim de semana, como planejado, foi à embaixada americana [estadunidense] pedir para ser acolhida naquele país, para surpresa da amiga que, então, disse que, para isso, sua casa não era abrigo”, denunciou o blog.

Em comunicado, a AMB informa que, durante o período em que esteve contratada, Ramona aguardou pela resposta do governo brasileiro ao pedido de asilo político, solicitado por intermédio da AMB. "A partida para os Estados Unidos motivou-se pelo apoio do governo americano [estadunidense] a profissionais da saúde cubanos em situação de instabilidade com o regime político da ilha. O pedido de asilo, solicitado de forma independente pela própria médica, foi autorizado e Ramona desembarcou em Miami, Flórida, na manhã do dia 31 de março”.

Fonte: Adital