Arena Pantanal passa por avaliação de torcedores e jogadores

Gramado e modernidade do estádio receberam elogios. Iluminação e lixeiras em quantidade insuficientes foram apontadas como áreas a serem aprimorados. Secretário de Copa prometeu soluções para o próximo teste.

No primeiro jogo da Arena Pantanal, faltou o balançar das redes. Mixto e Santos fizeram, nesta quarta-feira (2), a partida de ida da primeira fase da Copa do Brasil e não saíram do 0 a 0. Mas a ausência de gols deu espaço a outros protagonistas em uma noite histórica e muito especial para os mato-grossenses. A beleza da arena, a ótima condição do gramado, o orgulho dos torcedores, a empolgação dos jogadores e o aprendizado para a realização de ajustes foram os pontos altos deste primeiro teste da arena de Cuiabá para a Copa do Mundo.

Muitos torcedores se disseram encantados com a nova arena. O radialista Natal de Oliveira, por exemplo, acredita que um estádio bem mais moderno pode reerguer o futebol do estado. "A gente tem que dar prioridade aos nossos times, temos que alavancar o nosso futebol. O torcedor cuiabano estava dormindo e agora tem uma nova realidade. Isso é um marco, e nossos dirigentes têm que dar mais incentivo e trazer bons jogadores”, opinou.

Torcedor do Mixto, Natal contou que ele e a turma de amigos faziam caravanas rumo ao antigo estádio aos domingos, especialmente quando a atração era o Clássico dos Milhões, contra o grande rival Operário. “O Verdão era bonito, mas agora está mais ainda”, conta, com a expectativa de voltar a frequentar o estádio com a mesma animação de décadas atrás.

Os santistas que moram em Mato Grosso também estavam entusiasmados. Nas arquibancadas, as camisas do Peixe apareceram em peso. Pelo menos sete delas eram dos amigos de Jakson de Castro. Uma medida da paixão do mecânico pelo Santos pode ser dada em quilômetros: cerca de 220, a distância percorrida desde a casa dele, em Rondonópolis, até o estádio. “A gente é apaixonado pelo Santos. Viemos para cá por ele e por causa dessa arena enorme. A gente nunca tinha visto algo assim e estava curioso”, contou.

Primeiras impressões

A empolgação de Thiago Torres também estava nas alturas. Enrolado na bandeira do Mixto, o analista de sistemas aprovou a construção da Arena Pantanal e espera ver o time jogando no novo estádio pelo menos na Série B. No jogo-teste desta quarta, ele se encantou com o visual da arena, mas fez uma observação. “A iluminação aqui fora poderia ser melhor. Tem partes escuras”, pontuou.

Alexsander Vieira também veio de preto e branco – as cores dos dois times em campo – , mas com a camisa de um time de Minas. “Sou torcedor do Atlético Mineiro e moro em Cuiabá desde 1992. Trabalho aqui perto, sofri com a obra e não podia deixar de estar aqui hoje, apoiando o time local. Está muito bonito, mas senti falta de lixeiras. É uma coisa simples e deveria estar aqui por todos os lados”, observou o comerciante.

As questões apontadas pelos torcedores, segundo o secretário extraordinário de Copa de Mato Grosso, Maurício Guimarães, serão resolvidas para o próximo jogo, em 26 de abril, entre Luverdense e Vasco. “Realmente não havia lixeiras suficientes, mas já estão sendo providenciadas. No próximo jogo não haverá esse problema. Em relação à iluminação externa, somente 50% do sistema estava ligado e isso estará equacionado para o dia 26”, explicou.

Área interna

A previsão de abertura dos portões era para 17h, mas houve atraso em função da demora na instalação dos validadores dos ingressos, segundo o secretário de Copa. Nada que tenha provocado tumulto ou filas longas, de acordo com os voluntários que orientavam a entrada do público. Dentro do estádio, celulares e câmeras registravam o primeiro contato com a arena. Os quase 20 mil espectadores ocuparam o anel inferior, onde as cadeiras em diferentes tons de azul já estão instaladas. Os assentos foram um dos grandes atrativos para os torcedores. Em campo, o que chamou mais atenção foi o gramado.

“Já joguei em outras partes do país e na Europa e posso dizer que ninguém vai poder reclamar do gramado, está excepcional. O estádio está ficando maravilhoso, o público fica bem perto do campo, a iluminação faz parecer que está de dia. Fico lisonjeado de estar participando da história de Cuiabá”, disse o meia do Mixto, Ruy.

Nem precisa ser jogador para perceber que a bola rolou tranquilamente no tapete verde da Arena Pantanal. E teve até gente que gostou da ausência de gols. “Acho que o Mixto não é tão forte quanto o Santos, então o 0 x 0 ficou de bom tamanho”, disse Edenice Ramos. A professora adorou o estádio, mas fez uma ponderação sobre a limpeza da arquibancada . “A arena é maravilhosa, amei tudo, só a limpeza que podia ter ficado melhor”, acrescentou a professora.

No intervalo, as filas dos bares ficaram grandes, mas os torcedores que conversaram com a reportagem relataram esperas de 10 a 15 minutos, consideradas tranquilas. A estrutura dos banheiros foi elogiada, mas houve torcedora que encontrou pias entupidas no banheiro feminino.

“Não conseguimos dar a limpeza que queríamos em função da obra, da instalação das cadeiras. Quanto às pias, serão todas revisadas para que isso não aconteça. Essas que ficaram entupidas não ficarão mais, mas pode ser que outras apareçam no dia 26. Para isso servem os eventos-teste, para fazer esses ajustes”, disse o secretário Maurício Guimarães, quando informado dos problemas pontuais encontrados pelos torcedores.

Os vestiários foram aprovados pelos jogadores do Mixto, mas o técnico do Santos, Oswaldo Oliveira, disse que eles ainda precisam de cuidados. As observações dele serão levadas em conta para a realização de adequações, de acordo com o titular da Secopa-MT.

Avaliação geral

A avaliação geral dos espectadores foi positiva, assim como o balanço feito pela secretaria de Copa. “Fiquei muito satisfeito com o resultado. Ao final, a arena demonstrou que tem ótima capacidade de evacuação: em menos de três minutos, já não tinha gente aqui dentro, salvo aqueles que ficaram para tirar fotos. Mas ainda faltam coisas para acertar. Isso é normal, tendo em vista que é a primeira operação e que a arena não está finalizada. Falta concluir a instalação das cadeiras no anel superior e a automação da arena. Amanhã teremos uma avaliação da mobilidade na saída dos torcedores. Os bolsões de estacionamento funcionaram muito bem na ida”, disse Maurício Guimarães. O secretário também informou que a diretoria do Santos demonstrou interesse em mandar pelo menos três jogos ao longo deste ano na Arena Pantanal.

O jogo

Em uma noite em que o palco chamou mais atenção que o espetáculo, o Santos foi mais ofensivo e criou várias oportunidades de gols, mas sem sucesso na finalização. O Peixe poupou jogadores para a disputa da final do campeonato paulista, contra o Ituano, no próximo domingo e, por isso, entrou em campo com apenas três titulares: ogoleiro Aranha e os laterais Cicinho e Mena.

O atacante Diego Cardoso e o meia Lucas Lima tiveram boas chances, mas quem chegou mais perto de marcar foram os volantes Allison, no primeiro tempo, e Alan Santos no segundo: cada um acertou um chute de fora da área no travessão. As outras tentativas pararam nas mãos do goleiro Igor, o grande destaque do Mixto na partida. A equipe local não levou perigo real à meta santista e o empate sem gols foi comemorado pela equipe.

“Foi um dia especial. Adorei a acústica, aquele barulho da torcida é gostoso, só quem está dentro de campo consegue sentir isso. Aquilo me arrepiou. Eu estou tratando de lesão, mas cada vez que sentia uma dor, olhava para a arquibancada e aquilo me dava um ânimo a mais para continuar. Saio daqui muito feliz por não ter levado gols, da mesma forma que um atacante quando faz o gol e sai com a vitória, é o mesmo sabor”, disse Igor.

Mixto e Santos fazem o segundo jogo da primeira fase da Copa do Brasil em 16 de abril, na Vila Belmiro.

Fonte: Portal da Copa