Lula: Minha candidata é a Dilma Rousseff

O ex-presidente Lula concedeu entrevista nesta terça-feira (8) para blogueiros e jornalistas da mídia alternativa. Além das perguntas dos convidados, também foram feitos questionamentos enviados por internautas. Lula botou um ponto final no boato de que poderia voltar a concorrer à Presidência e respondeu questões que trataram de diversos assuntos, especialmente sobre economia, saúde, ataques da oposição e qualidade de vida do brasileiro.

Ramon de Castro, para Rádio Vermelho

“Eu não sou candidato. Minha candidata é a Dilma Rousseff. E eu conto com vocês para divulgar isso e acabar com essa boataria”, deste modo o ex-presidente começou a coletiva que aconteceu no Instituto Lula em São Paulo. A coletiva foi transmitida ao vivo pela internet e assistida por mais de dez mil conexões.

Perguntado sobre os protestos que ganharam destaque em junho do ano passado e que questionavam principalmente a representatividade política, Lula lembrou que já foi tentado um projeto de reforma política, mas foi barrado. “Em 2008 encaminhamos um projeto de reforma política que estabelecia o financiamento público das campanhas, assim todos podem fiscalizar quanto cada candidato recebe, de forma mais justa, e fazer os questionamentos a partir disso”, falou.

Segundo o ex-presidente, essa seria a reforma mais importante para o país conquistar todas as outras reformas de fato. “A principal reforma é a política, é o que mais precisamos, mas esse atual Congresso não o fará”, disse. E deu uma solução para o entrave. “Sou favorável à formação de uma constituinte para a reforma política”, revelou.

Questionado sobre o “mensalão”, o ex-presidente respondeu com firmeza que espera que o PT tenha aprendido a lição. “O ‘mensalão’ deixou marcas profundas no partido.” E sobre a influência da grande mídia no resultado, Lula foi enfático. “A imprensa construiu o resultado desse julgamento desde o começo”, falou. “Essa história ainda vai ser recontada”, completou.

A Copa do Mundo também não fugiu da pauta e para Lula a competição só trará benefícios ao Brasil.
“Além de mostrar ao mundo que podemos fazer um evento desse porte, vamos adiantar diversas obras que sem o investimento que está havendo agora demorariam anos para acontecer”, contou.

Sobre os recentes ataques à Petrobras, o ex-presidente disse que a empresa não tem o que esconder e que não podemos aceitar essa manobra feita pela oposição por motivos meramente políticos. “Não podemos aceitar que a oposição, por causa da eleição deste ano, faça ataques à Petrobras”, disse Lula.

Ainda sobre a petroleira, o ex-presidente disse que a maior conquista do pré-sal foi que todo o lucro das reservas será revertido para a população. “Não podíamos permitir que esse bem do país acabasse nas mãos do investimento privado, como aconteceu no México”, contou.

Na economia, Lula ressaltou as conquistas dos governos de esquerda e que enquanto os países classificados de primeiro mundo estão em crise, as nações consideradas pobres estão crescendo. “Estamos há 11 anos aumentando a massa salarial e mantemos a inflação controlada, no meu tempo de sindicalista a inflação era de 80%”, disse. “Nenhum país tem a dívida pública a 57% do PIB como o nosso, a Itália tem 130% e os Estados Unidos mais de 100%”, falou.

Ainda sobre a crise econômica, o ex-presidente relembrou a contínua crise dos países imperialistas. “Os Estados Unidos não se recuperaram, a Europa também não. Os únicos que cresceram e continuam crescendo são os países da América Latina e África”, enfatizou. “Nosso comércio com a América Latina é maior do que com os Estados Unidos e Europa”, completou.

Sobre a reforma agrária, Lula afirmou que as conquistas foram muitas e que se deve sempre buscar mais. “Em 11 anos assentamos trabalhadores rurais em 49 milhões de quilômetros quadrados de terra. Isso equivale a 55% das terras exploradas desde o tempo colonial.”

Na questão da saúde, o ex-presidente acredita ser o ponto principal das campanhas estaduais e presidencial deste ano e reconhece que falta muito a se fazer. “Falta dinheiro para pagar melhor os médicos, as consultas e assim eles não precisam trabalhar em outros lugares”, disse. E ressaltou o programa do governo federal para levar atendimento médico a lugares de difícil acesso. “O Mais Médicos veio para escancarar a realidade de que faltam médicos no Brasil”, falou.

Tratando-se da educação, Lula ressalta o governo que mais investiu em programas de inclusão social nesse tema. “Construímos mais de dez universidades, centenas de escolas técnicas, são pessoas que devem reconhecer nosso esforço para todos terem acesso à educação”, contou.

Na melhoria da qualidade de vida, que está atrelada também ao aumento do acesso a bens e serviços através dos créditos, Lula disse que o mais importante foi ter superado o complexo de vira-lata. “Hoje o pobre pode pegar crédito no banco sem ser visto como bandido. Nós tínhamos uma elite que só valorizava como bom o que era de fora, mas agora todos tem orgulho do Brasil”, falou.

Ouça a coletiva na íntegra na Rádio Vermelho: