Rússia propõe criar alternativa a Tribunal de Haia

Os países da Comunidade de Estados Independentes (CEI) poderão criar uma corte análoga ao Tribunal Internacional de Justiça para uma investigação independente dos crimes das novas autoridades ucranianas. Essa proposta foi apresentada pelos deputados da Duma de Estado, o parlamento da Rússia.

Conflito de rua na Ucrania

Os deputados duvidam que o Tribunal Internacional de Haia esteja em condições de resistir às pressões dos países ocidentais liderados pelos EUA e que possa realizar uma investigação objetiva dos crimes de lesa-humanidade realizados pelas autoridades de Kiev.

A reação do establishment ocidental aos acontecimentos que ocorrem nas regiões do Leste e do Sul da Ucrânia não deixa margem para uma investigação justa e objetiva da morte de uma grande quantidade de pessoas em Odessa. Os parlamentares russos exigem igualmente um castigo justo para os culpados da morte de pessoas inocentes nas regiões do Leste e do Sul da Ucrânia.

Nessa situação a criação de um órgão alternativo de justiça internacional é vista como um passo totalmente justificável, declarou à Voz da Rússia o perito em direito internacional Vladimir Yurasov:

“Considerando os exemplos da Sérvia e da Albânia, a análise do conflito na Ucrânia, infelizmente e com uma grande dose de probabilidade, não será objetiva. Por isso, a própria ideia da criação de uma alternativa faz sentido. Contudo, aqui surgem muitas questões organizativas e financeiras. Se regularmos as diversas questões mais complicadas, já teremos alguma perspectiva.”

O membro do comitê da Duma para os assuntos da CEI Boris Komotski propôs aos seus colegas ir um pouco mais longe e formar um órgão judicial alargado, nele incluindo parceiros da Rússia de fora da Comunidade.

Vários peritos são da mesma opinião. Assim, o redator principal do site Terra America e perito em política internacional Boris Mezhuev pensa que um bom contrapeso à corte internacional europeia poderia ser o sua equivalente formado pela Rússia e por países da Ásia e, possivelmente, da América Latina:

“Em tempos nós nos aproximamos da Europa esperando que o espaço euro-atlântico seria isento de duplos critérios, mas se não o conseguimos construir aqui, então talvez noutro espaço que reúna a Rússia e os países asiáticos, e talvez também a América Latina, se possa estabelecer normas jurídicas únicas. Pelo menos em relação aos países e à sua soberania.”

O perito referiu igualmente que não se deve esperar um veredito justo da Corte Europeia de Direitos Humanos e da corte penal internacional de Haia ainda porque, apesar da sua anunciada independência e imparcialidade, esses órgãos judiciais seguem na esteira da civilização euro-atlântica que nem sempre é capaz de ter uma percepção correta dos seus vizinhos orientais.

Fonte: Voz da Rússia