RJ: Documentos de estudantes são encontrados em lixeira

A crise nas universidades fluminenses Gama Filho (UGF) e UniverCidade (UC) – ambas pertencentes ao Grupo Galileo Educacional – parecia estar chegando ao fim com o descredenciamento das duas instituições no último dia 14 de janeiro. No entanto, seus estudantes, agora realocados, passam ainda por inúmeras dificuldades, descasos e falta de informação.

Dcocumentos - UNE

A negligência com a formação de mais de 10 mil alunos é alarmante. Em 30 de abril deste ano, documentos de ex-estudantes da UC, unidade Madureira, foram encontrados no lixo, pela estudante de Pedagogia Tatiana Martins, moradora do bairro.

 
O ministro da Educação, Henrique Paim, chegou a informar que 9.795 alunos já estavam matriculados em novas instituições no início de abril. Porém, a volta às salas de aula não representa a garantia de retirada dos diplomas.
 
“Muitos alunos ainda não voltaram a estudar porque não tem como comprovar o que já cursaram e essa comprovação estava no lixo. Mesmo os que estão matriculados não têm a certeza que irão se formar, pois a falta de documentação impede o processo. Estamos vivendo um descaso sem tamanho’’, enfatizou a presidenta do DCE da UniverCidade, Letícia Portugal.
 
Para auxiliar os estudantes, representantes do DCE divulgaram uma lista com mais de 800 nomes cujos documentos foram encontrados no lixo. 
 
‘’É o que podemos fazer por enquanto já que o MEC é omisso e a Defensoria Pública não nos ajuda. Um mandato de busca e apreensão poderia ter sido expedido para reavermos estes documentos, mas isso não aconteceu. Agora, o que temos é essa situação caótica, com nenhum problema resolvido’’, lamentou Letícia.
 
De acordo com o MEC, após o descredenciamento, o ministério não tem mais poder para punir o Grupo Galileo. Os estudantes foram orientados a procurar o Ministério Público para que o órgão possa abrir uma investigação e punir os responsáveis pelos documentos jogados no lixo.
Está em tramitação na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que cria o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação do Ensino Superior (Insaes).
 
O diretor de universidades privadas da UNE, Mateus Weber, ressalta que partir de sua criação haverá uma maior participação do estado no que se refere à qualidade do ensino que é oferecido aos estudantes: “A autarquia federal irá permitir punições aos estabelecimentos que descumprirem as regras”, explica. Entre estas punições estão o descredenciamento da instituição, a desativação e redução de vagas dos cursos, inabilitação dos dirigentes para cargos de gestão em instituições de educação superior de até dez anos e multa que vai de R$ 5 mil a R$ 500 mil reais.
 
A União Nacional dos Estudantes afirma a posição de que, diante de quadros instáveis como este, torna-se urgente a aprovação do Insaes para que se estabeleça parâmetros mínimos de qualidade e permanência aos estudantes brasileiros com normas regulatórias efetivas.

Fonte: UNE