Sindicato dos bancários da Bahia tem nova diretoria

Recentemente o Sindicato dos Bancários da Bahia elegeu sua nova diretoria e agora tem novos desafios pela frente, entre eles, atrair os funcionários recém chegados e fortalecer os vínculos com os mais antigos. O jornal O Bancário entrevistou o presidente Augusto Vasconcelos, ele fala sobre as expectativas para a nova gestão e os problemas que a categoria precisa enfrentar.

Augusto Vasconcelos - Arquivo pessoal

Augusto é advogado, membro do Comitê Central do PCdoB, professor e coordenador acadêmico. Agora à frente do sindicato, ele quer construir uma luta unificada e inclusiva.

Confira a entrevista na íntegra:

Qual a sua expectativa para o Sindicato nos próximos três anos?

Manter a trajetória e a tradição de lutas que a categoria já demonstrou ao longo de várias décadas. É necessário inaugurar uma nova página que precisa de um sindicalismo ainda mais interativo, dinâmico e moderno, com a utilização de novas ferramentas, com métodos mais inovadores. Mas, sobretudo, com a inclusão dos bancários nas principais decisões da categoria.

De que forma o Sindicato pode se aproximar mais dos bancários?

Teremos um desafio enorme de fazer um sindicalismo que atraia os jovens que ingressaram nos bancos nos últimos anos, além de manter os mais antigos, para que possamos ter a mescla entre renovação e experiência. Precisamos estabelecer mecanismos mais envolventes, que possam reencantar os bancários. A melhor forma de envolver é fortalecendo as causas coletivas, mostrando para o trabalhador as bandeiras defendidas pelo Sindicato.

Qual seria o principal problema a ser combatido dentro da categoria na próxima gestão?

A principal causa de afastamento do bancário é o adoecimento psíquico. Isso nos preocupa bastante porque ao lado dessa questão vêm inúmeras outras, como a falta de segurança, a questão das contratações, a sobrecarga de trabalho e a remuneração. Temos de lutar pela valorização do bancário. Se compararmos o que ganha o funcionário e o que lucra o banqueiro, há uma desproporção muito grande. Necessitamos que os bancos tenham planos de carreira que deem perspectiva de ascensão funcional, além de Previdência Complementar digna. O combate às demissões também é um assunto que vamos tratar com ênfase. Entendendo que as lutas contra alta rotatividade e contra o enxugamento dos postos de trabalho é para garantir melhores condições de trabalho e atendimento mais qualificado para os clientes.

O tema da campanha da Chapa 1 este ano foi “Avançar na Luta”. O que efetivamente seria avançar na luta? Em quais aspectos?

O Brasil precisa passar por transformações mais profundas e é necessário ter reformas estruturais. Se os trabalhadores não protagonizarem, não forem às ruas e não participarem ativamente das transformações que o Brasil necessita, não será o Congresso Nacional que o fará, nem o Judiciário, nem o Poder Executivo. Nós vivemos hoje em um país em que as grandes empresas dão as cartas do jogo da política. Somente no Congresso, os bancos e as empreiteiras são os principais financiadores de campanha. Os nossos patrões controlam a mídia, o Congresso e os principais espaços de poder. Inaugurar essa nova etapa para avançar na luta é inserir mais a classe trabalhadora nos processos de transformação do país. E os bancários podem dar um papel decisivo. Só com a organização coletiva podemos ter um Brasil melhor e mais justo pra todos.

Quais os temas que estão sendo tratados no Congresso Nacional que o Sindicato pode reforçar?

Vamos ter uma posição destacada no enfrentamento do fim do fator previdenciário. Vamos dar uma atenção especial para a luta em torno da correção justa da tabela do Imposto de Renda. Há outras que merecem nosso destaque: a regulamentação da Convenção 158 da OIT [Organização Internacional do Trabalho], no intuito de proibir as despedidas arbitrárias que os bancos promovem. Vamos fazer uma luta pela aprovação do projeto de lei 6259, sobre isonomia. Vale ressaltar também a batalha contra a terceirização e enterrar de vez o projeto de lei 4330. Queremos que o trabalhador ocupe o espaço da política, participe do cotidiano do Congresso, do Judiciário, do Executivo e apresente a sua opinião.

O que a categoria pode esperar da nova gestão?

Bastante transparência e interatividade. Queremos construir uma luta unificada. Pode esperar do Sindicato a marca da tradição, da trajetória, mas também novos métodos, uma gestão mais compartilhada, mais participativa e inclusiva pra ouvir todos os segmentos dos bancos. O presidente do Sindicato e o funcionário que chegou ontem no banco têm o mesmo poder de voto nas decisões em assembleias. É isso que nós queremos fortalecer, os vínculos dos bancários com os cotidianos do SBBA. Uma entidade tão importante, mas que ela sozinha, só a sua diretoria, não tem força alguma.

Por Amanda Moreno, no O Bancário