PCdoB critica atraso na votação do direito de resposta
A Câmara votaria, nesta terça-feira (10), o projeto que regulamenta o direito de resposta nos meios de comunicação às pessoas que se sentirem ofendidas por informações divulgadas na imprensa, inclusive pela internet. Manobras da oposição derrubaram a votação da matéria. A aprovação do projeto seria a resposta legislativa à reportagem divulgada no último domingo (8) pelo programa Fantástico, da Rede Globo, baseada em livro do juiz Marlon Reis que narra práticas de um deputado corrupto fictício.
Publicado 12/06/2014 08:59

A reportagem afirma, sem apresentar provas ou citar nomes, que deputados desviam dinheiro das emendas parlamentares para custear as campanhas políticas.
Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), a generalização feita na reportagem desqualifica o Parlamento. “A grande mídia agride o Parlamento brasileiro fazendo essa generalização. Democracia não se faz com generalização. Se existe uma denúncia concreta, faça. Se tem um nome, diga. Não generalize. Tínhamos que responder votando o direito de resposta, mas infelizmente não pudemos fazê-lo por uma manobra inoportuna”, lamentou, em referência a oposição quem impediu a votação da matéria.
Manipulação da mídia
Para a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), relatora das emendas de Plenário, o tema é fundamental para a democratização da comunicação no país, pois existe muita manipulação da mídia em determinados temas.
“A imprensa tem dono e os veículos impõem o pensamento e as opiniões de seus proprietários. Será um passo importante sob a perspectiva da democracia e do combate ao monopólio informativo. A comunicação é um direito humano e estamos cansados de tanta manipulação”, avalia.
A tramitação da matéria não tem sido fácil. “A luta para aprovar o direito de resposta vem desde 1967, quando a Lei de Imprensa deixou uma lacuna a ser preenchida em relação a um direito essencial para a democracia na mídia”, disse a deputada.
Duas emendas, de autoria do DEM e outra do PP, se aprovadas, enfraqueceriam o projeto, por preverem efeito suspensivo do direito de resposta através de ordem judicial. Na avaliação de Luciana Santos, “isso ocasionaria uma guerra jurídica perpétua e desigual, tanto pelo fato de que os casos flutuariam por tempo indeterminado na Justiça quanto pela disparidade entre o aparato jurídico dos grandes meios de comunicação e a grande maioria da população”.
Conteúdo do projeto
O projeto, de autoria do senador Roberto Requião (PDMB-PR), assegura, ao ofendido, o direito de se manifestar na mesma periodicidade, dimensão e intensidade, ou seja, proporcionalmente à agressão sofrida.
O texto prevê prazo de 60 dias para o ofendido pedir o direito de resposta. Caso o meio de comunicação não atenda, a pessoa pode recorrer à Justiça, que terá prazo de 30 dias para decidir sobre esse direito.
Da Redação em Brasília
Com informações da Ass. Lid. PCdoB na Câmara