Pronatec Brasil Sem Miséria muda a vida de comunidade indígena no MS 

A chegada do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) na aldeia Imbiriçu, próximo ao município de Aquidauana (MS), transformou a produção de mandioca da região. O cacique Claudio Lipu, formando do curso de horticultor orgânico, foi o responsável pela mudança. Assim que soube do programa, Lipu solicitou à Prefeitura que o curso fosse levado à comunidade indígena. "Agora a vida está melhorando e nós não vamos mais parar", garante. 

Cacique Claudio Lipu - Foto: MDS

O cacique é um dos 1,1 mil alunos que receberam no último dia 9, em Campo Grande (MS), o diploma do curso técnico voltado ao público do Brasil Sem Miséria.

O curso aumentou a produção e reforçou a organização dos moradores da aldeia. “Antes, duas mudas eram plantadas na mesma cova e não havia uma distância padronizada. Agora, cada muda é plantada separadamente, com distância aproximada de 50 centímetros”, relata o cacique. Com o aprendizado da técnica, os moradores, que antes cultivavam para consumo e vendiam o excedente na região, agora se organizam para vender mandioca e farinha em outros municípios.

Beneficiário do Programa Bolsa Família, Lipu, de 43 anos, não pretende ficar apenas com o diploma de horticultor orgânico. No primeiro curso, concluído em dezembro, ele e outros 30 moradores participaram. O próximo passo, segundo ele, é o curso de viveiricultor, no qual ele e mais 15 pessoas estão matriculados.

A continuidade dos estudos foi uma das bandeiras defendidas pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, que esteve na formatura. “Os formandos têm que continuar estudando para poder melhorar ainda mais, devem procurar mais cursos do Pronatec”, incentivou. Segundo a ministra, a formatura foi uma vitória contra o preconceito daqueles que pensam que a população de baixa renda não quer crescer. “Muitos duvidaram do Pronatec no início, achavam que a meta era ambiciosa. Essa cerimônia mostra que a população quer melhorar de vida”, afirmou.

No Mato Grosso do Sul, a população de baixa renda já efetuou mais de 27 mil matrículas em 148 tipos de cursos. Em Campo Grande, foram mais de 2,9 mil matrículas em 60 cursos – os mais procurados são de auxiliar administrativo, operador de computador, recepcionista, auxiliar de pessoal e confeccionador de lingerie e moda praia.

Um dos formandos em Campo Grande é a dona de casa Maria Isabel Rodrigues da Silva, de 46 anos, que viu no Pronatec Brasil Sem Miséria uma oportunidade de melhorar de vida. Depois de concluir o curso de conservas e doces, já conseguiu aumentar a renda da família. Vende entre 16 e 20 potes de conservas de berinjela por mês e fatura R$ 160. “O curso é uma maravilha e a gente tem que praticar, pois não adianta ficar parado. Esse dinheiro tem ajudado muito”, contou. Ex-beneficiária do Bolsa Família, ela mora com o marido, o filho e o neto, de 8 anos.

Maria Isabel quer aprender mais e já se matriculou em outro curso do Pronatec, o de auxiliar de confeitaria. E faz planos para montar o próprio negócio. “Pretendo abrir uma lojinha de conservas, doces e compotas que já tem até nome. Vai se chamar Delícias da Isabel”, disse.

Inclusão

Criado em 2011, o Pronatec é uma das principais ações de inclusão produtiva do Plano Brasil Sem Miséria. Com foco nas pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente os beneficiários do Programa Bolsa Família, a iniciativa promove o acesso à qualificação profissional gratuita e de qualidade para as pessoas inscritas no Cadastro Único de Programas Sociais do governo federal.

O programa derruba o mito de que os beneficiários do Bolsa Família são desestimulados a trabalhar. Em todo o Brasil, são mais de 1,2 milhão de matrículas feitas pelo público do Cadastro Único. Pagos pelo governo federal, os mais de 570 cursos oferecidos são ministrados por estabelecimentos de qualidade reconhecida pelo mercado, como os institutos federais e as instituições do Sistema S (Senai, Senac, Senat e Senar).

Isso tem proporcionado mão de obra qualificada aos empregadores, já que os tipos de cursos oferecidos levam em conta as oportunidades abertas em cada região. Quem participa recebe gratuitamente material escolar, transporte e lanche.

Para participar do Pronatec Brasil Sem Miséria, é preciso ter no mínimo 16 anos e estar cadastrado ou em processo de inclusão no Cadastro. As matrículas devem ser feitas nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras).

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social