Escuta itinerante traz retrato da saúde no campo

Um trabalho conjunto da Ouvidoria Geral do SUS (Doges) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) ouviu 339 pessoas sobre condições de vida e saúde. O relatório final está no relatório Escuta Itinerante: acesso dos povos do Campo e da Floresta ao SUS.

Agricultor - Reprodução

A Ouvidoria Itinerante vai até os territórios com o objetivo de facilitar o acesso dos cidadãos aos canais de participação do SUS. Depois, leva questões aos setores do Ministério da Saúde responsáveis por ela.

Para Jose Wilson Gonçalves, Secretário de Políticas Sociais da Contag, a importância da escuta está na síntese de informações, que são transformadas em dados e proporcionam instrumentos para o diálogo e cobranças ao poder público. “Uma coisa é saber que as coisas acontecem, outra é ouvir das próprias pessoas do jeito que eles viveram e as dificuldades que ainda tem de acesso à saúde”, diz.

“O produto desse trabalho nos dá elementos para conduzir ação do movimento sindical e para questionar o governo, a partir da escuta ele precisa buscar formas de dar resposta”, avalia. Ele destaca temas como saúde da mulher e da terceira idade, além da questão dos agrotóxicos.
O vídeo e o relatório são usados também como recursos pedagógicos nas atividades de formação na área da saúde. “É um excelente instrumento para dar o pontapé inicial de grande debate”, avalia. O vídeo pode ser acessado aqui.

Falta de informações, dificuldade de acesso e atendimento desumanizado foram alguns dos principais problemas encontrados. Apesar disso, a percepção geral sobre o SUS é boa: avaliando a sua própria condição de saúde, atribuindo uma nota entre 0 e 5, a maioria dos entrevistados, ou seja, 86,06% atribuiu nota entre 3 e 5, bem como 8,84% atribuiu nota entre 0 e 2, sendo 4 a nota mais mencionada, 36,87%. O relatório conclui que a população do campo e floresta reivindica o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, e não sua substituição ou superação.

A pesquisa preocupou-se também com os espaços de participação no SUS. Diz o relatório que “com a execução do projeto, ficou evidente a carência de informações, a falta de apropriação de espaços para que o cidadão possa dialogar com a gestão, garantindo seus direitos frente às políticas públicas. A partir dessa realidade, a própria comunidade percebeu a necessidade da criação e fortalecimento de espaços que proporcionem a participação e o controle social de maneira efetiva.”

Fonte: CTB