Haddad afirma que vereadores agem por interesses político-partidários

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), acusou a oposição à sua gestão na Câmara de Vereadores de confundir “o interesse da cidade com os interesses político-partidários” ao não votarem a lei que permitiria ao Executivo decretar feriado na próxima segunda-feira (23), data em que Holanda e Chile jogam na Arena Corinthians, em Itaquera, e a seleção brasileira joga contra Camarões em Brasília, ambos pela primeira fase da Copa do Mundo.

Haddad - Reprodução

A declaração foi dada nesta quinta-feira (19), em entrevista à rádio Estadão. “A oposição tem sido assim o tempo todo. Tem confundido o interesse da cidade com os interesses político-partidários”, afirmou.

Por causa do deslocamento de pessoas tanto para o jogo na zona leste da cidade e quanto para assistir pela TV a partida do time canarinho, as autoridades acreditam que a capital paulista possa enfrentar um congestionamento tão grande ou maior do que o visto na última terça-feira, quando houve 302 quilômetros de lentidão na cidade antes da disputa da seleção do Brasil em Fortaleza contra o México, mesmo sem ocorrer nenhum jogo na arena paulista.

Para agravar ainda mais os problemas de mobilidade, muitas pessoas devem retornar do feriado prolongado de Corpus Christi na segunda-feira.

Haddad afirmou que respeita a decisão dos vereadores, mas que a medida havia sido tentada graças a uma conclusão técnica de membros do Comitê da Copa, que é composto por pessoas dos governos federal, municipal e estadual, este último comandado pelo PSDB, e, portanto, suprapartidário.

Para tentar aliviar o caos previsto, o prefeito decretou ponto facultativo para o funcionalismo municipal e a extensão do rodízio de veículos e da exclusividade das faixas de ônibus durante todo o dia na segunda-feira.

O prefeito também apelou para que a população evite deslocamentos que possam ser adiados. Além disso, pediu que empregadores escalonem a liberação de funcionários para que eles não saiam todos no mesmo horário. Em dias de jogo do Brasil, muitas empresas liberam seus empregados mais cedo. “Quem puder, escalone a liberação de seus funcionários, adie trajetos pela cidade, de segunda para terça, e assim por diante. Isso tende a aliviar, apesar de não ser o ideal", disse, durante a entrevista.

Há um mês, os vereadores votaram a favor da decretação de feriado no jogo de abertura do evento, em 12 de junho. Mas, desta vez, alegaram que comerciantes teriam gastos extras com seus funcionários se mais um dia de jogo não fosse considerado útil e eles optassem por abrir. Os vereadores nem chegaram a votar o projeto, apenas não deram quórum à sessão.

Além de ter de lidar com a oposição de vereadores, Haddad enfrenta dificuldades para domar a base na casa legislativa. A razão para isso seria a demanda por mais cargos comissionados em subprefeituras e secretarias. Recentemente, vereadores do próprio PT deixaram passar a aprovação do fim do rodízio municipal e há temores de que o projeto de Plano Diretor, endossado pelo Executivo, seja preterido por outro, apresentado pela oposição.

Na semana passada, os vereadores não deram quórum para a abertura de discussão para a segunda votação do Plano Diretor, justamente porque queriam que a prefeitura tivesse garantido ingressos para todos os vereadores na abertura do mundial. O Executivo, por meio da vice-prefeita Nádia Campeão, representante do poder municipal no comitê organizador do torneio, só enviou ingressos para as lideranças partidárias.

Fonte: Rede Brasil Atual