Produção conjunta do Brasil e Namíbia é premiada em festival de cinema

“Jogo de Corpo/Body Games”, uma produção cinematográfica conjunta do Brasil e da Namíbia, venceu recentemente o prêmio Ousmane Sembene, no Festival de Cinema do Zanzibar 2014. O filme foi dirigido por Richard Pakleppa e codirigido por Cobra Mansa e Mathias Assunção e realizado em conjunto pela On Land Productions e pela Manganga Produções.

“Jogo de Corpo/Body Games” conta a história de jogos de combate africanos, danças e música que conectaram a África e o Brasil desde os tempos da escravidão até hoje. “A história é conduzida pela necessidade do mestre Cobra Mansa de entender a ancestralidade da sua forma de arte, a capoeira, como parte de uma preocupação mais abrangente com a sua herança afro-brasileira,” afirma uma nota da produção à mídia.

Esta busca por suas raízes começa no Rio de Janeiro, quando o Cobra de 12 anos de idade, um menino de rua, encontra sentido para a sua sobrevivência e para a sua autoestima nas artes marciais ancestrais da capoeira. Ele narra a sua jornada pelo movimento negro do Brasil e a descoberta da sua identidade enquanto afro-brasileiro.

Em Angola, Cobra Mansa segue os rastros de um poderoso mito brasileiro sobre as origens africanas da capoeira. Este mito liga a capoeira a um jogo angolano legendário chamado “engolo” – a dança da zebra. Sua busca o leva a vilas remotas no sul da Angola onde os jogadores de engolo o ensinam “a arte de dobrar-se com o vento” e contam sobre outros jogadores que entram no jogo ao serem possuídos por espíritos dos seus ancestrais.

Através do intercâmbio entre a capoeira e o engolo nas vilas empoeiradas da Angola, Cobra começa a entender as afinidades e diferenças entre os jogos de combate dos dois lados do Atlântico. Além do engolo, ele encontra outros jogos africanos que o remetem às lutas de rua do Brasil da década de 1970. No sul da Angola, ele também se depara com arcos musicais surpreendentemente semelhantes ao berimbau brasileiro, um instrumento tocado pelos capoeiristas.

Em uma cerimônia realizada no Antigo Forte de Zanzibar, na noite de sábado, 21 de junho, a produção recebeu o prêmio pelos “méritos artísticos do filme com sua abordagem visual única e por ser um importante documento para gerações futuras.” Este um prêmio conjunto que também contemplou “Umunthu", um filme do Malaui sobre direitos humanos e sexualidade.

“Estamos honrados por sermos reconhecidos desta forma e por sermos associados ao nome de Ousmane Sembene, que é um dos maiores cineastas do continente africano”, disse Richard Pakleppa. Ele também reconheceu as bases assentadas por Sembene para o uso dos filmes para contar histórias até àqueles em zonas rurais, usando o poder do cinema.

"Ousmane Sembene levou seus filmes para as vilas para serem exibidos e acreditava profundamente no poder transformador do cinema, na responsabilidade dos cineastas para produzir trabalhos relevantes e para compartilhá-los com o povo. Nós nos fortalecemos e tomamos inspiração dele e deste prêmio,” disse Pakleppa.

Fonte: Portal All Africa
Tradução de Moara Crivelente, da Redação do Vermelho