Evaldo Lima: Um Castelão Para História

Por *Evaldo Lima

Ele nasceu com a missão de ser grandioso. Em 1973, quando nossos torcedores já se acotovelavam dentro já pequeno estádio Presidente Vargas, o estádio Plácido Castelo foi entregue pelo poder público para acolher milhares de “arquibaldos e geraldinos” de ouvidos colados no rádio, corações acelerados e olhos vidrados no magnético encanto pela bola.

O ritual de ver futebol em Fortaleza se transformou. Mais do que a mudança de endereço, o Castelão agigantou a presença do torcedor fortalezense e nossa atuação no futebol cearense. Os cantos, os bandeirões e os mosaicos ganharam proporções e expressões cada vez maiores e dignas do nosso futebol.

Lembro o menino que um dia fui, matuto recém-chegado do interior, assombrado com a primeira vez que viu o mar e a primeira ida ao Castelão. Como esquecer o meu Ferroviário campeão de 1979? Um time que tinha uma zaga formada por Lúcio Sabiá e Celso Gavião e na frente Paulo César Papagaio, autor da célebre frase, “artilheiro veve de gols”.

Muitos estaduais, decididos dentro e fora de campo, tiveram o Castelão como palco. Ceará, Ferroviário, Fortaleza, Icasa e Tiradentes levantaram taças. Pudemos ver das arquibancadas, Ceará e Fortaleza voltarem à elite do futebol brasileiro. Em 41 anos, tivemos muitos títulos, muitos jogos importantes e grandes ídolos locais e nacionais eternizando momentos de pura magia.

O Castelão, primeiro estádio concluído para a Copa, antecipou seu encanto em 2013, na Copa das Confederações. Além do show de Neymar e companhia, o povo fortalezense deu aula de “torcer”. Sem os lenços nas mãos que imortalizaram a palavra “torcedor” nos anos 30, o Hino Nacional foi cantado para além dos poucos minutos preparados pelos organizadores, fato que não aconteceu na estreia da Seleção em Brasília, mas, depois do Castelão, passou a ser repetido em todas as praças e certamente vai ser ouvido durante a Copa do Mundo.

Símbolo do nosso futebol, o estádio Castelão vai guardar na memória os inesquecíveis Amilton Melo, Zé Eduardo, Acássio, Chinesinho e tantos outros ídolos. Craques que jogaram e vão continuar jogando cada vez melhores nas nossas lembranças, como nos diz Chico Buarque. Craques que simbolizam a expressão cearense futebolística, sendo eles daqui naturais ou não. Simbolizam porque aqui sedimentaram paixões. Aqui deram sentido ao estádio. Aqui, construíram nos corações alvinegros, corais e tricolores a morada dos campeões. E na morada Fortaleza, todos serão lembrados como filhos pródigos do nosso Castelão.

*Evaldo Lima é professor de História, torcedor do Ferroviário e Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto e Lazer da Câmara de Vereadores de Fortaleza.

Fonte: Livro “Arena Castelão: Templo do Futebol Cearense”, da Editora Fundação Demócrito Rocha

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