Rússia espera reação dos EUA aos dados sobre a queda do avião

Em 22 de julho, a Rússia entregou oficialmente à UE todos os dados dos meios de controle objetivo sobre a catástrofe do Boeing da Malaysia Airlines na Ucrânia. Tal aconteceu um dia após o Ministério da Defesa da Rússia ter divulgado num briefing em Moscou dados de estações de controle russos. Militares russos estabeleceram a situação existente no território da região de Donetsk antes da queda da aeronave.

Por Konstantin Garibov, na Voz da Rússia

Caixas pretas do Boeing 777 da Malaysia Airlines

Esses dados provocaram muitas perguntas de militares russos a Kiev. Em particular, quais foram as razões de atividade intensa dos redares ucranianos na véspera e no dia da tragédia, bem como da ordem de fim do alarme após a catástrofe? Qual era a missão da bateria de sistemas ucranianos de defesa antiaérea Buk que se encontravam antes do desastre no território controlado por rebeldes e por que motivo a bateria foi retirada com urgência logo após a queda do avião? Com que objetivo um SU-25 ucraniano se aproximou do Boeing a uma distância de 3 a 5 km pouco antes da catástrofe e por que razão esse fato foi desmentido por Kiev?

Kiev não respondeu às perguntas de Moscou, embora já tivessem passado dois dias. O chefe do Departamento Operacional do Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia, Andrei Kartapolov, ao intervir em Moscou, fez também aos EUA uma pergunta importante para esclarecer as circunstâncias da queda da aeronave:

“Segundo declaram representantes dos EUA, eles têm fotos tiradas a partir do espaço, confirmando que o míssil foi lançado em direção ao Boeing por milícias ucranianos. Mas ninguém viu essas fotografias. Se a parte americana disoõe de fotos tiradas via satélite, solicitamos que elas sejam apresentadas à comunidade internacional para seu estudo pormenorizado. Casualmente ou não, mas a hora da catástrofe do Boeing e o tempo da observação do território ucraniano por um satélite americano coincidem”.

Os americanos não apresentaram essas fotos nem à UE, nem a Moscou, embora prometessem fazê-lo terça-feira. No mesmo dia, durante um briefing em Washington, os representantes dos serviços de inteligência norte-americanos não conseguiram conceder quaisquer provas de envolvimento de rebeldes e da Rússia no derrubamento da aeronave, embora tanto a Casa Branca como o Departamento de Estado prometessem em uníssono que os serviços secretos apresentariam provas convincentes revelando o autor do ataque ao Boeing da Malaysia Airlines.

Mas durante o briefing, os representantes dos serviços secretos não apresentaram fotos exclusivas tiradas a partir do satélite, demostrando apenas fotografias espaciais pouco informativas e citando dados publicados em redes sociais. Com base nessas “provas”, eles anunciaram uma versão de que, “provavelmente”, o avião teria sido abatido erradamente por rebeldes.

Ao mesmo tempo, os representantes dos serviços secretos reconheceram que não podem confirmar a autenticidade dos materiais da Internet, divulgados pelo governo ucraniano. Vários peritos têm destacado sinais evidentes de montagem nos materiais vídeo de redes sociais, alegados como provas por responsáveis americanos e ucranianos.

Um cientista político, Igor Shishkin, não viu nada de extraordinário na posição dos EUA:

“Esse desenvolvimento dos acontecimentos deveria ser previsto. Em condições algumas, quaisquer que fossem as provas da Rússia ligadas a esse incidente, os EUA não irão reconhecê-las. Eles já declararam oficialmente como propaganda os testemunhos russos. Irão insistir na sua versão sem apresentar quaisquer provas, de que, pelo visto, não dispõem simplesmente".

Um representante da Inteligência norte-americana reconheceu no briefing que o seu departamento não tem provas de envolvimento de Moscou no incidente, assim como provas de que a Rússia teria instruído os rebeldes a utilizar os sistemas Buk.

Desmoronou-se também a versão repetida reiteradamente no Ocidente de que esses sistemas teriam sido transportados da Rússia para a zona de atuação dos rebeldes. Em palavras do representante da Inteligência, os serviços secretos dos EUA não estabeleceram a passagem dos sistemas Buk através da fronteira russo-ucraniana.

Fonte: Voz da Rússia