Assaltos a bancos provocam a morte de 32 pessoas no primeiro semestre

Pesquisa nacional feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Dieese apurou que no primeiro semestre de 2014 ocorreram 32 mortes, uma média de 5,33 vítimas fatais por mês, sendo a maioria das vítimas idosos.

Gráfico vítimas nos bancos - contraf

Esse número representa um aumento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2013, quando foram registradas 30 mortes. Em todo o ano passado ocorreram 65 mortes. Desde os primeiros seis meses de 2011, o crescimento foi de 39,1%.

“Ir ao banco continua se traduzindo numa atividade de risco, tanto para quem trabalha como para quem utiliza o serviço bancário”, afirmou em entrevista ao Portal Vermelho o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes, José Boaventura.

O crime da ‘saidinha de banco’ provocou 20 mortes no primeiro semestre, o que representa 62,5% dos casos, sendo os clientes as principais vítimas. “Combater a ‘saidinha de banco’ é urgente. Até agora as medidas são paliativas sem investimento efetivo. Os bancos insistem na proibição do uso de celular, o que é transferir para o usuário uma responsabilidade que não é dele”, enfatizou Boaventura.

Segundo dados do Dieese, os seis maiores bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) apresentaram lucros de R$ 56,7 bilhões em 2013. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 3,4 bilhões, o que significa 6%, em média, na comparação com os lucros.

Descaso

“Mais do que muito preocupantes, esses mortes comprovam o descaso e a indiferença dos bancos para a prevenção de assaltos e sequestros”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. “Eles continuam enxergando a segurança como custo e não como investimento na proteção da vida de trabalhadores e clientes”, aponta.

O assalto a correspondentes bancários segue em segundo lugar, agora ao lado dos ataques a caixas eletrônicos, ambos com 4 mortes, o que significa 12,5% das vítimas fatais. Depois, vem mortes em assaltos a agências (3) e transporte de valores (1).

Assim como cresceram as mortes em ‘saidinha de banco’, aumentaram também os clientes como as maiores vítimas. Do total, 22 pessoas eram clientes, o que significa 68,8% dos assassinatos. Em seguida vêm policiais (2), vigilante (1) e outras pessoas (7), muitas vítimas de balas perdidas em tiroteios.

São Paulo é o estado que lidera novamente a pesquisa com 12 mortes, o que representa 38,7% dos casos. Rio de Janeiro (4), Pernambuco (3), Minas Gerais (2), Paraná (2), Goiás (2) e Paraíba (2) são os estados que vêm em seguida.

Perfil das vítimas

A pesquisa também revela a faixa etária das vítimas, quase sempre identificada nas notícias da imprensa. Pela primeira vez, as pessoas com mais de 60 anos foram as principais vítimas, com 10 mortes, o que representa 31,3% dos casos. Em segundo lugar vem a faixa entre 31 a 40 anos com 9 mortes (28,1%), seguida pela faixa até 30 anos, com 6 mortes (18,8%).

Já o gênero das vítimas continua sendo liderado pelos homens (29), o que representa 90,6% dos casos. Também foram assassinadas três mulheres (9,4%).

Mais investimentos

As entidades sindicais defendem, entre outras medidas, a instalação de biombos que impeçam a visão das operações de saques e portas de segurança em todos os bancos, que hoje é facultativo, além da contratação de mais vigilantes e treinamento desses trabalhadores.

Segundo Boaventura, a instalação de biombos já virou lei em vários municípios, como João Pessoa, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Fortaleza e Belém, entre outros, reduzindo drasticamente os casos de saidinha de banco.

Os sindicato também defendem a isenção de tarifas de transferência de recursos (DOC e TED), como forma de reduzir a circulação de dinheiro. "Muitos clientes sacam valores elevados só para não pagar as altas tarifas dos bancos e viram alvos de assaltantes cada vez mais violentos", defende o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.

O lançamento da pesquisa ocorreu na manhã desta quinta-feira (31), durante entrevista coletiva à imprensa, na sede da Contraf-CUT, em São Paulo.

Da redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com Contraf-CUT