A mais cruel experiência psicológica do século 20

Na história da humanidade, o século 20 ficou marcado por um verdadeiro salto no campo da psicologia e da psiquiatria. O sonho de muitos cientistas era saber as verdadeiras causas do comportamento humano. E, em nome da ciência, muitos estiveram prontos a ir muito longe.

Por Aliona Rakitina, na Voz da Rússia

Interior de uma prisão nos Estados Unidos

Os psiquiatras americanos foram os que mais conseguiram no amor para com o conhecimento dos aspetos encobertos da natureza humana. A começar nos anos 20 do século 20, eles realizaram várias centenas de experiências psicológicas cruéis, que mostraram até que ponto as pessoas podem ser desumanas e os cientistas não terem princípios.

Uma das experiências psicológicas mais discutidas, conhecidas da opinião pública, é a experiência prisional de Stanford (Stanford prison experiment). Ela foi realizada em 1971 pelo psicólogo americano Philip Zimbardo.

Um grupo de 24 jovens foram divididos en duas partes. A primeira parte devia tornar-se “presos” e a segunda, “guardas”, que foram instalados numa cadeia artificial com o objetivo de compreender como influi nas atitudes das pessoas o sistema que permite a uns realizar a lei e obriga os outros a obedecer cegamente.

Para a realização dessa experiência foi construída uma cópia exata de uma verdadeira prisão nos subterrâneos do edifício da Faculdade de Psicologia. Aí foram instalados 12 “presos”. Foram obrigados a vestir roupas prisionais, a responder não aos seus nomes, mas a números pessoais e a respeitar de todas as formas a hierarquia e a disciplina.

Além do mais, durante todo o período da experiência, os “presos” deviam sentir a personalidade desorientada, bem como forte stress emocional, um sentimento de impotência, sem direitos e com a consciência da própria nulidade. Mas os “guardas” podiam fazer tudo. Podiam castigar de qualquer forma os seus prisioneiros.

Como resultado, nos primeiros dois dias da experiência, constatou-se que a maioria dos “guardas prisionais” tinha claras inclinações sadistas, embora, no início, todos os participantes foram considerados “absolutamente saudáveis do ponto de vista psíquico” e tinham boas relações de amizade com o grupo dos “criminosos”.

Os “presos”, por sua vez, também se envolveram de tal forma no papel que começaram a sentir-se habitantes de uma verdadeira prisão. Ambos os grupos esqueceram-se totalmente de que se tratava apenas de uma experiência e, na realidade, podiam não fazer aquilo que os outros exigiam deles. Não era a vida real.

Depois de humilhações chocantes a que uma parte dos participantes-guardas sujeitou a outra, a experiência, que devia durar duas semanas, foi suspensa antecipadamente por considerações éticas. A experiência de Stanford esteve na base simultaneamente de dois filmes homónimos “Experiência” de produção americana e alemã, bem como do livro “Caixa Negra” do escritor italiano Mario Geordano.

Muitos psicólogos de renome mundial discutiram, durante a realização da experiência, o tema do comportamento sem princípios do próprio Philip Zimbardo. Eles consideravam que, da parte dele, não foi ético permitir a passagem de torturas morais para físicas. Mas o próprio Zimbardo estava convencido de que o seu trabalho refletia bem a especificidade da natureza humana.

As pessoas estão prontas para cometer os crimes mais horríveis se souberem que não irão chamar a si a responsabilidade, mas ela será da direção, como no caso dos “guardas” de Zimbaro.

Além disso, a experiência mostra como as pessoas que chegam ao poder e que sabem que não terão qualquer castigo pelos seus atos podem radicalmente mudar.

Talvez exatamente por isso as experiências psicológicas cruéis vivam e floresçam precisamente na América? Pois são precisamente os americanos que muito frequentemente fogem ao castigo legítimo pelos seus atos, e não só na vida social.