Fraga promete a empresários ‘ajuste de tarifas’ e privatizações

“Acho que o momento chegou para nós”, disse Arminio Fraga, principal conselheiro econômico da campanha do tucano Aécio Neves e ex-presidente do Banco Central no governo FHC, a uma plateia de empresários em São Paulo, nesta quarta-feira (13).

Arminio Fraga

Fraga defende que o reajuste das tarifas públicas, principalmente de combustíveis e energia, deve ser feito o mais rápido possível, pois “fazer o ajuste é bom” para corrigir e trazer “crescimento, e não menos”. A afirmação foi durante fórum organizado pela revista Exame e a Confederação Nacional da Indústria, nesta quarta-feira (13), em São Paulo, onde Arminio falou como representante econômico de Aécio.

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Sobre o impacto que a sua proposta de aumento de preços de uma só vez, e não gradual, provocaria ao consumidor, Fraga não quis falar se limitando a dizer que ficaria sob “as regras do mercado”.
Ele considerou alto o índice de 4,5% estabelecido como centro da meta da inflação. ”A maioria dos países está entre 2% e 3%. Eu não sugeriria isso”, disse aos jornalistas, enfatizando que “os mais pobres serão os mais beneficiados, como já foram”, referindo-se ao Plano Real.

Quando Fraga deixou o Banco Central no governo FHC, em janeiro de 2002, acumulado em 12 meses estava em 7,62%, e a taxa Selic estava em 19%. Atualmente, o IPCA está em 6,52% e a taxa Selic é de 11%.

Outro rumo

O analista político e diretor do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Antônio Augusto de Queiroz (Toninho), falou sobre esse alarmismo inflacionário durante entrevista coletiva na semana passada.

Segundo Toninho, esse alarmismo é resultado de uma medida da presidenta Dilma que resultou na redução das tarifas públicas. “As forças conservadoras desse país querem tirar a presidente Dilma porque ela usou um mecanismo do sistema financeiro e reduziu a taxa de retorno de lucro das termoelétricas criando um mal-estar entre as concessionárias do setor, que, por sua vez, se aliaram ao sistema financeiro e a grande imprensa para desqualificar o governo“, disse.

E ao contrário de Fraga, Toninho afirma: “A inflação vai descontrolar se o governo zerar a defasagem das tarifas públicas de uma vez. Se fizer de forma gradual, isso não vai acontecer”.

Ajuste

Dentre as medidas para alcançar a meta inflacionária, Fraga defende o corte de “gastos extraordinários” do Estado, que, para ele, são ineficientes e antidemocráticos. “Temos de acabar com o populismo cambial. Hoje, o câmbio tabelado, controlado, está minando as contas externas”, enfatizou.

O guru da economia de Aécio disse que “chegou o momento” da reforma tributária. Para ele a prioridade é uma reforma que una IPI, ICMS e PIS/Cofins em um tributo, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). “As coisas na vida têm momento. Acho que o momento chegou para nós”, declarou Fraga ao conjunto de empresários da plateia.

Fraga disse que é preciso fazer uma simplificação tributária por meio do IVA, que “facilitaria imensamente a vida das empresas”, e promover uma "linha de gestão moderna, de mercado". A receita de ‘gestão de mercado’ fica evidente quando Fraga se refere aos investimentos em infraestrutura em que afirma ser “preciso mobilizar capital privado", por meio de parcerias público-privadas e privatizações.

Reafirmando a quem o governo de Aécio, caso eleito, estará a serviço, Fraga foi além dizendo que a política de subsídios a setores de atividade já se esgotou. “O empresariado não quer ir a Brasília fazer lobby. Quer ficar na empresa, empreendendo, inovando”, enfatizou.

Da redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações de agências