Após 24 anos, identificação das ossadas de Perus será retomada

A retomada dos trabalhos de identificação dos restos mortais exumados de uma vala clandestina no Cemitério de Perus, zona norte paulistana, será anunciada, oficialmente, na próxima quinta-feira (4). O ato, que acontecerá na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, lembra ainda os 24 anos da descoberta das ossadas, entre as quais devem estar vítimas da ditadura militar de 1964.

Perus - Reprodução

A análise do material encontrado no local será possível graças a um convênio entre a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Desde julho, uma equipe de pesquisadores tem feito uma compilação de informações escritas e audiovisuais para definir as possíveis vítimas enterradas na vala clandestina. Em seguida, será coletado material para elaboração do perfil genético das ossadas. A estimativa é que a lavagem, secagem, catalogação e triagem sejam conduzidas ao longo do próximo ano.

A vala clandestina de Perus foi descoberta em setembro de 1990 durante o governo da então prefeita Luiza Erundina. À época, a prefeitura determinou a apuração dos fatos e fez um convênio com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para a identificação das ossadas, mas o trabalho foi interrompido. Os ossos foram levados, em 2001, para o Cemitério do Araçá, onde estão guardados até hoje.

A demora para conclusão do trabalho de identificação foi questionada em uma ação civil pública de 2009, apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF). Acredita-se que, entre as ossadas, estejam os restos mortais de pelo menos 15 desaparecidos. No ano passado, após tentativa de acordo com a União, o MPF decidiu prosseguir com a ação.

Fonte: Agência Brasil