Alckmin encerra horário eleitoral culpando o clima por falta d'água

No encerramento do horário eleitoral gratuito na televisão para as campanhas de governador e senador, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, dedicou todos seus últimos minutos nesta quinta-feira (2) para falar da crise hídrica que atinge principalmente as populações das regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas. Mas, como atribui apenas à falta de chuvas o problema, não apresentou argumentos novos, ainda que o tema tenha sido largamente utilizado pela oposição no processo eleitoral.

Crise cantareira - Reprodução

Confortável na liderança das pesquisas, o tucano insiste que a causa do problema seriam apenas as transformações climáticas globais, que culminam na mudança na distribuição de chuvas em todo o planeta. Voltou a dizer que foram investidos no setor, em cinco anos, R$ 2 bilhões, e que defendeu a adoção de "medidas emergenciais para que nove milhões de pessoas não ficassem sem água", em referência à população atendida pelo Sistema Cantareira, que entrou em colapso neste ano. Em 2013, o lucro da empresa foi de R$ 1,92 bilhão.

Insistiu que seu governo "está enfrentando a maior seca da história de São Paulo", tendo redistribuído o sistema estadual de águas, incentivado a economia e o reúso, com bônus na conta da Sabesp, e apelado para o uso da reserva técnica, o volume morto. "São Paulo sempre venceu seus desafios", afirmou.

A aposta de Alckmin, ao longo do ano, era que as chuvas fora de época pudessem regularizar a situação dos mananciais e, contando com isso, descartou oficializar o racionamento, prevendo o desgaste eleitoral que a medida representaria. No entanto, isso vem ocorrendo desde meados do outono, em especial na periferia paulistana.

Tanto ativistas quanto autoridades têm apontado que a crise é de gestão, e não de exceção climática. Na semana passada, o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu, acusou o governo paulista de não esclarecer à população a alarmante falta d'água e de comprometer o futuro dos recursos hídricos do estado mais rico da federação. Grupos como o Greenpeace e o MTST já cobraram o governo Alckmin pela má gestão do sistema hídrico.

Fonte: Rede Brasil Atual