FHC sobre compra de votos da reeleição: “deputados não eram tucanos”
O jornalista Elio Gaspari publicou em sua coluna de domingo (19), no jornal Folha de S.Paulo, artigo tratando sobre as denúncias apresentadas pela presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição, no debate na TV Bandeirantes na semana passada em que elencou cinco escândalos tucanos que, diferente de seu governo, foram engavetados.
Publicado 20/10/2014 12:39
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, enviou carta à Folha para responder aos apontamentos feitos pela presidenta Dilma e que foram tratados no artigo de Gaspari intitulado “Todos soltos, todos soltos, até hoje”. O título faz referência à fala de Dilma durante o debate, que ao final de cada um dos escândalos tucanos dizia: “todos soltos”.
Para contestar a compra de votos da reeleição, FHC tentou minimizar dizendo que os acusados não eram do PSDB e que nunca houve acusação formal ao “ministro aludido”.
O tal ministro era ninguém menos que Sérgio Motta, então ministro das Comunicações e considerado homem forte dos tucanos no governo FHC. Já os deputados Ronivon Santiago e João Maia, de fato, não eram do PSDB, mas do PFL (hoje DEM), aliado histórico dos tucanos e que na época compunham a base governista.
Em 1997, Ronivon Santiago e João Maia, ambos do Acre, confessaram que cada um recebeu R$ 200 mil para votar a favor da emenda constitucional da reeleição. E, como apontou a presidenta Dilma no debate, ambos ficaram soltos após a renúncia do mandato e nada foi apurado, nem pela imprensa sobre o caso.
Na carta, FHC admite que as denúncias foram varridas para debaixo do tapete quando diz: “Nunca houve acusação formal ao ministro [Sergio Motta], que eu saiba”.
Mensalão mineiro
Quanto ao “mensalão mineiro”, o ex-presidente tucano tirou o corpo fora afirmado que “quando surgiu o caso, eu não era mais presidente”, mas relativizou o caso afirmando que sempre defendeu a “apuração e julgamento”.
Sobre o trensalão tucano em São Paulo, que aponta o pagamento de propinas nos contratos de compra dos trens ou do metrô, FHC diz que “provavelmente houve suborno de funcionários desses dois níveis de governo”, mas não “há acusação a partidos”.
As denúncias dão conta de que entre 1995 a 2003, a compra de equipamentos ao governo paulista foi feito na base de propinas. No artigo, Elio Gaspari ressalta que “a investigação corria na Suíça, mas andava devagar em São Paulo”.
FHC ignora o fato de que as investigações relacionam, entre outros nomes, o de Robson Marinho, chefe da Casa Civil do governo entre 1995 e 2001. Gaspari lembra que Marinho foi nomeado ministro do Tribunal de Contas do Estado pelos tucanos. “Em março passado, os suíços bloquearam uma conta do doutor num banco local, com saldo de US$ 1,1 milhão. Ele nega ser o dono da arca, pela qual passaram US$ 2,7 milhões. (Marinho tem uma ilha em Paraty.) O Ministério Público de São Paulo já denunciou 30 pessoas e 12 empresas. Como diz a doutora [Dilma], ‘todos soltos’”, pontua o artigo de Gaspari.
Com informações de agências