Aécio: “para a direita eu não vou”. Já foi, sem volta

A pérola aí de cima foi dita por Aécio Neves na triunfal entrevista que dá a O Globo, publicada no domingo (9), em que anuncia seus planos agora que é “general” da oposição.

Por Fernando Brito*, publicado no Tijolaço

Tijolaço charge Aécio direita - Reprodução

Será que o senador mineiro não percebe que já foi, faz tempo, quando escolheu o caminho de fazer uma campanha para lá de agressiva, cheia de dedos em riste, de “leviana” e “mentirosa” para cá e para lá, despertando os piores sentimentos de intolerância?

Não adianta dizer que os trogloditas que levantaram faixas pedindo golpe militar foram “a utilização de movimentos da sociedade por uma minoria nostálgica que nada tem a ver conosco e com nossa história” é, isto sim, uma historinha, porque não estamos falando de minorias nostálgicas, pois não são velhos senhores e simpáticas velhinhas que estão pedindo ditadura, mas uma parcela da juventude transtornada pelo discurso do ódio que Aécio e a mídia que adubaram e açularam.

A grande maioria dos grupos que fizeram – e fazem – esse chamado das trevas nem tinha nascido quando do golpe e, aos 20 e pouco, 30 e poucos anos nem viveram os tempos da ditadura. Não estão nostálgicos de coisa alguma, estão é sedentos por segregar o povão, excluí-lo ainda mais e recusar os programas de distribuição de renda que, no máximo, deveriam ser como os que se fez em Minas: atingirem 1% das pessoas e serem usado como “amostra grátis” de uma inexistente preocupação social.

Aécio, na entrevista, chega à cara-de-pau de dizer que Dilma deveria estar “envergonhada” da elevação em 0,25% nos juros. É o cúmulo da hipocrisia para alguém que pré-nomeou como ministro da Fazenda o ex-quase-futuro Armínio Fraga que, ao chegar ao Banco Central com FHC, aumentou não em meio, mas em 20%, de uma tacada, a taxa de juros.

Desde Serra, em 2010, o PSDB vai caminhando para ser o partido de toda a direita, inclusive a extrema. Não é por outra coisa que o PFL mingou, porque a velha direita rural e oligárquica perdeu significação e murchou deixou para o novo udenismo, agora paulista ( espaço que a velha UDN jamais conquistou), assumisse a ribalta.

O “empurrão” de Aécio para esta direita não foi de ninguém mais do que dele, que escolheu este caminho bem diferente do que tinha seguido até então.

E agora dele já não poderá sair.

*Fernando Brito é jornalista e editor do blog Tijolaço