PCdoB-RJ aprova documento sobre o balanço eleitoral

O Comitê Estadual do PCdoB-RJ esteve reunido no último sábado, 29 de novembro, na sede regional do Partido, aprofundando o debate sobre o processo eleitoral deste ano.

A direção comunista do Rio de Janeiro aprovou o documento “Avaliação do Resultado Eleitoral do PCdoB no Estado”; intensamente debatido em inúmeras reuniões do Secretariado, em duas reuniões da Comissão Política e finalmente na reunião do Pleno do Comitê Estadual.

O documento é fruto da elaboração coletiva da direção e deve ser lido nos Comitês Municipais e bases, pois além da avaliação propriamente dita, traz também indicações importantes para a atuação do Partido em 2015.

Confira na íntegra o documento e os anexos:


 
AVALIAÇÃO DO RESULTADO ELEITORAL DO PCdoB NO ESTADO

1) Vitória da Dilma foi a vitória do povo e da militância

1.1 – Dilma venceu no estado do Rio tanto no primeiro (35,62%) quanto no segundo (54,94%) turno.

1.2 – A campanha de Aécio Neves, além de contar com apoio majoritário da estrutura conservadora (mídia, a maioria do setor empresarial, etc) teve a presença importante desde o primeiro momento de setores do PMDB no estado do Rio assim como em todo o país. No Rio, Aécio teve forte apoio do presidente estadual do PMDB-RJ, Jorge Picciani, e de outros caciques desta legenda, que controlam parte significativa da máquina estadual além de importantes prefeituras. O chamado “Aezão” – organizado por esta grande parcela do PMDB – deu capilaridade à campanha de Aécio no Estado. A campanha Aécio teve o importante reforço, no segundo turno, do senador eleito pela frente popular, Romário, que foi candidato pelo PSB de Marina.

1.3 – A entrada de Marina Silva no cenário teve forte impacto. Com o discurso em que se proclamava uma representante de uma pretensa “nova política” e prometendo ser uma terceira via ao PT e ao PSDB, Marina galvanizou significativa parte do eleitorado no primeiro turno, chegando a vencer na capital e ficando em segundo no estado, à frente de Aécio Neves.

1.4 – No primeiro turno a campanha da Dilma sofreu as consequências negativas da condução equivocada da campanha majoritária estadual da Frente Popular, sobre a qual falaremos mais adiante. Ao lado disso houve a subestimação, por setores do PT, da batalha nacional, o que redundou na demora em se colocar o comitê de campanha da eleição presidencial em funcionamento e na pouca coordenação de esforços para a construção de uma agenda pró Dilma.

1.5 – Apesar de ter o apoio dos quatro candidatos favoritos ao Governo Estadual durante o primeiro turno, foram raras as iniciativas no sentido de organizar e impulsionar a campanha de Dilma no estado neste período.

1.6 – Com a ida ao segundo turno de Dilma e Aécio o debate se caracterizou por uma aguda batalha de ideias em torno de diferentes projetos de nação e de modelos opostos de desenvolvimento. Diante desta polarização (que tornou mais nítida a diferença entre os dois campos) e da ameaça concreta da vitória do campo conservador, impulsionou-se a campanha de Dilma com a organização de comitês, a distribuição organizada de materiais e a importante adesão de dissidentes do PSB e de representantes da oposição de esquerda, como os parlamentares do PSOL. O movimento social entrou em cena com bastante protagonismo. Nesta fase o PMDB pró Dilma (capitaneado por Eduardo Paes) foi mais ativo e contribuiu para a vitória do campo progressista.

1.7 – A batalha eleitoral do segundo turno mostrou uma militância de esquerda viva e atuante, que se uniu em torno da vitória do campo popular. Exemplo eloquente foi o grande ato da Cinelândia que reuniu milhares e milhares de ativistas e que aconteceu no mesmo dia da caminhada das Mulheres com Dilma em Caxias. O PCdoB-RJ mobilizou todas as suas forças nesta luta e teve papel importante.

1.8 – A partir do chamamento da Direção Estadual, dirigentes, militantes e parlamentares comunistas foram às ruas dialogar com o povo. Destacam-se neste esforço os sábados vermelhos na capital e em várias cidades do estado, a intensa campanha das mulheres (UBM), dos sindicalistas (CTB), da juventude (UJS), do movimento comunitário (FAMERJ/CONAM) e dos militantes que atuam na luta pela democratização da mídia (Barão do Itararé) e no Coletivo de Cultura e Mídia.

1.9 – A capital foi palco de uma importante virada. No primeiro turno Dilma foi apenas a terceira mais votada (29,13% dos votos válidos). Em primeiro lugar ficou Marina Silva (31,14%) e em segundo Aécio (30,91%). No segundo turno Dilma venceu na Capital, alcançando 50,79%.

1.10 – A análise dos números que saíram do segundo turno mostra que a expressiva votação na região metropolitana (62,83%) foi fundamental para garantir a vitória de Dilma no estado.

1.11 – No entanto, em comparação com o resultado de 2010, Dilma recuou no estado (-5,54%) e na região metropolitana (-3,32%). A votação de Dilma caiu mais de 2% (em relação a 2010) em 39 municípios.

1.12 – Na região metropolitana, a mais importante do estado (representa 70% da economia do estado e abriga 78% da população), Dilma caiu mais de dois pontos percentuais em 12 dos 21 municípios. Na Capital, o recuo foi de 10,20% em comparação com 2010.

1.13 – Dos 12 municípios do Médio Paraíba Dilma caiu em 11, em uma média de 7,89%. Este mesmo fenômeno também se verificou em outras áreas industriais do país.

1.14 – Por outro lado, Dilma cresceu mais de dois pontos percentuais, em relação a 2010, em 23 municípios, destes 15 (65,21%) são da região Norte/Noroeste Fluminense.

1.15 – Dilma cresceu tanto na região noroeste (+4,13%) quanto na região norte (+3,11%) o que revela uma influência positiva da liderança regional de Garotinho.
1.16 – Em nenhum município da Costa Verde Dilma cresceu mais do que dois pontos percentuais e em apenas um da Região Metropolitana isto aconteceu.

1.17 – Estes dados comparativos nos revelam, entre outras coisas, a pouca capitalização dos feitos e obras do governo federal em nosso estado, além do impacto das denúncias de corrupção que envolve o mundo político e a mais importante empresa brasileira.

1.18 – É preciso também ressaltar a cada vez mais agressiva postura da mídia hegemônica, que atua como um partido de oposição, mentindo, distorcendo e ocultando, agindo sempre de acordo com os interesses do campo conservador. Cada vez mais a mídia hegemônica brasileira revela sua feição reacionária e golpista.

1.19 – No entanto, a vitória de Dilma deixou nítida a batalha de classes que foi travada nesta eleição no Rio de Janeiro, com a massa trabalhadora (concentrada nas periferias da capital, bairros e comunidades e na Baixada Fluminense) votando em peso na candidata do campo progressista enquanto a grande maioria da parte mais rica e mesmo das camadas médias optaram pelo voto em Aécio, o que fica fartamente demonstrado ao se estudar o voto para presidente por regiões e zonas eleitorais. Em Belford Roxo Dilma alcançou sua maior votação proporcionalmente, 74,82% dos votos válidos.

1.20 – A vitória da Dilma foi a vitória do povo e também mostrou que existe uma vibrante militância de esquerda em nosso estado, capaz de se mobilizar em torno de bandeiras amplas e estratégicas.

2) A VITÓRIA DO PMDB E A DERROTA DA FRENTE POPULAR

2.1 – Dando consequência às orientações emanadas da 19ª Conferência Estadual do PCdoB-RJ (outubro de 2013), o Partido empenhou todos os esforços para formar, em nosso estado, uma frente de esquerda, o que acabou se concretizando em torno de Lindberg Farias como candidato ao Governo Estadual, vincando o nosso perfil e buscando resgatar a nitidez à esquerda.

2.2 – Esta frente reuniu PT, PCdoB, PSB, PV e setores do PDT. Os comunistas jogaram papel decisivo para a viabilização política da frente que, até pouco antes da eleição, reunia apenas o PT e o PCdoB.

2.3 – Para permitir a ampliação da frente de esquerda e seu consequente fortalecimento, os comunistas fizeram importantes movimentos, como a retirada da pré-candidatura de Jandira Feghali ao Governo Estadual e depois com a retirada da candidatura de Jandira Feghali ao Senado, o que viabilizou a integração de PSB e PV.
2.4 – A candidatura Lindberg, além de concorrer com adversários poderosos, cada um com uma máquina própria (Pezão, Crivela e Garotinho), enfrentou ainda a resistência de setores do próprio PT ligados às máquinas municipais que fizeram, mais ou menos abertamente, a campanha do Pezão. A campanha do majoritário estadual também foi marcada por constantes erros de direção por parte da coordenação da campanha e do candidato. O principal deles foi se distanciar da candidatura Dilma, buscando aproximar-se do voto marinista – ainda que não fizesse campanha para Marina – e descolar-se do desgaste do PT. Tal estratégia era claramente ineficaz e foi, em vão, insistentemente criticada pelo PCdoB. Os camaradas que integravam a coordenação da campanha majoritária ao governo constantemente registravam a necessidade de Lindberg se apresentar no estado como principal ponta de lança da candidatura Dilma. Registre-se que Dilma não tomou iniciativas de apoio a Lindberg, embora isso não justifique o erro de condução política do candidato a governador pela Frente Popular.

2.5 – A visão predominante na coordenação da campanha majoritária (visão esta defendida em primeiro lugar pelo candidato) superdimensionava o papel da TV na batalha eleitoral. A consequência foi direcionar todos, ou quase todos, os recursos para os programas de TV e rádio, subestimando a necessidade de potencializar as chapas proporcionais dos partidos da coligação. Os candidatos a deputado federal e estadual, importantes militantes da campanha Lindberg, foram na prática subestimados.

2.6 – O Partido foi atuante na coordenação da campanha, porém sem poder de interferir decisivamente na condução concreta, que acabou sendo dirigida por profissionais de marketing e por Lindberg, resultando em uma perda de identidade política. Ao contrário da Dilma, que já no primeiro turno fez o enfrentamento aberto com Marina Silva e Aécio, politizando o debate, a estratégia de campanha adotada pelo majoritário estadual levou a certa pasteurização do candidato.

2.7 – Ao final a frente popular foi derrotada. No primeiro turno Lindberg alcançou 10% dos votos, ficando em quarto lugar no estado e em quinto lugar na capital.

2.8 – A ida para o segundo turno do candidato do PMDB, Pezão (40,57%) e de Crivela (20,26%) e ao final a vitória de Pezão no segundo turno (55,78%) impõe uma reflexão mais aprofundada sobre os reais impactos das mobilizações de junho de 2013 e os desafios para a constituição de uma frente de esquerda no estado. Neste aspecto chama a atenção o fato de que, no 2º turno, os votos nulos, em branco, somados às abstenções totalizaram 4.348.950 eleitores (35,85% do eleitorado apto), superando a votação recebida pelo governador eleito (4.343.298 votos). O Rio também ficou acima da média nacional em termos de brancos e nulos para presidente, o que foi a opção de 13% dos eleitores em nosso estado, enquanto a média nacional foi de 6,34%. Registre-se ainda que, no 2º turno, a votação para presidente superou a votação para governador (8.169.271 / 7.786.011).
2.9 – Em relação ao segundo turno estadual, o Partido, tendo em conta orientação da Comissão Política Nacional , optou pela “neutralidade diante das duas candidaturas, visando fortalecer a campanha nacional”, pois os dois candidatos (Pezão e Crivela) declararam apoio à candidatura Dilma, e interessava “aos trabalhadores e ao povo que os dois candidatos coloquem todo o peso possível em favor da reeleição da presidenta Dilma”.

2.10 – Tal orientação revelou-se correta pois permitiu ampla mobilização da militância em torno do objetivo de garantir a vitória do campo progressista nacional no estado, sem as condicionantes que seriam consequência do apoio a qualquer uma das candidaturas.

3) O desempenho eleitoral do PCdoB-RJ

3.1 – O PCdoB-RJ não alcançou seu objetivo de eleger dois federais e de ampliar a bancada de estaduais, mantendo suas posições e permanecendo no mesmo patamar de 1 federal e 1 estadual: reelegeu Jandira Feghali deputada federal (em coligação proporcional com PT e PSB) e Enfermeira Rejane Deputada Estadual (em chapa própria). Parabenizando estas duas camaradas, parabenizamos também todo o esforço de nossas candidatas e candidatos e de nossa militância, que se empenharam, diante de condições desfavoráveis, em levar a sigla e as propostas do partido a todo o estado.

3.2 – Valorizamos também a eleição do camarada Batista Lemos como primeiro suplente do Senado, construção que envolveu grande luta onde se destacou o papel da camarada Jandira (no momento da definição da primeira suplência Jandira exercia a presidência interina do Partido). O posto ocupado por Batista ainda pode ser – dependendo do desenvolvimento do cenário político – uma trincheira importante para o Partido.

3.3 – Não ter ampliado a representação parlamentar, no entanto, significa uma dificuldade concreta para a movimentação e a articulação política do Partido no estado, embora o Partido tenha saído valorizado no campo da esquerda e entre as forças progressistas.

3.4 – A nominata com os candidatos a deputados federal e estadual do Partido foi aprovada em convenção eleitoral unitária que enfrentou arbitrariedades da juíza da propaganda eleitoral do TRE, mas foi concluída vitoriosamente, e ainda em novembro de 2014 a ação movida pela juíza contra Jandira e o Partido teve desfecho favorável aos comunistas.

3.5 – O PCdoB sai da campanha com autoridade política pelo protagonismo, lealdade aos projetos estadual e nacional, o que conferiu maior força para retomar a iniciativa da articulação deste campo, em torno da luta pelas reformas democráticas.

3.6 – Podemos listar algumas das várias causas que interferiram para a não ampliação das nossas bancadas:

a) O sentimento de insatisfação com a política em geral e com o governo federal em particular (inclusive com forte viés anti-petista, promovido de forma intensiva pela mídia golpista) que atingiu parte significativa da população, não encontra no PCdoB um porta voz com fisionomia própria (pois corretamente defendemos o governo que é alvo das principais denúncias), fazendo com que o partido perca antigas faixas de opinião que votavam tradicionalmente nos comunistas, sem conseguirmos estabelecer, por outro lado, novos redutos eleitorais que compensem àquelas perdas.

b) Ligado a isso o sentimento de rejeição ao discurso político dificultou a abordagem para o pedido de voto e, portanto, diminuiu ainda mais o campo do voto de opinião que, com algumas exceções, vai encolhendo a cada eleição, crescendo a abstenção, votos nulos e brancos e o fisiologismo.

c) Como uma das consequências, temos o avanço do conservadorismo no estado. Como vimos na primeira parte deste documento a votação de Dilma diminuiu em relação a 2010 e em especial na capital onde caiu mais de 10%. O estado do Rio tem por característica uma forte concentração econômica e populacional na capital (39,83% dos eleitores), cuja influência se espraia para toda a região metropolitana. Sendo o centro vital político do estado com peso desproporcional em relação ao interior, é na capital que o Partido concentra o principal de suas atividades e portanto é afetado, para o bem ou para o mal, no que impacta o ambiente político da cidade do Rio. (Exemplificando: a cidade de São Paulo concentra em sua capital 27,44% dos eleitores e Minas Gerais concentra em Belo Horizonte 12,53% dos eleitores).

d) Nosso candidato ao governo estadual não teve um bom desempenho eleitoral, principalmente na capital onde obteve 7,64%.

e) Nosso desempenho deve ser situado no contexto de um recuo geral da esquerda que apoia o governo Dilma, que para deputado federal viu sua votação diminuída em média cerca de 25% (considerando PT-PDT-PCdoB). A votação nominal do PCdoB para deputado federal caiu – em relação a 2010 – nacionalmente em 30,5%. Para deputado estadual a votação aumentou nacionalmente em 15,8% mas nas capitais o índice foi negativo em 7%. Elegemos deputados federais em nove estados da federação (eram 11 em 2010).

f) Aumentou a fragmentação dos votos para deputado federal, com a Câmara passando de 22 para 28 partidos.

g) Registre-se ainda o aumento do uso das máquinas das prefeituras e do estado na captação de votos e a forte abstenção para deputado federal, que passou dos 40%.

h) Não contamos com um vereador na capital, o que poderia ser fundamental para fortalecer a busca por nossos objetivos.

3.7 – Estes dados mais gerais da realidade não eludem, antes realçam, a necessidade de examinarmos mais amiúde os eventuais erros de condução de campanha, de tática eleitoral e até mesmo de construção de mandatos que não permitiram a consecução de nossos objetivos.

3.8 – Para aprofundamento da discussão, elencamos inicialmente quatro pontos principais:

i) – A falta de protagonismo político e a pouca estruturação partidária nos Comitês Municipais e nas bases é sério entrave ao desempenho de um partido que sempre teve a militância como um forte trunfo nas disputas eleitorais. Comitês municipais e bases sem vida partidária (sem agitação, comunicação, formação, movimento social, etc), ou que limitam a sua atuação a projetos eleitorais, ou que se deixam instrumentalizar por aliados mais fortes ou em posição de poder, pouco contribuem para a formação de reais áreas de influência do Partido.

j) – O insuficiente comprometimento dos prefeitos do Partido, em graus diferenciados, (e de parte significativa de vereadores não candidatos) com o projeto eleitoral foi visível. A natural amplitude inerente às relações políticas que caracterizam a atuação de um prefeito não justificam o distanciamento dos objetivos particulares do PCdoB.

k) – A precária base material (sustentação financeira) que marcou toda a campanha foi sem dúvida um importante fator de limitação de nossa atuação nas eleições. Revela insuficiente compreensão, por parte do Partido e em especial de sua direção, sobre a questão de finanças e exige um urgente debate sobre este tema para que avancemos na construção de saídas viáveis para a sustentação de nossos objetivos políticos.

l) – O fortalecimento de nossa unidade interna é um elemento a ser a cada dia mais trabalhado, com esforço crítico e autocrítico de todos os militantes e dirigentes, para que as ações dos comunistas convirjam sempre para o que interessa ao partido e à revolução social.

Ainda sobre o resultado das eleições no estado destacamos os seguintes pontos:

3.9 – Pela direita, o fortalecimento do voto fisiológico e conservador – A coligação PMDB-PP-PSC-PSD-PTB, elegeu 19 deputados federais. Todos nomes que vão da extrema-direita (caso do mais votado, Jair Bolsonaro, com 464.572 votos) até no máximo ao centro, mas com predomínio amplo da direita. O cenário na Alerj não é diferente. A maioria dos 15 deputados eleitos pelo PMDB tem perfil conservador e/ou fisiológico, sem falar nos quatro do PP (inclusive Flávio Bolsonaro) e em outros espalhados por diversas siglas. A composição majoritariamente conservadora/fisiológica da ALERJ será fator de constante tensão, e embora garanta maioria ao governador Pezão, tentará sem dúvida influir negativamente nos rumos do governo.

3.10 – Pela esquerda, o fortalecimento do PSOL – O PSOL elegeu três deputados federais e cinco estaduais. Não obstante a posição política da maioria das lideranças do PSOL no segundo turno, quando apoiaram Dilma, é preciso registrar que o PSOL ganhou muito com sua postura anti-Dilma que marcou sua atuação até o primeiro turno, atraindo os votos de parcela considerável da opinião pública insatisfeita com o governo federal. Prova disso é que sua principal liderança parlamentar, Marcelo Freixo (eleito com 350.408 votos) foi o mais votado em Niterói, onde Aécio venceu no primeiro e no segundo turno. Independente disso, o PSOL sai credenciado como uma influente força política no estado do Rio.

3.11 – Votação nominal do PCdoB no Estado – Em comparação a 2010 o PCdoB caiu sua votação nominal para deputado federal de forma abrupta: de 274.513 votos para 91.415. É importante salientar, no entanto, que em 2010 concorremos com chapa própria para deputado federal e em 2014 nos coligamos. Para deputado estadual, mantivemos nosso patamar: 2010 – 143.591, 2014 – 143.668, embora na capital nossa votação para deputado estadual tenha diminuído: 63.647/43.521.

3.12 – Jandira – Apesar da redução de sua votação, Jandira – considerando que não conta com base regionalizada ou sustentação institucional, religiosa ou não – foi a parlamentar mais bem votada entre os candidatos de opinião da coligação e da base do governo Dilma, saindo valorizada como liderança de esquerda.

3.13 – Votação da Rejane – Destaque positivo – Uma liderança comunista que sai fortalecida foi a camarada Rejane, que aumentou sua votação em 61,60%. Diante deste quadro de recuo na votação geral do Partido, Rejane destoa positivamente e mostra profunda ligação com sua base, além de competência no exercício parlamentar.

3.14 – Seropédica – Outro destaque positivo foi o desempenho do camarada Max Goulart. Apesar de não ter alcançado o objetivo de se eleger saiu fortalecido como o deputado estadual mais votado de Seropédica, com 12,52% dos votos.

3.15 – São Gonçalo – O camarada Adolfo Konder também alcançou expressiva votação em sua principal base de apoio político, sendo o quarto mais votado de São Gonçalo, com 21.357 votos.

Em anexo seguem as tabelas com dados sobre as eleições no estado.

4) Conclusões e propostas:

4.1 – Foi correta a iniciativa de compor a Frente Popular. Apesar da derrota eleitoral, construir uma frente tendo um forte núcleo de esquerda em nosso estado é uma exigência objetiva se queremos de fato impulsionar a luta por mudanças estruturais em nosso país, permitindo maior acumulação à esquerda.

4.2 – Também foi importante o esforço de atrair novas lideranças para compor nossa chapa, o que foi decisivo para viabilizar a eleição de uma deputada estadual (Enfermeira Rejane) em chapa própria.

4.3 – Devemos fortalecer e consolidar o esforço em curso de formatar um amplo campo de esquerda no Rio de Janeiro, em torno de duas bandeiras principais: a reforma política e a reforma da mídia, indo muito além de uma frente eleitoral. A estas bandeiras acrescentamos uma terceira para dialogar diretamente com a realidade do Rio: a reforma urbana com foco na realidade do povo trabalhador fluminense. Os Comitês Municipais devem se esforçar para em suas regiões construírem o campo de esquerda, que envolva além dos partidos os movimentos sociais, personalidades do mundo da politica local, na perspectiva de fortalecimento de nosso campo estadual e nacional, realizando atividade próprias (nos municípios) em torno da campanha pelas reformas.

4.4 – Para conjugar uma atuação ampla com a necessidade de fortalecer um núcleo de esquerda em nosso estado adotaremos, neste momento, em relação ao Governo Pezão, uma posição de independência, por sua relação de apoio ao governo Dilma. Não faremos oposição sistemática, buscaremos diálogo e relação política com Pezão mas não integraremos o governo, tendo na participação no governo Eduardo Paes um canal privilegiado junto ao PMDB. A participação na gestão do governo municipal deve ser alvo de constante avaliação política, principalmente por parte do Comitê Municipal da Capital.

4.5 – Realizaremos, nos primeiros meses de 2015, um Seminário sobre Reforma Urbana, onde o Partido elabore uma bandeira (ou bandeiras) que sirva como motor para a atuação do partido nos movimentos sociais e também como elo para aproximar a população destes movimentos. Partindo de uma bandeira que seja justa e compreensível para todos podemos, a partir daí, abordar temas ainda mais avançados.

4.6 – Devemos deslocar o centro de gravidade da nossa atuação para as bases, transformando 2015 no ano da estruturação partidária no Estado do Rio. Municipais e bases sem vida partidária real não ajudam nem na luta cotidiana e muito menos na luta eleitoral. A questão de afirmar a identidade comunista do Partido é fundamental para que o PCdoB seja de fato referência de uma esquerda mais avançada. Isso passa por construir o Partido de forma a que ele tenha, nas diversas regiões do estado, atuação constante na vida no povo. Limitar o partido a batalhas eleitorais nos transforma em uma legenda como outra qualquer.

4.7 – No primeiro semestre de 2015 o Partido nacionalmente fará um intenso debate sobre sua organização. Propomos que, em relação a este tema, o centro de nossa preocupação seja a reestruturação do Partido entre os trabalhadores (as). A presidência, a Secretaria Estadual de Organização, a Secretaria Sindical e nossos dirigentes na CTB já estão se debruçando sobre esta questão, mas todos estão chamados a tratar tal tema como prioritário, o que não quer dizer descuidar da nossa atuação em áreas fundamentais, como a juventude, mulheres e intelectualidade progressista. Propomos realizar, no início de 2015, um Encontro Estadual para tratarmos da organização dos trabalhadores. Nossa consigna deve ser: Reforçar o caráter de classe e ação política do Partido, tanto no movimento social, quanto na luta de ideias e na batalha institucional!

4.8 – Sem recuar um milímetro na linha de um Partido de portas abertas, devemos buscar construir critérios claros e densos sobre a admissão de lideranças eleitorais. Essas lideranças, durante o processo eleitoral e depois, quando se elegem, são os principais porta-vozes do Partido diante do povo. Defender a Identidade Comunista e não reconhecer que necessitamos enfrentar este debate, é na prática transformar a consigna da defesa de nossa identidade em uma palavra de ordem destituída de conteúdo.

4.9 – De acordo com a orientação nacional de buscar reforçar nosso protagonismo e nossa fisionomia própria, devemos desde já nos preocupar em criar condições para, onde for possível, formar chapas próprias e mesmo candidaturas majoritárias, nas eleições municipais de 2016.

4.10 – Na capital devemos estudar e trabalhar desde já a estratégia para recuperar nossa cadeira na Câmara de Vereadores do Rio.

4.11 – Devemos aperfeiçoar o acompanhamento, pela direção, dos municípios onde temos prefeito, além daqueles onde temos mandatos ou ocupamos espaços institucionais, inclusive adotando a prática de elaborar balanços regulares sobre a atuação do Partido nestes espaços.

4.12 – Estruturar a partir das orientações do Encontro Nacional de Formação e Propaganda, a se realizar em janeiro de 2015, um programa de formação partidária, nucleado nos cursos de nível I e II, que abranja todas as regiões do estado.

4.13 – O governo Dilma sofre forte ofensiva da direita antes mesmo de assumir o segundo mandato. Esta ofensiva assume inclusive ares golpistas, com parte da mídia hegemônica pregando o impeachment. Não devemos subestimar a luta de classes no plano político e ideológico. A tendência inclusive é de que ela se torne cada vez mais intensa e radicalizada. O dever do Partido Comunista é estar na linha de frente ao lado do povo, e para isso o fortalecimento do PCdoB-RJ e sua cada vez maior inserção no movimento popular é imprescindível e inadiável. Consideramos que a reeleição da presidente Dilma tem sentido histórico. Dar consequência a isto é sustentar a luta pelo êxito de sua gestão o que está relacionado a impulsioná-la no sentido das mudanças já assumidas em seu programa de governo.

Vamos à luta!

COMITÊ ESTADUAL – PCdoB – Rio de Janeiro – 29/11/2014

 

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