Rui Falcão: “A eleição acabou e a oposição precisa descer do palanque”

O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou em entrevista à jornalista Tereza Cruvinel, do Brasil 247, que “a oposição precisa descer do palanque” e que seu inconformismo com a vitória da presidente Dilma traduz o temor de que, se ela fizer um segundo mandato melhor do que o primeiro, o PT tenha a perspectiva de ganhar novamente as eleições de 2018.

Rui Falcão coletiva de imprensa

“A eleição acabou e o resultado é inquestionável. A presidenta Dilma foi reeleita com um programa de continuidade das mudanças e está montando seu ministério. Suas contas de campanha foram aprovadas, ela será diplomada e tomará posse. Por sinal, faremos uma grande festa em sua posse. Agora, a vida precisa continuar. O Brasil é um país grande, cheio de problemas. Os avanços têm sido grandes, mas precisam prosseguir. A população quer que o país continue crescendo, distribuindo renda, aumentando salários, criando empregos, realizando novos investimentos e obras de infraestrutura. O PT está preocupado com o Brasil. A eleição acabou e a oposição precisa descer do palanque”.

Falcão reforçou as declarações feitas pelo ex-presidente Lula, durante lançamento do 5º Congresso Nacional do PT, na semana passada, de que foram os governos de Lula e Dilma que implantaram políticas efetivas de combate à corrupção. “Precisamos nos apropriar do que fizemos nesta área. Foi o PT que criou a CGU, deu independência à Polícia Federal e ao Ministério Público, implantou a Lei de Acesso à Informação e agora a lei que pune corruptos e corruptores. Exatamente porque o combate à corrupção aumentou, ela hoje aparece mais”.

Ele completa: “A recente pesquisa Datafolha mostrou que a população reconhece que nunca houve tanto combate e que nunca os corruptos foram tão severamente punidos, alcançando os que antes eram intocáveis, como políticos e empresários. Basta ver quantos escândalos do passado continuam cobertos pela impunidade, como Pasta Rosa, Sivam e o mensalão mineiro, cujos crimes estão prescrevendo sem qualquer punição. A lista é grande. Para sacudir o estigma que nos foi lançado pela mídia monopólica e alguns partidos de oposição, que nos acusam de fazer o que sempre fizeram, temos que ir para a rua, mostrar tudo isso”

Maior participação dos aliados

Falcão defende a participação dos aliados no governo de coalizão para assegurar a governabilidade, mas reitera a importância de um relacionamento mais estreito com os movimentos sociais e a sociedade civil. “Temos uma base aliada que, se contabilizada pelo número de deputados e senadores, nos garante maioria no Parlamento. Mas temos que ampliar esta governabilidade, chamando também à responsabilidade os governadores e os prefeitos de capitais. E também incorporando os movimentos sociais e a sociedade civil, com mais diálogo e mais participação”, enfatizou.

O presidente do PT defende o retorno do chamado “Conselhão”, que inclui empresários, trabalhadores e sociedade civil. “O maior envolvimento e compromisso da sociedade civil é fundamental no enfrentamento dos novos desafios. A crise mundial tem repercussões no Brasil e estamos tomando as medidas para que a população não pague pelos erros dos que a provocaram. Mas é preciso muito esforço, muita unidade nacional, muita unidade da coalizão partidária para mantermos as condições políticas que nos têm permitido beneficiar a maioria da população e dela obter reconhecimento”, disse.

Regulação da mídia

Na entrevista, Falcão também abordou a proposta de regulação da mídia destacando que a presidenta Dilma Rousseff se comprometeu a fazer uma consulta popular no segundo semestre. “Precisamos regular o artigo 221 da Constituição, que proíbe monopólios e oligopólios. O 222, que obriga a descentralização regional da produção de conteúdos, hoje 90% concentrada no eixo Rio-São Paulo. E também o 223, que prevê o equilíbrio entre os sistemas de comunicação público, estatal e privado. Já implantamos a base do sistema público com a EBC, mas precisamos fortalecê-lo, dar-lhe condições de desenvolvimento e competitividade. Tudo isso, a nosso ver, estará melhor localizado na Secom. E sem esquecer o artigo 220, que garante plena liberdade de expressão. Ou seja, nada de censura ou controle de conteúdo, coisa que nunca defendemos”, salientou.

Fonte: Brasil 247