O Projeto Eleitoral 2014 e as Perspectivas para o Partido em BH

Vivemos em 2014, um dos mais acirrados combates da historia política eleitoral do país. De um lado, a candidatura de Dilma Rousseff que representou o projeto das mudanças, dos avanços e de um novo ciclo de transformações para o país. Do outro lado, a candidatura de Aécio Neves, apoiada pela oligarquia financeira, a mídia tradicional e os partidos conservadores, em defesa do projeto neoliberal que levaria ao retrocesso.

Nessa polarização entre dois projetos antagônicos, Dilma sai vitoriosa. Essa vitória tem um grande significado não apenas para o povo brasileiro, mas para todas as forças democráticas do mundo e especialmente para os povos latino-americanos, na sua incansável luta pela democracia e integração da América Latina.

Para vencer a investida reacionária e assegurar a 4ª vitória do povo, a militância foi para as ruas, nas redes sociais, nas escolas, nos locais de moradia e trabalho defender o projeto mais avançado encabeçado pela Dilma. As entidades sindicais e dos movimentos sociais com destaque para a UJS e CTB jogaram importante papel.

Devido á grande ofensiva realizada pelos conservadores e principalmente pela grande mídia, de desconstrução do governo Dilma, do PT e partidos de esquerda, houve uma forte redução das bancadas dos partidos da base da Dilma (61 cadeiras) principalmente dos partidos de esquerda, PT 18 deputados (-20,45%); PDT 09 deputados (-32,14%) e PCdoB 05 (-33,33%) parlamentares para a Câmara Federal.

Como consequência foi eleito para a próxima legislatura um Congresso mais conservador e com um menor número de representantes ligados aos trabalhadores, aos movimentos sociais e ao desenvolvimento econômico e social do país.

Na eleição para os Governos Estaduais os partidos da base da Dilma elegeram 19 governadores (70,38%) e a oposição (PSDB e PSB) elegeu oito governadores (29,62%)

No Senado, terminada as eleições, a base da Dilma garante a maioria das cadeiras (64,4%), 52 senadores em 81 eleitos. Na eleição de 2014 a sigla que elegeu mais senadores foi o PMDB com cinco candidatos vitoriosos nas urnas. Em seguida, estão PSDB e PDT, com quatro cada um; DEM e PSB, com três; PTB, PT e PSD, com dois; e PR e PP, com um. Para a Câmara Federal, foram 304 (59,2%) das 513 cadeiras.

Em Minas Gerais, a Campanha de Dilma foi vitoriosa, frustrando a expectativa tucana de terem 3 a 4 milhões de votos a mais para o seu candidato. Para o Governo do Estado o grande vitorioso é o ex-ministro Fernando Pimentel do PT, eleito no 1º turno 47.41% dos votos e o Pimenta da Veiga ficou com 45.14%, derrotando o PSDB após 12 anos de governo neoliberal no Estado. Sem dúvida uma grande vitória para as forças democráticas e populares.

Em Belo Horizonte, Dilma foi derrotada nos dois turnos das eleições. Obteve no primeiro turno 359.752 votos (25.11%) contra 771.692 votos (53.87%) obtidos pelo candidato Aécio Neves. No segundo turno a Presidenta atingiu 521.813 votos (35,73%) dos votos válidos e o Aécio 936.657 votos (64,27%). Os dados revelam forte crescimento das forças de direita em Belo Horizonte nos últimos anos.

A votação do PSDB cresceu a partir de 2002, passando ao predomínio nos votos para o governo Estadual. Em 2002 o Aécio teve 44.73% e Nilmário 41.86%; Em 2006, Aécio teve 82.47% dos votos e Nilmário 15.78%; Já em 2010 Anastásia obteve 71.40% e Hélio Costa 22.64%. Nas eleições para Presidente da República o Serra ganhou em 2010 com 50.40% e Dilma 49.60%; e o Aécio sai vitorioso em BH em 2014.

Neste último pleito os tucanos ganharam mais força ainda na capital, na medida em que o atual prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda do PSB, que não apoiando os candidatos do seu partido, decidiu pelo apoio a Aécio Neves para Presidência da República e Pimenta da Veiga para o governo do Estado, mobilizando a estrutura da prefeitura no apoio aos candidatos tucanos. Este fato aponta para uma clara adesão, por parte do prefeito, ao projeto tucano, de base neoliberal, o que o coloca em contraposição à opinião do PCdoB de defesa do projeto democrático e popular, expresso na aliança em torno da presidente Dilma. Este posicionamento aprofundou-se com a eleição do Vereador Wellington Magalhães para a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte, apoiado abertamente pelo prefeito, em polêmico processo de controle de vereadores e sob influência do ex-secretário aecista Danilo de Castro.

Desempenho geral do PCdoB

O PCdoB teve um papel destacado na vitória da Presidenta Dilma, contribuindo com esforço redobrado nos momentos mais difíceis da disputa. O grande destaque do PCdoB nacionalmente foi a eleição do nosso 1º governador, Flávio Dino, no Estado do Maranhão, 10ª maior Estado do país. Elegemos também o vice-governador do Rio Grande do Norte, Fábio Dantas.

Para a Câmara Federal, tivemos uma derrota eleitoral com a redução da bancada comunista de 15 para 10 deputados. Saímos de 2.747.983, para 1.913.015 votos, uma redução 30.39%. A votação do PCdoB para a Câmara Federal em 2014 representou 1.98% votos válidos. Para as Assembleias Legislativas, passamos de 18 para 25 deputados estaduais, uma votação 40% maior que a de 2010 o que representa significativa vitória.

Minas Gerais

Participamos ativamente da disputa presidenciável, contribuindo para a vitória da Dilma no 1º e 2º turno das eleições em Minas. O PCdoB deu importante contribuição para a eleição de Fernando Pimentel ao governo do Estado. Participou da coordenação geral, na elaboração do Programa de Governo e fez campanha organizada em todas as regiões do Estado.

Fomos vitoriosos na campanha federal com a reeleição da deputada Jô Moraes. Não conseguimos eleger o presidente estadual Wadson Ribeiro, que ficou na 3ª suplência da nossa coligação. Contudo existe a possibilidade de Wadson assumir o mandato federal.

Obtivemos significativa vitória eleitoral com a eleição de três deputados estaduais em Minas, sendo reeleitos Mário Henrique Caixa, Celinho do Sinttrocel e eleito Ricardo Faria, vereador em Contagem. Foi expressiva a nossa votação no Estado, com 406 mil votos em nossa chapa própria.

Belo Horizonte

A recondução da deputada federal Jô Moraes ao 3º mandato consecutivo assume relevância nacional para o PCdoB. Contudo, torna-se necessário, analisar a queda na votação.

No estado, a sua votação teve grande redução, passando de 105.977 para 67.650 votos em 2014. Em Belo Horizonte com uma meta de 70.000 mil votos, a redução foi ainda maior, de 56.348 votos em 2010, para 29.446 em 2014, uma diminuição de 47,71%, e de 2ª candidata mais votada em 2010, passou para o 8º lugar em 2014. Há de se discutir as causas essenciais dessa diminuição dos votos, como também de uma meta a ser alcançada um tanto superestimada dadas as dificuldades políticas, partidárias e do mandato já identificadas anteriormente, além das dificuldades financeiras.

Das nove regiões administrativas da capital, as maiores votações da Jô Moraes, continuam sendo na região leste (5.842 votos) e região noroeste (4.327 votos). Veja no quadro 01 a diferença de votos da deputada federal Jô Moraes, por região, nas eleições de 2010 e 2014.

Diferença de votos por região de BH da deputada Jô Moraes 

Região 2010 2014
Leste 10.977 5.842
Noroeste 8.874 4.327
Nordeste  7.945 3.372
Centro Sul 6.943 2.864
Barreiro  5.902 2.442
Oeste 5.560 3.460
Venda Nova 3.795 2.056
Norte 3.313 2.584
Pampulha 3.039 2.499
Sub-Total 56.348 29.446
Fonte: TSE (2010/2014)

Dentre as causas dessa redução na votação, consideramos:

• O ataque sem tréguas principalmente pela mídia tradicional de desconstrução do governo Dilma, do PT e partidos de esquerda, refletiu na votação do PCdoB nacionalmente, em Minas e especialmente em Belo Horizonte.

• A derrota da Dilma na maioria das capitais e em grandes centros urbanos, a exemplo do que aconteceu em Belo Horizonte, sofrendo a 2ª derrota consecutiva para os tucanos. Em 2010 para Serra e 2014 para Aécio Neves, impactou também a nossa votação;

• Integração insuficiente entre algumas candidaturas estaduais e a candidatura federal. Buscar maior aprofundamento da estratégia definida pelo partido que incluiu a pluralidade de candidaturas;

• Problemas vividos pelo partido na capital, tanto a nível político quanto de estruturação partidária, agravado por um orçamento insuficiente para a construção partidária;

• Pequena inserção do partido nos movimentos sociais, nas lutas do povo, principalmente nas lutas políticas;

• Dificuldades na integração do mandato federal com as bases do Partido e a necessidade de maior contribuição na construção partidária.

• Falta de planejamento financeiro antecipado para uma disputa cada vez mais inflacionada e concorrida.

Para a candidatura de Wadson, foi obtido 3.723 votos o que equivale a 74,4% da meta de cinco mil votos. Um resultado positivo, pois, pela primeira vez se fez campanha para dois candidatos do partido na capital. Para a Assembleia Legislativa, tivemos 15 candidatos na chapa própria do PCdoB, sendo que o candidato estadual Mário Henrique Caixa foi o 2º mais votado do Estado com 130.593 votos e o deputado mais votado em BH, com 46.424 votos. Votação de outros candidatos em BH: Gilson Reis (14.273), Zito Vieira (6.370), Ricardo Faria (6.061), Romualdo (2.182), Celinho do Sittrocel (2062), Geraldo Pimenta (1.719), Geromira (1.694), Julio do Alto (1.634), Luiza Lafeta (1.533), Maria Jose Chiodi (735), Joana Darc (643), Mauricio Minério (558), Alexandro Faleiro (509), Jair Gomes (473), Carlos Rezende (451), Renata Rosa (433), Marcia Ferreira (305), Carlos Silveira (203).

A contribuição de todos os candidatos e da militância possibilitou que o PCdoB tivesse mais do dobro da sua votação em relação a 2010. Em 2010 tivemos 43.785 votos para estadual e 90.263 votos em 2014, superando a meta de 70 mil votos para a chapa estadual em Belo Horizonte.

Perspectivas:

1- Contribuir para a construção de uma nova maioria política e social para sustentar a quarta vitória do povo diante da agressividade da oposição que não aceitando a derrota trabalha pelo impeachment da Presidenta Dilma.

2- Reforçar a luta pela realização das reformas estruturais, principalmente a reforma política democrática e a regulação dos meios de comunicação.

• Mobilizar a militância partidária e os movimentos sociais para debater e apoiar o Projeto de Iniciativa Popular da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas e o Projeto de Democratização dos Meios de Comunicação.
3- Fortalecer o partido em Belo Horizonte, buscando desde já maior protagonismo político eleitoral em 2016.
• Definir a nossa participação na disputa pela prefeitura em 2016, indicando, candidatura do PCdoB para essa importante batalha eleitoral.

• Fortalecer o mandato comunista na câmara municipal trabalhando por sua recondução e ampliação da bancada em 2016.

• Filiar novas lideranças que se identifiquem com a política do partido, na construção da chapa própria para a Câmara Municipal, fortalecendo as candidaturas femininas desde já para garantir uma acumulação eleitoral das mulheres.

• Definir após análise da votação do PCdoB, o fortalecimento e a constituição de redutos partidários e eleitorais e fortalecer as bases do partido em todas as regionais, de forma concreta e objetiva.

4- Retomar a elaboração do diagnostico da realidade de Belo Horizonte, do ponto de vista político, econômico, social e da luta de ideias, definindo prioridades e o projeto para a cidade que queremos.
5- Buscar maior inserção nos movimentos sociais, com ação política mais efetiva e bandeiras que mobilizem os principais setores, como trabalhadores, a juventude e as mulheres, incorporando nessa ação o combate ao racismo e ao machismo. Dar especial atenção à nossa atuação junto aos setores médios.

6- Impulsionar a vida partidária, reforçando a organização desde as bases. Fortalecer o Comitê Municipal. Investir na formação dos militantes e quadros das direções intermediárias do partido e no crescimento e funcionamento partidário.

• Planejar o papel dos mandatos federal, estaduais e municipal na estruturação do partido em Belo Horizonte, destacando o reforço dos seus compromissos estatutários;
7- Planejar realização de Seminário em Março, para debatermos o Projeto Político para Belo Horizonte, e a identidade do partido e suas linhas de construção, nos preparando também para o Encontro Nacional do Partido a ser realizado no 1º semestre de 2015.
Belo Horizonte 13 de Dezembro de 2014

Comitê Municipal do PCdoB-BH