FAO alerta sobre insegurança alimentar em razão do ebola

O número de pessoas que sofrem hoje insegurança alimentar em consequência do ebola na Guiné, Libéria e Serra Leoa poderá ultrapassar um milhão até março de 2015, informam especialistas da FAO e do PMA.

Ebola - Reprodução

“Essa situação se agravará, a não ser que melhore drasticamente o acesso aos alimentos e se estabeleçam medidas para proteger a produção agropecuária”, advertiram especialistas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

De acordo com suas pesquisas, as repercussões dessa doença podem ser devastadoras nos três países, que já enfrentam uma situação de insegurança alimentar crônica.

Fechamento de fronteiras, quarentenas, proibições de caça e outras restrições obstaculizam seriamente o acesso da população aos alimentos, o que põe em perigo seus meios de subsistência, transtorna os mercados de alimentos e as cadeias de processamento.

A epidemia também agrava a escassez, derivada das perdas agrícolas nas zonas com maiores índices de infecção do vírus do ebola, destacam em um relatório.

Dados reunidos neste mês durante um percurso pela Guiné, Libéria e Serra Leoa estimam que meio milhão de pessoas sofrem insegurança alimentar nesses três países da África ocidental.

A perda de produtividade e de rendimento das famílias devido às mortes e doenças relacionadas com o ebola e à evasão trabalhista por temor ao contágio somam-se à desaceleração econômica.

Esta situação produz-se em um momento no qual os três países precisam importar mais alimentos, mas as rendas declaradas pelas exportações de produtos básicos se veem afetadas.

As duas organizações com sede em Roma, a FAO e o PMA, sublinham como o surto de ebola tem causado uma grande comoção nos setores alimentar e agrícola das nações atingidas.

“Conquanto as perdas agrícolas parecem relativamente limitadas a nível nacional, produziram-se grandes diferenças na produção entre as zonas com altas taxas de infecção e outras regiões gravemente afetadas”.

A esse respeito, o subdiretor geral da FAO e representante regional para África, Bukar Tijani, indicou que o surto expôs a vulnerabilidade dos atuais sistemas de produção de alimentos e as cadeias de valor nos países contagiados.

“Seria necessário que a FAO e seus associados interviessem com urgência para superar os transtornos que sofrem a agricultura e o mercado e suas repercussões imediatas nos meios de subsistência, que podem produzir uma crise de segurança alimentar. Com um apoio oportuno é possível prevenir que o surto tenha consequências graves e duradouras nas comunidades rurais", acrescentou.

Fonte: Prensa Latina