Primeiro Minha Casa Minha Vida com gestão popular é entregue em SP
As primeiras 192 moradias do programa Minha Casa Minha Vida na modalidade Entidades – projetado e gerido por movimentos sociais – foram entregues neste sábado (20), em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo, em meio a muitos risos e lágrimas de famílias que pela primeira vez na vida vão sair do aluguel ou da moradia de favor.
Publicado 21/12/2014 14:57

O Condomínio João Cândido – nomeado em homenagem ao marinheiro negro, líder da revolta da chibata, em 1910 –, foi articulado entre o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento Sem Teto de Taboão da Serra (MST-Taboão). É um desdobramento bem sucedido das ocupações Chico Mendes, iniciada em 2005, e João Cândido, de 2007. “É um resultado impressionante. Muitos aqui são idosos que ocuparam, ficaram embaixo de lona, com barro no pé, participaram de manifestações. Essa conquista não foi presente de ninguém. É fruto da organização e da luta dessas famílias”, destacou o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos.
A entrega das chaves contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), criador do programa, que se disse impressionado com a qualidade e o tamanho das moradias. O ex-presidente considera que o programa evoluiu, mas as casas podem melhorar mais. “Eu vou levar o nome do empresário para a presidenta Dilma. Mandei fotografar. Vamos provar que é possível, como o mesmo dinheiro, fazer apartamento de qualidade para as pessoas humildes desse país”, afirmou Lula.
Lula lembrou que quando propôs o programa, em 2009, muitos não acreditavam que seria possível e os primeiros resultados foram decepcionantes. “Fomos visitar uma das primeiras obras, em Governador Valadares, Minas Gerais. Se eu não fosse presidente da República, e não tivesse de respeitar uma certa liturgia, eu tinha me pegado de cacete com os caras que cuidaram daquela casa. Não estava acabada, não tinha estuque, não tinha porta e o chão era de terra. Tudo para fazer mais barato. Comecei a ver as casas e fui ficando indignado.”
De quase 3 milhões de unidade entregues ou com obras em andamento do programa Minha Casa Minha Vida, somente 50 mil foram construídas por ess modalidade, em que cerca de 1,5% do orçamento total do programa é direcionado para entidades populares que organizam movimentos por moradia. As unidades padrão têm 39 metros quadrados e, no geral, são destinadas a famílias com renda entre três e seis salários mínimos (até R$ 4.344).
Os apartamentos entregues neste fim de semana são destinados a famílias com renda abaixo de três salários mínimos (R$ 2.172). E têm entre 56 e 63 metros quadrados, com dois ou três dormitórios. São três blocos de oito pavimentos, com oito apartamentos por andar, elevadores, áreas comuns e centro comunitário. A construção teve fiscalização dos futuros moradores.
“É o maior apartamento do programa no país. E está sendo feito com o mesmo recurso que outros, que fazem algo menor. Isso demonstra que a modalidade Entidades tem de ser ampliada e fortalecida. O modelo sofre muita resistência, porque tem muita gente nesse país que acha que o povo não sabe gerir projeto”, afirmou Boulos.
Fonte: RBA