Comunistas italianos defendem leninismo e internacionalismo

Na assembleia realizada no último sábado (20), no quadro da campanha pela reorganização do Partido Comunista, Fausto Sorini, secretário de relações internacionais do Partido dos Comunistas Italianos (PdCI), e membro da presidência do Centro de Estudos Correspondências Internacionais, fez uma intervenção destacando a importância da “melhor tradição marxista” e do internacionalismo. Leia a íntegra.

Gramsci - Reprodução

No manifesto que lançamos fundamentando nossa campanha, falamos, entre outras coisas, de uma “presença comunista autônoma, que se proponha a sua reorganização em partido, que saiba unir nesse processo todas as forças comunistas com uma cultura política afim (grifo no texto – ndr) que de diferentes maneiras reivindicam, atualizando-o, o melhor patrimônio político e ideológico da experiência histórica do PCI, da esquerda de classe italiana e do movimento comunista internacional, e a melhor tradição marxista, a partir da contribuição de Lênin e Gramsci”.

O manifesto prossegue: “Com um claro posicionamento internacionalista e anti-imperialista; consciente de que, em face de um imperialismo que visa a perturbar a soberania nacional de muitos países para quebrar a resistência, a defesa de tal soberania assume na nossa época uma grande relevância e é uma precondição para a afirmação do protagonismo dos povos”.

E afirmamos que “aos comunistas, organizados em partido, é também confiada a tarefa de levar à luta social e à dialética política uma visão geral das contradições do desenvolvimento capitalista, e uma percepção madura da dinâmica internacional e da perspectiva mundial”.

São palavras densas, que se distinguem estrategicamente e ideologicamente de quase todos os demais componentes da esquerda italiana, com os quais, porém, queremos colaborar, absolutamente, sobre coisas que unem, a partir do apoio convicto e unitário às lutas do mundo do trabalho.

São palavras que estão em sintonia com a quase totalidade dos grandes partidos comunistas do mundo: o de Cuba ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB); o da África do Sul ao da Síria e Palestina; dos comunistas portugueses aos da República Tcheca, aos cipriotas, russos, ucranianos, indianos, vietnamitas, japoneses, aos comunistas da grande República Popular da China, onde se está afirmando, de forma inédita, uma perspectiva socialista naquela que se transforma na maior potência econômica do planeta.

Estamos falando da grande maioria do movimento comunista mundial; de partidos que não renegaram o leninismo, mas que estão empenhados como nós num grande esforço de atualização e regeneração da sua força política e teórica no novo século. E que esperam dos comunistas do país de Gramsci e Togliatti uma contribuição vital nesse sentido.

                                                                           Palmiro Togliatti

Estamos falando, entre outras coisas, ainda daqueles partidos comunistas que desenvolvem – de diferentes maneiras – um papel fundamental nos países Brics, que representam o maior trunfo para a perspectiva da luta contra a guerra e contra o imperialismo na nossa época.

Permitam-me dizer assim, em palavras simples, que hoje – na esquerda e entre os comunistas – não se compreende o papel estratégico dos Brics no atual contexto internacional – – e entre estes o papel essencial daquele potente arco econômico, político e militar formado pela aliança estratégica entre a Rússia e a China – quem não compreende isto, compreende verdadeiramente muito pouco sobre o que está acontecendo no mundo.

Quero dizer a vocês, companheiras e companheiros, nesta ocasião, que a grande parte das forças comunistas protagonistas da história do mundo do século 21 se expressou nos meses passados e também recentemente, por ocasião do encontro mundial dos partidos comunistas e operários realizado no Equador – de forma apropriada sem atentar contra o princípio da não interferência nos assuntos internos – toda a simpatia, a solidariedade, o apoio político e militante pelo esforço que temos empreendido pela reconstrução unitária na Itália de um partido comunista, que saiba ser um dia digno da grande história comunista que tornou famosas e respeitadas, no panteão dos grandes revolucionários do século 20, as figuras e patrimônios políticos e teóricos de Antonio Gramsci e Palmiro Togliatti – os únicos dois grandes dirigentes comunistas e revolucionários italianos que o movimento comunista internacional acolhe ao posto de honra, ao lado talvez de Garibaldi.

Agora façamos hoje a nós próprios uma promessa: procuremos trabalhar bem, ser dignos acima de tudo do respeito de nossa gente, porque sem isso não avançaremos a nenhum lugar; mas também de merecer a confiança e o apoio – não menos essencial e decisivo – das grandes forças que hoje têm aberta no mundo do século 21 a perspectiva do socialismo e do comunismo.

Fonte: Marx21 [www.marx21.it]; tradução do Portal Vermelho