Juca é o alvo

A mídia hegemônica colocou o recém-empossado Ministro da Cultura, Juca Ferreira, na linha de tiro. Para atingi-lo, O Globo e Folha de S.Paulo, na edição do dia 12/1, tentam estigmatizar militantes do movimento social ligados à mídia alternativa, chamados pelo Ministro para ajudar na nova gestão. 

Juca Ferreira assume cultura com proposta de fortalecer o setor

Nas matérias em que cobrem o ato de posse do ministro (edição de 13/1), os jornalões dão destaque às “denúncias” da ex-Ministra e Senadora Marta Suplicy e o jornal O Estado de S. Paulo, para esvaziar a grande demonstração de apoio à Juca durante o ato, diz que a significativa presença de autoridades e artistas foi uma “ação combinada do governo”. O destaque de capa de O Globo foi “Juca critica Cultura no 1º governo Dilma”. E por aí vai.

O ministro que não se cala

Entrevistado pela Folha de S.Paulo na edição do dia 13/1, Juca não se intimidou: “Juca Ferreira admitiu a possibilidade de nomear membros do coletivo Fora do Eixo para cargos na pasta”. E bateu: "Não adianta a Folha tentar criminalizar uma das organizações que surgiram nos últimos tempos". Em 2010, então Ministro da Cultura de Lula, Juca Ferreira enviou uma carta demolidora ao Jornal O Globo, que o atacava por tentar reformar a Lei Rouanet. Entre outras coisas Juca dizia: “O que se espera de um jornal efetivamente comprometido com a sociedade brasileira é que, em nome da grandeza cultural brasileira, coloque em segundo plano seus interesses como captador de recursos da Lei Rouanet”.

Cunha, o probo

Todos os que conheçam o mundo político do Rio de Janeiro sabem quem é o deputado federal Eduardo Cunha, favorito da mídia para o cargo de presidente da Câmara de Deputados (prometeu engavetar qualquer projeto de democratização da mídia). Citado por uma testemunha na operação Lava Jato, Cunha foi defendido na edição do dia 13/01 pelo colunista de O Globo, Merval Pereira, o mesmo que pediu o impeachment da Dilma, antes mesmo da posse para o segundo mandato, com base nos primeiros “vazamentos” da Lava Jato. Não riam, na coluna em defesa de Cunha, Merval reclama da “utilização política do processo do petrolão”.

Segue o endereço

Sob o título “Mar de Lama”, o colunista Ancelmo Gois informa, edição de 13/1 de O Globo, que a “Confraria do Garoto” promete lavar as escadarias do edifício sede da Petrobrás, no centro do Rio de Janeiro, em protesto contra a corrupção. Como apoiamos a luta contra todos os tipos de corrupção, inclusive a fraude tributária, oferecemos aos ativos membros da Confraria do Garoto e a outros interessados, o endereço da sede da Globo: Rua Von Martius, 22, Jardim Botânico. Solicitamos desde já a divulgação no “Ancelmo” das possíveis lavagens que venham a ser programadas.

Irrelevante

Para o colunista Ricardo Noblat a posse da presidente Dilma e o anúncio do novo ministério foram fatos políticos irrelevantes. Em O Globo, edição de 12/1, ele afirma textualmente que “o ano político de 2015 começou, de fato, ontem, com a entrevista da senadora Marta Suplicy à jornalista Eliane Cantanhede”. Jornalisticamente bizarro, politicamente esclarecedor.

Maquiavel de botequim

Entusiasmado com as declarações da senadora, Noblat toma como verdade textual o que foi dito por ela e afirma com a arrogância de quem tudo sabe: Dilma “foi capaz de se impor a Lula e barrar seus passos no caminho de volta à Presidência”. Qual um Maquiavel de botequim, Noblat tenta enfiar a cunha: “Na montagem do seu novo governo, ela (Dilma) deu um chega para lá em nomes indicados por Lula ou a ele ligados”, e continua: “Lula precisa mais de Dilma do que ela, no momento, precisa dele”. Tá bom Noblat, a gente já entendeu a tática. Muito sutil por sinal.

Vinicius não gostou

A Folha de S. Paulo publicou na edição de 12/01 entrevista com o professor americano Johns Hopkins, sobre os atentados na França. Logo no início, Hopkins destaca que “os terroristas eram cidadãos franceses, não eram imigrantes de vilarejos do Iêmen, então temos que nos perguntar porque se sentiam tão estrangeiros em seu próprio país”. O articulista da própria Folha Vinicius Mota, se leu, não gostou.

É proibido pensar

E não gostou pelo seguinte: Vinicius Mota cometeu um texto na edição de 12/01 onde desanca o escritor e ativista paquistanês Tariq Ali, que buscou fazer uma análise um pouco mais profunda dos atentados na França. Para Vinicius, no entanto, condenar o atentado e tentar entender suas causas e motivações é impossível e na prática, quem faz isso defende que os mortos “tiveram o que mereceram”. Ou seja, para o articulista da Folha, é proibido pensar!

Qual a tendência?

Baseado nas previsões de “especialistas”, principalmente da consultoria Tendência (citada 4 vezes) o caderno de Economia de O Globo, edição de 12/01, diz que em 2015 o crédito vai desacelerar e atrapalhar o crescimento do país, além de outras previsões igualmente negativas. Pode ser. Mas não seria o caso de informar aos leitores sobre o perfil dos especialistas que opinaram?
A consultoria Tendência, por exemplo, é do ex-ministro Maílson da Nóbrega, conhecido por sua arraigada convicção neoliberal. Outro especialista ouvido foi Ernesto Lozardo, ex-secretário estadual no governo de Fleury Filho, no estado de São Paulo. Ou “especialista” não tem tendência?

Não leram o livro

O Editorial de O Globo, edição de 12/01, volta a tratar das denúncias de corrupção na Petrobras como um caso de corrupção “de tamanho nunca antes visto na história do país”. Alguém poderia mandar para os redatores de O Globo o brilhante livro “A privataria tucana”, do seu antigo repórter Amaury Ribeiro Jr?

A gente paga o selo

Amaury, quando trabalhava em O Globo, ganhou dois prêmios Esso por reportagens investigativas. O livro “A privataria tucana” é farto de documentos provando bilhões de desvios praticados por políticos que contam com a preferência do vetusto jornal da famiglia Marinho. Enviemos vários exemplares do livro aos éticos editores de O Globo. Se faltar selo a gente arruma.

Al Capone?

Aliás, neste editorial O Globo diz, defendendo a delação premiada: “grandes golpes são impenetráveis sem a colaboração de alguém de dentro. Al Capone é um bom exemplo”. Al Capone? O redator do editorial deve ter sido chamado às falas ou fez uma curiosa (e perigosa para seu emprego) ironia. Afinal, Al Capone foi preso por fraude tributária! Segue o link da campanha “Mostra o Darf Globo”: https://mostraodarfglobo.wordpress.com/.

Alto nível

O PT não é “nem capitalista, tampouco socialista, apenas demagogo, aético, arrogante, fisiológico” e Dilma “foi reeleita, com campanha baseada em mentira, calúnia e intimidação”. Não, estes não são os desabafos de dondocas indignadas da Barra da Tijuca ou dos Jardins, são parte dos textos de dois articulistas na edição de 13/1 de O Estado de S. Paulo e O Globo. Opinião, cada um tem a sua, mas o que chama atenção é o nível cada vez mais “elevado” que marca a argumentação dos “colaboradores” da imprensa hegemônica.

Quem aponta o dedo

Aliás, o articulista do Estadão, um ético até dizer chega, que em uma frase tascou quatro adjetivos contra o “fisiológico” PT (nota acima), tem em seu currículo ter sido ministro durante todo o governo do ínclito político maranhense, José Sarney.

Parem as máquinas!

Ancelmo Gois publicou em sua coluna em O Globo, edição de 12/01, com destaque e com direito a foto, uma informação de grande impacto jornalístico: ainda é comum encontrar, quase dois meses depois da eleição, adesivo da campanha de Aécio em carros no Rio! Para ajudar neste trabalho de “pesquisa” do Ancelmo, informo que ainda hoje tinha muro em São Paulo com a pichação de “Toninho do Diabo para deputado”, o que mostra o apreço do povo paulista para com este candidato que, não obstante, não foi eleito. Igualzinho ao Aécio.

Recordar é viver

Vem de longe o “modus operandi” do PIG. Manchete principal de O Globo no dia 12 de janeiro de 1965: “Com os comunistas, Brizola tramou a invasão do Brasil”.

Traduzindo

Globo e Folha anunciam que a França, EUA e seus parceiros europeus, usando o pretexto dos atentados ocorridos recentemente, pretendem ter “maior controle” sobre a internet. Vindo de onde vem a tradução para “maior controle da internet” é: “liberdade para os monopólios, censura e perseguição ao movimento social e operário”.

Colabore com o Notas Vermelhas: envie sua sugestão de nota ou tema para o email wevergton@vermelho.org.br