Jô Moraes lamenta interferência na eleição da bancada feminina 

A coordenadora da bancada feminina, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), lamenta a decisão do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de interferir na eleição da nova coordenadora da bancada. A eleição havia sido marcada para a próxima quarta-feira (11) e foi adiada por Cunha. 

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“O presidente Eduardo Cunha me informou que já que há um vazio na formatação do regimento (da coordenação), (a eleição) deveria seguir o formato da Mesa Diretora”, disse a deputada, explicando que, com essa nova metodologia, a nova coordenadora da bancada feminina será escolhida não pelas mulheres, mas pelos acordos feitos dentro de cada bloco partidário, sendo o maior bloco aquele que apoiou a candidatura de Eduardo Cunha à Presidência da Casa.

Segundo Jô Moraes, durante as duas reuniões realizadas pela bancada no processo preparatório das eleições, as mulheres tinham discutido duas alternativas. A primeira proposta é que se indicasse os nomes para composição com base no número de mulheres em cada bancada partidária, o que valorizaria os partidos que se esforçaram em eleger mais mulheres.

A segunda era baseada nos blocos partidários, mas ainda se discutia a possibilidade de admitir os mesmo blocos partidários formados para a eleição da Mesa Diretora ou a formação de novos blocos.

Ao manifestar preocupação com a interferência da Presidência da Casa na escolha da coordenadora da bancada feminina – o que não havia ocorrido até então -, a deputada Jô Moraes destaca ainda que a escolha não seguirá o entendimento entre as mulheres, mas entre os blocos partidários.

Ela lembrou que 11 dos 28 partidos que compõem a Câmara dos Deputados nessa nova legislatura não elegeram nenhum mulher e, pelo nova sistemática da escolha da coordenadora, participarão da eleição com poder de interferir.
 

 
Bancada Feminina 2015 dá boas vindas às novas deputadas. Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara
Jô Moraes insiste em lembrar que desde que foi criada a bancada feminina – que depois transformou-se em Secretaria da Mulher -, nunca houve interferência da Presidência da Casa na escolha de sua coordenação, citando os ex-presidentes da Câmara, deputados Henrique Alves (PMDB-RN) e Marco Maia (PR-RS), que deram total autonomia à bancada que escolhia sua coordenadora e o presidente nomeava. “Isso representa uma perda da autonomia que já tínhamos conquistado”, lamenta Jô Moraes.
 
A bancada feminina é composta, nessa legislatura, por 51 parlamentares, sendo nove deputadas do PT e sete do PMDB – as duas maiores bancadas. O PSB e PSDB possuem cinco mulheres cada e o PCdoB e o PR, quatro cada. Seis partidos possuem duas parlamentares cada e cinco partidos possuem apenas uma parlamentar.

Do Portal Vermelho
De Brasília, Márcia Xavier