Kiko Nogueira: Anderson Silva e o UFC fizeram milhões de trouxas?
A vitória de Anderson Silva sobre o americano Nick Diaz deve ser revogada e transformada em “no contest”. Anderson foi flagrado usando duas substâncias proibidas, drostanolona e androsterona, no antidoping. Diaz fumou maconha.
Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
Publicado 08/02/2015 15:13
As drogas utilizadas por Anderson são, segundo especialistas, agentes fantásticos para a recuperação de lesões, para intensificar o treinamento e, às vezes, para aumentar a massa muscular.
Anderson vem negando que estava dopado e exigiu uma contraprova, mas a margem de erro é de menos de 1%. Ele recebeu 600 mil dólares para lutar, mais 200 mil pelo resultado. Com o pay per view, o total chega a 6 milhões. Dana White, chefe do UFC, mandou bloquear a grana até terminar o processo.
A história é complicada não apenas para Anderson, mas para o UFC. O teste foi feito 22 dias antes do confronto. A demora na conclusão e a divulgação do resultado pouco depois levantam a lebre de que os organizadores já soubessem de tudo e não contaram a ninguém para não perder o dinheiro com o cancelamento — só de público pagante, em Las Vegas, foram 13 milhões de reais.
O máximo que a entidade admite é que houve uma “demora” em cobrar o laboratório. “Infelizmente, nós estávamos ocupados. Foram seis eventos em 30 dias”, disse o diretor executivo Bob Benett.
Ficará uma dúvida: Anderson Silva usou antes?
Anderson era um militante contra anabolizantes. “Quando esses caras caem no antidoping, ele não deveriam mais poder lutar novamente. Se você usa esteroides por muito tempo, você tem um problema. É uma droga e isso não é bom para o esporte”, disse numa entrevista.
O heroi nacional com sua história incrível de superação trapaceou. O maior vencedor de um esporte controvertido, o homem que quebrou a perna de maneira horripilante para voltar a desferir seus chutes em um ano estava dando um truque.
Os fãs que acompanharam o retorno de Anderson seguraram o sono e suportaram Galvão Bueno. A luta não foi grande coisa, mas o campeão ganhou. Muitos vibraram com cada jab, cada kick, e choraram com ele no final.
Além de torcedores, estavam sendo feitos de trouxas.
*Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.