Contágio por ebola diminui; Rússia testará vacina

A significativa redução nos casos de ebola na África Ocidental gera expectativas sobre a possibilidade de erradicar a epidemia na região, cenário no qual as Nações Unidas convocam a redobrar esforços.

enfermeira com ebola - AFP

Para além do incremento dos contágios nas últimas semanas em Serra Leoa, Guiné e Libéria, 2015 mostra um panorama bem diferente ao que obrigou há menos de cinco meses à ONU a ativar a Missão de Resposta de Emergência ao Ebola (Unmeer), um passo sem precedentes na história da organização.

Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alentadores sinais sugerem que o pior ficou atrás.

"O padrão da doença mudou, neste ano vimos uma diminuição nos novos casos nos três países mais golpeados, mas estamos hoje em um ponto de viragem crítica", advertiu em um foro da Assembleia Geral para analisar a situação do vírus.

A Libéria passou de centenas de contágios para menos de cinco em janeiro, enquanto Serra Leoa e Guiné também mostraram cifras inferiores, ainda que os dados recentes causem preocupação, sobretudo porque a maioria dos infectados não esteve em contato com pacientes.

Para Ban, trata-se de um claro lembrete da complexidade da batalha contra o ebola e um chamado a elevar a vigilância, inclusive em áreas não afetadas.

Nesse contexto, ele pediu às autoridades locais e à comunidade internacional para potencializarem a resposta à epidemia, para levar a zero os novos casos, para só assim considerar a doença derrotada.

O enviado especial do secretário-geral para o ebola, David Navarro, demandou esforços adicionais na luta contra o vírus responsável por 23 mil contágios e 9.300 mortes, concentrados na Libéria, Serra Leoa e Guiné, e com alguma incidência no Mali, Nigéria, Espanha, Estados Unidos, Senegal e Reino Unido.

O especialista britânico declarou que a fase final do combate à doença será a mais difícil, que exige compromisso e recursos financeiros.

A ONU defende preservar o estrito rastreamento aos contatos de doentes, a realização de enterros seguros, o tratamento à totalidade dos infectados, a prevenção e a participação das comunidades, como garantias da vitória.

Os desafios

A próxima temporada de chuvas na África Ocidental, a imperiosa necessidade de começar os trabalhos de recuperação contra o devastador impacto socioeconômico do ebola e o empenho de alguns setores da população em manter costumes perigosos, constituem sérios desafios.

“Precisamos dar um empurrão exitoso e definitivo para vencer a epidemia e os desafios nesse caminho dizem-nos que não há tempo para a complacência”, afirmou o presidente da Assembleia Geral, Sam Kutesa, na reunião desta quarta-feira (18).

O encontro informal dos 193 estados membros da ONU acolheu o apoio à recém anunciada iniciativa da União do Rio Mão de propor a meta de zero novos casos em 60 dias.

A União é um projeto integracionista em matéria de economia, que agrupa a Libéria, Serra Leoa, Guiné e Costa do Marfim, estados da África Ocidental onde a temporada de chuvas começa em abril, palco que complicaria a campanha contra o vírus, a partir da proliferação de outras doenças e as limitações de acesso a lugares remotos dos três países açoitados.

O foro ontem também reconheceu os esforços nacionais e o importante apoio da comunidade mundial, traduzido no envio de especialistas de saúde, a construção de instalações médicas de emergência e a entrega de recursos financeiros.

Vacina

A ministra da Saúde da Rússia, Veronika Skvortsova, confirmou a fase de ensaio para os próximos meses de três vacinas para combater o vírus do ebola, a partir de procedimentos originais e da experiência nacional.

Svortsova comentou à imprensa que no próximo mês serão testadas em primatas três fórmulas russas, ao lembrar que uma primeira vacina passa pela fase de provas clínicas.

A ministra explicou que na produção de dois compostos os laboratórios usaram a experiência de companhias farmacêuticas dos Estados Unidos e da Europa, mas na criação de outros dois produtos se partiu de um procedimento originário, próprio, disse.

A primeira das vacinas, obtida antes do ressurgimento da epidemia de ebola no ano passado, está em fase de teste em primatas e o resto está ainda no estágio de ensaios pré-clínicos, segundo a titular de Saúde, citada pelas principais agências russas de notícias.

Ela indicou que os trabalhos na obtenção de medicamentos antivirais avançam na Rússia a um ritmo mais rápido que o cronograma de prazos proposto pelas instituições científicas e médicas.

Anteriormente, a titular do Serviço Federal de controle epidemiológico, Anna Popova, anunciou em janeiro que os virólogos nacionais escolheram quatro vacinas, das quais duas serão estudadas em primatas e depois em humanos, com data previsível em março, informou a agência Ria Novosti.

Por sua vez, a chefa do Departamento de proteção da saúde e bem-estar de saúde, Marina Shevyreva, considerou que só para 2016 estará disponível uma vacina nacional para uso massivo, produzida em série.

Segundo estatísticas atuais da Organização Mundial de Saúde, as vítimas mortais do ebola já superaram nove mil indivíduos, com os maiores focos da epidemia em Guiné Konakry, Libéria e Serra Leoa.

Com informações da Prensa Latina