Ato defende imediata desapropriação da Agropecuária Santa Mônica

Neste sábado (21), as mais de três mil famílias do acampamento Dom Tomás Balduíno realizaram um ato político em defesa da reforma agrária e da desapropriação da Agropecuária Santa Mônica, em Corumbá (GO), onde a ocupação está localizada.

Ato Político do acampamento Dom Tomás Balduino - Mídia Ninja

O ato contou com a presença de vários setores da sociedade que estão integrados ao Comitê em solidariedade ao acampamento, bem como professores, estudantes e servidores técnicos da UnB e UFG. Também participaram o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB, Dom Guillherme Werlang; e o integrante da direção nacional do MST, João Pedro Stédile.

Desde a ocupação da área em outubro de 2014, o caso vem sofrendo uma enorme pressão política, o que possibilitou abusivas decisões judiciais pelo juíz de Corumbá.

Para João Pedro, o judiciário da comarca local não tem viabilidade de julgar o despejo das famílias acampadas e afirmou a necessidade de se fazer cumprir o que consta na legislação brasileira referente à função social da terra.

“Queremos apenas que se aplique o que está Constituição. O Incra e o MDA tem que fazer a vistoria da área para saber se esta cumpre ou não a função social e também a cadeia dominial do imóvel. E também cadastrar as famílias em seu sistema. Se for necessário organizaremos ocupações em outros estados em solidariedade aos companheiros e companheiras e não sairemos enquanto o governo não solucionar a questão”, afirmou.

Para Stedile, o Governador do estado de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), tem que ser responsável com as famílias acampadas e lembrou o Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no Pará em 1997. “Não seja mais um tucano com as mãos sujas de sangue, pois dessa terra o povo não vai sair sem lutar. A decisão de conquistar a terra é do povo. E ele deve resistir e lutar para garanti-la”.

A irmã de Tomás, Sueli Balduíno, que também esteve presente no ato, salientou que no Brasil “as terras estão nas mãos dos políticos latifundiários, não é do pequeno é do grande e isso tem que ser revertido”.

A professora da UnB, Maria Elisa Guaraná, ao prestar solidariedade ao acampamento, ressaltou a importância da universidade, enquanto espaço, público no contexto da luta pela terra no país.
“Não existe universidade pública se não houver compromisso com a sociedade. Precisamos lutar para que de fato, a universidade expresse o apoio a esta luta digna. É fundamental que a luta pela reforma agrária e pela universidade pública seja única. A terra deve ser para quem nela trabalha e a universidade deve ser ocupada também, e certamente, não pela perspectiva da propriedade privada”, esclareceu.

Alegria e resistência

Junto ao ato político, foi realizada a festa da colheita do milho com a 1° Pamonhada, fruto da produção do acampamento que, desde a ocupação em outubro de 2014, cultiva a esperança da conquista da terra.

De acordo José Valdir Misnerovicz, da coordenação nacional do MST, o acampamento é um marco do processo histórico da luta pela terra no Goiás. “É o maior latifúndio do estado já ocupado e umas das maiores ocupações nacionais organizadas pelo MST. Portanto, lutar é cuidar dessa terra para os trabalhadores e trabalhadoras sem terra que aqui estão”, afirmou.

Misnerovicz comentou também que a decisão de organizar o acampamento é prepoderante para como fator de permanência das famílias na área para produzirem alimentos saudáveis. “Quem planta tem o direito de colher. Nós temos o compromisso de lutar até o último pingo de sangue e suor para permanecer na terra cultivando alimentos saudáveis e recuperar esse território com plantio de mudas nativas”, declarou.

Também foi realizada uma celebração ecumênica no local e os artistas Pedro Munhoz e Pereira da Viola trouxeram animaram as famílias acampadas com versos cantantes e a utopia de um novo amanhecer.

Fonte: MST