Sintaema convoca assembleia contra demissões na Sabesp

O Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo) marcou para esta terça-feira (10) uma assembleia que tratará das demissões que vêm assolando os quadros funcionais da Sabesp desde fevereiro. O evento será realizado na sede do sindicato às 18 horas.

Greve da Sabesp em 2010 - Reprodução

Em pauta estará o mapa de reação aos cortes realizados pelo governo do estado, que anularam o Plano de Cargos e Salários acordado em 2014 e eliminaram até agora pelo menos 400 funcionários. A discussão abordará também a possibilidade de uma total paralisação da categoria no dia 19.

O objetivo dos cortes determinados pelo Palácio dos Bandeirantes, segundo comunicado, seria o de reduzir em 5% o quadro de funcionários e 9,02% a folha de pagamento, como uma forma de compensar a perda de R$ 1 bilhão em rendimentos por causa do colapso hídrico.

A ação, no entanto, é fortemente contestada pelas entidades sindicais ligadas à área. “Esse tipo de procedimento agrava ainda mais a situação já crítica do abastecimento de água. Como você combate uma crise hídrica dessa proporção mandando mão de obra embora? São funcionários que fazem a manutenção da rede, que trabalham para evitar o desperdício de água", disse Rene Vicente dos Santos, presidente do Sintaema.

Para Anderson Guahy, diretor do sindicato, a tese do equilíbrio orçamentário não se sustenta. “As tarifas de água já vão aumentar agora em abril para cobrir essa diferença, não há a menor possibilidade de prejuízo para a Sabesp. Ao invés de o governador tirar o lucro dos acionistas e diminuir o gasto com empreiteiras, contratando mão de obra própria, ele demite ainda mais. Essas demissões afetam diretamente como poderemos enfrentar a crise. É um absurdo de má gestão do governador, que faz de tudo para manter alto o lucro da Sabesp”, explicou.

Falta de respeito

Guahy contou à CTB que as demissões acontecem especialmente entre os setores operacionais da empresa, que levaram 70% dos cortes, e há casos particularmente vexatórios. “Tem gente que volta do plantão da madrugada, em que o cara ficou arrumando vazamentos e a rede de esgoto, e quando chega na companhia recebe a carta de demissão e está fora”, contou. “Estamos num ponto em que existem colegas tendo que trabalhar 10, 12 horas seguidas por falta de mão de obra. A gente tem que ir até o local e ameaçar chamar o Ministério do Trabalho para a pessoa poder ir para casa descansar”, continuou.

Em 12 de fevereiro, o governador recebeu lideranças do Sintaema e da Fenatema para tratar dos ajustes aos quais seria submetida a Sabesp. Na ocasião, ouviu as entidades e recebeu um relatório técnico apurado e com sugestões, que seria encaminhado para o Secretário de Recursos Hídricos e Saneamento, Benedito Braga. Mais uma vez, houve pouca transparência: apesar de o governo ter se comprometido a desligar apenas os funcionários já aposentados e sob um programa de demissão incentivada, os cortes atingiram pessoas em plena atividade e que não queriam sair.

A companhia nega que as demissões cheguem a comprometer a qualidade na prestação de serviços, sob o argumento de que "houve evolução" na produtividade por empregado em anos recentes. O Sintaema discorda, segundo Guahy: “O que nós precisamos é de mais contratações de mão de obra para que a população seja bem atendida, porque com quadro de funcionários reduzido a gente não vai dar conta de fazer o sistema funcionar com eficiência”.

Fonte: CTB