Andamento da Lava Jato nega teorias sobre interferências, diz Dilma

A presidenta Dilma Rousseff afirmou, nesta segunda-feira (16), durante entrevista coletiva à imprensa, que o andamento da Operação Lava Jato mostra que “todas as teorias a respeito de como é que o governo interferiu sobre o Ministério Público ou sobre quem quer que seja, para investigar ou fazer qualquer coisa com quem quer que seja, são absolutamente infundadas”.

Dilma Rousseff em entrevista coletiva dia 16 de março de 2015 - Agência Brasil

Para ela, as investigações e prisões que estão ocorrendo comprovam esse fato. “Se querem investigar, vão investigar. Quem for responsável, pagará pelo que fez, só isso. E todo mundo tem o amplo direito de defesa. Ou seja, o que vale para um, vale para todo mundo”.

E fez questão de destacar sua própria isenção frente às investigações. “Não tem [interferência]. Eu asseguro a você. […] Estão se referindo ao governo como sendo eu: jamais, em tempo algum”.

A presidenta voltou a comentar as manifestações, que considerou pacíficas e sem violência. Ela disse que, em uma postura humilde, é preciso aceitar o diálogo. "Então, nós temos de ser humildes. Estou aberta ao diálogo. Ao mesmo tempo, o governo tem que ter uma postura firme naquilo que ele acha que é importante”, salientou.

Dialogar com quem está disposto

Dilma ressaltou que só se pode dialogar com quem está disposto. “Estamos dispostos a dialogar com quem quer que seja, com atitude de humildade, querendo escutar”, reafirmou.

Segundo Dilma, o governo federal tem dado respostas coerentes aos pedidos que vêm das ruas, como o anúncio do pacote de medidas de combate à corrupção, que será feito nos próximos dias.

Sobre as medidas econômicas, Dilma defendeu: “Nós achamos que o ajuste é essencial. Não vou deixar de dizer para todo mundo que queremos fazer o ajuste”. A presidenta disse que as armas de combate à crise se esgotaram e que agora o governo precisa “iniciar outro caminho”.

Depois de enumerar as medidas que tomou na área econômica em seu primeiro mandato para amortecer os efeitos da crise internacional e de garantir que, apesar dos ajustes, o governo não vai acabar com o crédito, nem com a desoneração da folha de pagamento, Dilma reconheceu que as medidas podem ter falhado, mas não acredita que tenham piorado a situação do país.

“É possível que possamos ter até cometido algum erro de dosagem na reação à crise”, afirmou. “[Mas] ninguém pode negar que não fizemos de tudo para a economia reagir. Em qualquer atividade humana, cometem-se erros – longe de mim achar que não cometi erro nenhum. O que não posso é ser responsabilizada por algo que seria pior se não tivéssemos feito, adotado”, ressaltou.

Questionada sobre a relação do governo com o PMDB, partido que compõe a coalizão, Dilma afirmou: “Nós temos uma parceria com o PMDB. E temos no Brasil uma situação que temos de construir também. Ninguém aqui pode achar que as instituições políticas do país estão à altura das necessidades do país. E aí vale para todos os partidos, sem exceção”.

Fies

A presidenta também esclareceu que o governo federal mudou as regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que terá agora critérios mínimos de seleção. Além disso, o Executivo controlará a disponibilização de vagas. “O governo cometeu um erro no Fies. (…) Em vez de controlar as matrículas, quem controlava as matrículas era o setor privado. Este é um erro que detectamos. Voltamos atrás e estamos ajustando o programa”, reconheceu.

Dilma lembrou que essa sistemática não foi aplicada no Prouni, nem no Enem ou em qualquer outro programa do governo. “E isso não é culpa do setor privado, fomos nós que fizemos”. E explicou que, antes, “as matrículas eram feitas diretamente com as instituições, agora terão de passar pelo governo”. Ela informou que o Fies saltou de 74 mil pra 731 mil matrículas.

Do Portal Vermelho, com informações da Agência Brasil