Jornalista do UOL se recusa a revelar dados do caso HSBC à CPI        

Ao que tudo indica, a lista do HSBC, que o jornalista Fernando Rodrigues tem a posse, contém várias pessoas denunciadas no escândalo referente ao pagamento de propinas e formação de cartel para licitações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) nas obras do Metrô de São Paulo que seriam correntistas de contas secretas do HSBC na Suíça.
   
 

 

Fernando Rodrigues do UOL lista HSBC

A justificativa do jornalista para não divulgar tais nomes é porque os dados estão sendo cruzados com outras informações. Fernando Rodrigues diz ainda que para a divulgação dos nomes destes correntistas, é preciso que antes todos sejam ouvidos, dentro dos critérios estabelecidos pela Associação Internacional de Jornalistas Investigativos, entidade à qual ele pertence e que disponibilizou a relação. O critério dele não é o que a imprensa adota quando se trata de outros investigados.

‘Uma temeridade’

Fernando Rodrigues minimizou os nomes da lista dizendo que não é possível comprovar se as contas existentes são irregulares ou não. Disse que ficava até “sensibilizado” com o pedido dos parlamentares, mas disse que considera "uma temeridade" da sua parte atender ao pedido de entrega completa da lista "sabendo como funciona o Congresso Nacional e as CPIs".

O presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-BA), rebateu Rodrigues diante da sua recusa. Rocha afirmou que não tem problema ele negar a lista, porque a presidência da comissão tem "a responsabilidade e a obrigação" de requerer a relação, independente da vontade dele e do critério da associação internacional de jornalistas investigativos para dar publicidade a tais nomes.

Rodrigues disse que entende a posição do senador Paulo Rocha e que ele está certo. Ressaltou que os senadores “têm obrigação de solicitar estas informações” e repetiu que a forma "mais correta, célere e produtiva para a CPI” é a busca pelo governo francês.

Rocha reiterou que o Senado tem o compromisso de guardar toda informação sigilosa com responsabilidade e que, no encaminhamento dos trabalhos da comissão, vai atuar no sentido de fazer com que qualquer informação não seja divulgada com o intuito de ser utilizada "por interesses de disputa política ou de qualquer outro tipo".

Já o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), que foi o autor do requerimento pedindo a instalação da CPI, cobrou do governo brasileiro a apuração do caso de contas secretas pelo HSBC na Suíça nos últimos anos. Rodrigues afirmou que se não tivesse havido a evasão de divisas dos brasileiros mais ricos por meio dessas contas, "muito provavelmente o Brasil não estaria precisando passar agora por um ajuste fiscal".

O senador enfatizou que os valores dos correntistas brasileiros neste caso do HSBC – aproximadamente US$ 7 bilhões ou perto de R$ 20 bilhões – equivalem ao total das contas de milhares de correntistas de países diversos que depositaram em muitos paraísos fiscais do mundo, o que mostra como é desproporcional esse procedimento por parte da parcela mais rica de brasileiros.

Na próxima terça-feira (31) os integrantes da comissão têm audiência na PGR com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para conversar sobe o tema e as investigações por parte do Ministério Público sobre o caso das contas secretas do HSBC.

Do Portal Vermelho, com informações da Rede Brasil Atual