Caixa permanece 100% pública e governo lança ações de seguradora

Para o dirigente da CTB e presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Sérgio Vasconcelos de Oliveira, que é funcionário da Caixa, o anúncio feito nesta sexta-feira (8) pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que a Caixa Econômica Federal continuará a ser uma empresa 100% pública é uma vitória dos trabalhadores. Levy informou que será feita uma oferta pública inicial de ações da Caixa Seguradora, uma unidade do banco estatal, não afetando as demais atividades do banco.

Levy e Miriam anuncio de ações da Caixa Seguros - Agência Brasil

“O anúncio de que não haverá mais essa abertura é uma vitória da mobilização dos trabalhadores, que em todo o país fizeram grandes manifestações pra barrar essa tentativa absurda de compor o superavit primário a abertura de capital de uma empresa de caráter estratégico como a Caixa Econômica Federal”, disse Augusto Vasconcelos, ressaltando que a abertura do capital da Caixa seria danosa para a sociedade porque o país perderia um importante instrumento de atuação anticíclica no mercado, especialmente no sistema financeiro.

A possibilidade de abertura de capital da Caixa foi aventada pela equipe econômica do governo em janeiro deste ano. A Caixa é um banco 100% público com um volume de ativos totais que ultrapassa R$ 1 trilhão. De janeiro a setembro de 2014, o lucro líquido foi de R$ 5,3 bilhões e as transações somaram R$ 1,72 bilhão.

Como afirmou Vasconcelos, além do peso comercial, a Caixa cumpre um importante papel no desenvolvimento de políticas públicas de distribuição de renda e inclusão, principalmente no que se refere ao acesso à moradia, com os programas Minha Casa, Minha Vida e Minha Casa Melhor. Somente o Minha Casa, Minha Vida beneficiou mais de 6 milhões de brasileiros desde a sua criação, em 2009.

Qual é o peso da Caixa Seguros?

“A empresa Caixa Seguros tem um caráter bem menos estratégico do que o banco. Portanto, a saída encontrada é bem menos danosa à sociedade. Trata-se de uma empresa que já não tem maioria do capital composto por ações que estão na mão do poder público, pelo contrário, mais da metade das ações pertencem ao setor privado”, destacou o sindicalista.

Augusto, no entanto, advertiu: “Estaremos atentos para evitar qualquer medida que venha enfraquecer a Caixa, como diminuição de pessoal, redução da alavancagem de crédito ou dificuldades operacionais que venham ser utilizadas como argumentos para uma futura venda de ações”.

A medida foi anunciada em entrevista coletiva no Palácio do Planalto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao lado da presidenta da Caixa, Miriam Belchior. “A Caixa Econômica continuará sendo uma empresa 100% pública, mas a atividade de seguros, nós vamos modificar, de maneira que se abra o capital”, disse Levy. “Se pudermos, vamos fazer ainda este ano. A intenção está estabelecida”, completou.

Impactos no superavit

A presidenta da Caixa informou que, para esse estudo, o governo vai convidar os principais bancos de investimentos atuantes no país “para discutir conosco e fazer esse estudo de viabilidade, para podermos decidir pela abertura ou não do capital em relação ao negócio seguros”.

Segundo Levy, os objetivos da medida são muito claros: uma possibilidade de aumentar a presença da Caixa Econômica em um segmento importante. “E também, evidentemente, a gente aproveitar a vitalidade do nosso mercado de capitais. Nós já temos outras experiências, como foi feito com o Banco do Brasil, o BB Seguros, que demonstrou ser um grande sucesso”, comparou.

O ministro destacou que ainda não é possível avaliar o impacto positivo da operação no superavit primário. Mas, se o resultado do IPO da Caixa Seguradora indicar que o negócio tem valor acima do registrado contabilmente, essa renda adicional será tributada e terá efeito positivo na arrecadação.

Para a presidenta Miriam, a Caixa, pela natureza dos serviços que presta, especialmente ao governo, é uma empresa de natureza pública. “Mas, para nós, termos uma avaliação de que o negócio de seguridade tem um enorme potencial futuro, muito pelo momento que o país vive. Com aumento de renda, esse passou ser um bem que pode usufruído pela maioria da população, então ele tem um potencial de crescimento muito grande e a Caixa quer estar bem posicionada para aproveitar esse momento”, disse.

Ela explicou que a Caixa tem uma enorme capilaridade, é o terceiro banco em ativos do País. Segundo ela, a instituição aumentou muito sua capilaridade tanto através das agências próprias, quanto dos correspondentes bancários. “Um espaço importante de chegar muito próximo de todos os interessados em fazer seguros no País e acho que temos um potencial de posicionar bem nesse setor”.

Transparência

Já o ministro Levy reforçou que o lançamento das ações da Seguradora da Caixa na bolsa pode melhora a segurança das operações. “Toda vez que a gente faz um movimento assim, se aumenta a governança, se aumenta a transparência, reforça o mercado de capitais, se abre oportunidade de as pessoas investirem. E a Bolsa de Valores, os fundos de investimentos que investem em ações, são todos mecanismos muito importantes para as pessoas terem sua poupança de longo prazo”.

Por fim, a presidenta da Caixa enfatizou: “Queria reafirmar a importância desse mercado para a Caixa. É um negócio importante para expansão do banco”.

Do Portal Vermelho, com informações da Agência Brasil