Com a participação de Cuba começa hoje a 7ª Cúpula das Américas

Os chefes de Estado e de Governo de 35 países vão participar nesta sexta-feira (10) da 7ª Cúpula das Américas no Panamá – a primeira conferência hemisférica em que os líderes dos Estados Unidos da América e de Cuba sentarão à mesma mesa, desde o impedimento das relações diplomáticas impostas pelos EUA a Cuba há mais de 50 anos. Outro tema a ser debatido na Cúpula das Américas destaca-se a relação da Venezuela com o governo dos EUA.

cúpula das américas

A última vez em que isso ocorreu foi em uma reunião regional em 1956 – também na Cidade do Panamá. Três anos depois, a Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, derrubou a ditadura de Fulgencio Batista. Em 1962, os EUA romperam relações com o novo governo comunista de Cuba e expulsaram a ilha caribenha da Organização dos Estados Americanos (OEA). 

O evento terá a presença do líder cubano, Raúl Castro, e do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama – que em dezembro deu um passo histórico ao reconhecer o fracasso de meio século de políticas norte-americanas para tentar isolar Cuba. 

A 7ª Cúpula das Américas será a primeira com a participação de Cuba e, consequentemente, com os chefes de Estado de todos os 35 países das Américas e do Caribe.

A normalização das relações entre os EUA e Cuba depende de uma série de medidas – algumas das quais precisam passar pelo crivo da oposição republicana para aprovação no Congresso.

Uma das principais reivindicações de Castro é a exclusão de Cuba da lista norte-americana de países que patrocinam o terrorismo. Os cubanos também querem a suspensão do bloqueio econômico e financeiro e uma indenização pelos danos sofridos no passado.

Apesar de possíveis manifestações, durante o encontro, sobre desentendimentos entre os governos da Venezuela e dos Estados Unidos, a presidenta brasileira Dilma Rousseff deve ressaltar a participação inédita de todos os países da região no encontro.

Paralelamente à cúpula, Dilma terá encontros bilaterais com os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, do México, Enrique Peña Nieto; da Colômbia, Juan Manuel Santos; e do Haiti, Michel Martelly; além do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também aproveitará a cúpula para encontros bilaterais com outros chanceleres do continente, incluindo o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.

Venezuela e EUA

Os chanceleres que se reuniram nessa quinta-feira (9) para negociar a declaração conjunta dos presidentes não conseguiram chegar a um consenso: a ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodriguez, queria incluir no documento condenação às sanções norte-americanas a sete altos funcionários venezuelanos.

Em março, Obama anunciou que ia bloquear as contas e os bens desse grupo de venezuelanos nos EUA, por considerar que estavam envolvidos em atos de corrupção ou de violações de direitos humanos. Para justificar essa punição, Obama declarou a Venezuela uma “ameaça à segurança” norte-americana.

A declaração de Obama foi duramente criticada na região e citada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para obter do Congresso poderes especiais: ele poderá governar por decreto, até o fim do ano, para conter a “ameaça” norte-americana.

Nos últimos dias, altos funcionários norte-americanos moderaram o tom das críticas e asseguraram que a Venezuela de fato “não representa uma ameaça”. Maduro também disse que quer ter uma boa relação com os EUA, mas a chanceler venezuelana cobrou uma retificação, ou seja, a suspensão das sanções.

Presidenta Dilma Rousseff

Depois de chegar à capital do Panamá, por volta da hora do almoço de sexta-feira (10), a presidenta Dilma Rousseff deve participar, às 14h30, do encerramento do Fórum Empresarial das Américas, que enfocará o tema Unindo as Américas: Integração Produtiva para o Desenvolvimento Inclusivo. Dilma retorna ao Brasil logo após o encerramento da cúpula, previsto para as 17h15 de sábado (11).

No final da cúpula, será divulgado um documento conjunto sobre educação, saúde, energia, meio ambiente, migração, segurança, participação cidadã, governabilidade democrática e cooperação hemisférica solidária. Acordado entre equipes técnicas dos países americanos e caribenhos, o texto aborda temas bastante discutidos na região, que ainda dependem da ratificação dos chanceleres e chefes de Estado.

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Com informações da Agência Brasil