Dois citados na Lava Jato: Um é preso, o outro pede impeachment
A bomba de hoje da imprensa que sonha com o golpe de noite e tenta transformá-lo em realidade de dia é que os partidos de oposição ao governo federal (PSDB, DEM, PPS, PV e SD) estão se organizando para atuar conjuntamente no pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, mesmo sem haver qualquer prova ou indício que a envolva na Operação Lava Jato.
Por Renato Rovai*, na Revista Fórum
Publicado 17/04/2015 16:08

Aliás, Lava Jato que era até ontem tratada como investigação de corrupção na Petrobras e que por isso fez com que os procuradores não quisessem nem saber da lista de Furnas, mas que agora passa a dirigir seus canhões para as contas (pasmem!) da Editora e Gráfica Atitude, responsável pela Rede Brasil Atual.
Cada dia fica mais claro que a Lava Jato que tem entre os seus indiciados parlamentares de vários partidos, entre eles o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o do Senado, Renan Calheiros, e o ex-coordenador da campanha de Aécio Neves, ex-governador de Minas e atualmente senador Antonio Anastasia, está se tornando um segundo tempo da Operação Mensalão, quando todo o foco foi dirigido ao PT.
Nesse contexto chama atenção o tratamento diferenciado em dois casos emblemáticos, não só pela mídia, mas pela justiça. João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, foi preso. Vaccari foi citado nos depoimentos de delatores da operação. O juiz federal Sergio Moro foi atrás de algo que pudesse incriminar o petista.
Já no caso de Aécio Neves (PSDB), ele foi citado pelo doleiro Alberto Youssef que disse que o senador teria recebido recursos desviados de Furnas, através de sua irmã. O doleiro ainda afirmou que recolheu dinheiro de propina na empresa Bauruense, que prestava serviços para Furnas, duas vezes. Em uma delas, faltavam 4 milhões de reais. E foi avisado que o PSDB já havia coletado a quantia.
Mas as citações sobre o envolvimento de Aécio no caso de Furnas foram arquivadas pelo STF à pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
E agora, livre de qualquer investigação, Aécio comemorou a prisão de Vaccari e começou a articular o impeachment de Dilma. E junto dele, com a mesma cara de pau, estava o presidente do DEM, Agripino Maia, acusado de receber R$ 1 milhão em propina num esquema de inspeção de veículos em seu estado, o Rio Grande do Norte.
A qualidade de uma democracia se avalia nos detalhes. Enquanto grãos-tucanos comprovadamente corruptos e envolvidos em grandes escândalos não forem presos e tratados como qualquer político de outra agremiação, não se poderá dizer que vivemos numa sociedade de direitos equivalentes.
É por isso que num recente debate pelo twitter com Vinicius Wu, assessor do Ministério da Cultura (Minc), o deputado Jorge Pozzobom (PSDB-RS), disse: “Me processa. Eu entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser preso”.
*É blogueiro.