Tamara Naiz: A luta por mais direitos para os pós-graduandos

É amplamente reconhecido que nos últimos anos a produção cientifica no Brasil, assim como os programas de pós-graduação, tiveram um importante crescimento em quantidade e qualidade. Isso torna evidente que os investimentos nessas áreas são muito importantes para que o país avance em seus níveis de desenvolvimento econômico, social e tecnológico.

Por Tamara Naiz*, no portal da UJS

Tamara - ANPG

O Brasil ocupa hoje o 13° lugar no ranking mundial de pesquisas indexadas, que refletem pesquisas realizadas, o número de mestres quase dobrou nos últimos dez anos e o de doutores quase triplicou, de modo que o Brasil titulou em 2013 mais de 45 mil mestres e mais de 15 mil doutores¹.

Os números que refletem este crescimento podem nos deixar otimistas, mas é necessário ir além deles e refletir sobre a situação daqueles que são elemento fundamental nesse processo todo: os estudantes de pós-graduação. Segundo dados da Capes, os pós-graduandos estão presentes em 90% das pesquisas realizadas no país, ou seja, não há pesquisa no Brasil sem a pós-graduação. Esse dado, aliado as metas do Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-20202 e do Plano Nacional de Educação², deixa claro o quanto é preciso debater e refletir sobre as condições de realização dessas pesquisas, sobre a realidade e as estruturas de poder, sobre os aspectos sociais, psíquicos e políticos que envolvem esta produção de conhecimento.

Os direitos dos pós-graduandos

O pós-graduando, que é um profissional já graduado em ensino superior, precisa ser tratado como tal, é preciso que se compreenda que a formação em pós-graduação é uma fase em que se está aprofundando e produzindo conhecimentos para o país. Quanto mais percebermos isso e tratamos de criar condições em que essa pesquisa possa ser produzida de forma mais eficiente possível, melhor será para o Brasil.

Os pós-graduandos se dedicam cotidianamente e com afinco na realização de suas pesquisas, mas apesar de serem elementos tão importantes para o desenvolvimento do nosso país, não tem quase nenhum direito garantido e essa situação tem que mudar, pois este é um investimento central para um país que precisa se desenvolver em novos patamares, de forma mais sustentada e soberana.

Discutir o lugar do pós-graduando na pesquisa cientifica e consequentemente seus direitos é o desafio que pretendemos enfrentar nesta gestão da Associação Nacional Pós-Graduandos. Ao eleger como mote da gestão a defesa da “valorização da ciência e dos pesquisadores” a diretoria da ANPG tem como alicerce a compreensão de que a Ciência deve ser vista como um dos eixos estruturantes do desenvolvimento nacional. Esperamos que a Ciência produzida seja capaz de cada vez mais favorecer e integrar os esforços de produção de conhecimentos capazes de propor soluções para grandes questões da sociedade, na forma de tecnologias, inovações, etc…

A gente quer mais para os pós-graduandos e para Brasil

Nós acreditamos e queremos mais para o Brasil, por isso discutir a importância da pesquisa no país, seu fomento e lugar do pós-graduando na pesquisa cientifica, assim como seus direitos tem feito parte do cotidiano desta gestão da ANPG, tarefa delegada pelo 24° Congresso Nacional de Pós-Graduandos – CNPG.

Esperamos contribuir para a conquista de mais direitos e melhores condições de pesquisa para os pós-graduandos e para todos os pesquisadores brasileiros que tanto se dedicam e contribuem para construção de um novo Brasil, e nessa luta a campanha por mais direitos para os pós-graduandos ganha centralidade.

Entre as bandeiras da campanha por mais direitos destacam-se as lutas por: valorização das bolsas; assistência estudantil para os pós-graduandos; melhores condições de pesquisa; melhoria nas relações acadêmicas; mais verbas para ciência e tecnologia; não aos cortes no orçamento de 2015 para as áreas de educação, ciência e tecnologia; abaixo ao Plano Levy de ajuste fiscal!

Notas da autora:
1. Que tem metas de ampliar em 2020 a titulação anula de mestres e doutores, segundo as metas do PNE, com redução das assimetrias na distribuição da pós-graduação, ter titulado no período 150 mil doutores e 450 mil mestres no período, ampliando de 1,4 para 4,5 o numero de doutores por mil habitantes no país em 2020 e posicionar o Brasil entre os 10 maiores países produtores de conhecimentos novos do mundo.

2. O PNE tem três metas importantes referentes à pós-graduação, entre elas, a meta 14 que prevê ampliação gradual da titulação até que, em 2024 se atinja a titulação 60 mil mestres por ano e 25 mil doutores.

*É presidenta da ANPG