Câmara aprova ajuda financeira entre países do Brics 

A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou na última quinta-feira (7) o acordo assinado em 2014 pelos integrantes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que permite que um dos países possa ser socorrido pelos demais em caso de crise de liquidez (incapacidade para honrar compromissos internacionais). 

Câmara aprova ajuda financeira entre países do Brics

Os recursos, que virão das reservas internacionais de cada país, também poderão ser emprestados preventivamente, em apoio a eventuais pressões sobre o balanço de pagamentos. O objetivo do acordo é proporcionar aos países uma salvaguarda financeira para momentos de instabilidade econômica, que funcionará como complemento a outras fontes de recursos, como do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Tratado para o Estabelecimento do Arranjo Contingente de Reservas (ACR) foi enviado ao Congresso Nacional pelo Pode Executivo e recebeu parecer favorável do relator, deputado Marco Maia (PT-RS).

“Mudanças súbitas na direção dos fluxos de capitais internacionais têm sido frequentes e tendem a produzir efeitos mais intensos nas economias emergentes. Isso confere importância crucial à criação de mecanismos de autodefesa”, disse Maia.

Pelo acordo, os cinco países comprometem-se a criar um fundo “virtual” de apoio mútuo. Os recursos ficarão nas reservas de cada país, e só sairão quando solicitados por uma nação e apoiado pelas demais.

O acordo estabelece ainda que a taxa de câmbio aplicada à operação será a que estiver em vigor no país solicitante na data da transação.

Limites

No total, o ACR prevê um valor inicial de US$ 100 bilhões. A China, segunda maior economia mundial, entrará com a maior parte, US$ 41 bilhões. Brasil, Rússia e Índia entrarão com US$ 18 bilhões cada um; e a África do Sul, com US$ 5 bilhões.

Os limites de saque de cada país aos recursos do ACR são determinados pelas suas contribuições individuais, acrescidas por um multiplicador. O multiplicador da China é 0,5. Deste modo, ela pode solicitar até US$ 20,5 bilhões. Brasil, Índia e Rússia têm direito a até US$ 18 bilhões (multiplicador 1); e África do Sul, a US$ 10 bilhões (multiplicador 2).

O acordo possui uma cláusula sobre a forma de liberação dos recursos. Em caso de necessidade de apoio, cada parte pode obter, a qualquer momento, até 30% do seu limite de acesso, condicionado à concordância dos outros países. O saque do restante (70%) estará vinculado à existência de um acordo com o FMI.

Além disso, a liberação da ajuda financeira está condicionada a alguns fatores, como não haver dívidas em atraso com os outros do grupo Brics ou com suas instituições financeiras públicas; não haver dívidas em atraso com instituições financeiras multilaterais; e cumprir as obrigações com o FMI referentes à supervisão e provisão de informações.

Governança

O acordo prevê que o ACR terá um sistema de governança em dois níveis. As decisões mais importantes serão tomadas pelo Conselho de Governadores, formado pelos ministros das finanças e presidentes dos BCs dos cinco países.

A operacionalização será tratada pelo Comitê Permanente, formado por cinco diretores e cinco diretores suplentes nomeados por cada país. A diretoria deverá ser indicada, prioritariamente, entre funcionários dos BCs.

A mensagem tramitará ainda nas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça (CCJ). Depois, seguirá para votação no Plenário da Câmara dos Deputados.

Fonte: Agência Câmara