Ministro Juca Ferreira abre Colóquios Museológicos

Os desafios contemporâneos das instituições museológicas, o enriquecimento de políticas relacionadas a museus e ações do Governo em prol da reestruturação e promoção desses espaços em todo o país estiveram na pauta das discussões da primeira edição dos Colóquios Museológicos, na tarde desta terça-feira (19), na sede do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), em Brasília.

Juca Ferreira - Lia de Paula

A abertura contou com discurso do ministro da Cultura, Juca Ferreira, que destacou a importância do Ibram em abrir portas de reflexão com a sociedade sobre a importância dos museus para a cultura brasileira.

"Os museus precisam ganhar dimensão cultural, uma relevância que ainda não tiveram. Eles são fundamentais nesse momento de afirmação do Brasil, de definição de um novo ciclo de desenvolvimento. Considero que os museus, salvo algumas exceções, ainda estão por florescer no Brasil", destacou.

Para o Ministro a baixa frequência aos museus se deve ao fato de que, salvo exceções, ainda não foram incorporados pelas escolas como um instrumento político pedagógico fundamental e isso mostra que algo precisa ser construído para que se possa avançar.

O ministro destacou ainda que os museus não chegaram ao nível de maturidade para cativar a atenção dos brasileiros, que ainda não conseguem perceber a importância de disponibilizar e preservar a memória do país, o que precisa ser revisto imediatamente.

"É inegável a importância que os museus têm nas sociedades complexas. Não é incomum encontrar casos em que eles são acionados como recurso para alavancar processos de revitalização de áreas urbanas, consolidar roteiros turísticos e inserir cidades no circuito internacional, promover megaexposições ou grandes mostras capazes de atrair investimentos do mercado, mediar relações entre grupos, provocar politicamente, construir narrativas engajadas, favorecer o desenvolvimento de culturas e comunidades", afirmou.

“Essas, entre outras várias questões, deslocam os museus para além das atividades de preservação e representação de valores e práticas, produção de conhecimentos, documentação, criação de narrativas, conformação de significados, que os recontextualizam nas relações de poder e memória", reforçou.

As bibliotecas também foram apontadas como instituições a serem fortalecidas e que devem assumir uma postura menos passiva, passando a ser uma usina cultural, abrindo as portas para qualificação da vida individual e coletiva.

Durante o encontro, o Ministro respondeu algumas questões da plateia e do público que assistiu a transmissão ao vivo pelo site do Ibram. Sobre investimentos, destacou que o MinC trabalha analisando a conjuntura e operando com inteligência.

"Saímos de 287 milhões, orçamento padrão da cultura no governo Lula e chegamos a 1,3%, pulando para 1,3bi. Tudo isso no diálogo, na construção da relevância da cultura, no fortalecimento das ações do Ministério. Dinheiro não nasce no bolso, mas na cabeça, e isso precisamos ter claro, tanto funcionários, quanto gestores. Faremos um exercício de recolocação das proporcionalidades e daremos continuidade ao fortalecimento institucional. Melhoria de condições dos trabalhadores lado a lado de melhoria dos trabalhos culturais, assim teremos o apoio da sociedade", disse.

Juca Ferreira finalizou sua participação reforçando que trabalha em conjunto com o Ministério da Educação e que nunca antes o momento foi tão oportuno para essa troca de ideias. "Todos os desafios do século 21, formular soluções criativas e fortalecimento da democracia precisam ter como foco uma escolaridade de qualidade e acesso pleno à cultura", concluiu.

Colóquios Museológicos

Os Colóquios têm como proposta dinamizar os espaços de eventos do Ibram, de forma que a instituição passe a ser reconhecida também como um centro de estudos museológicos contemporâneos. "Esperamos que essa seja uma contribuição importante para colaborar nas discussões sobre o papel dos museus. Hoje, mobilizamos todas as escolas de museologia do país, todos os museus, para acompanhar a fala do Ministro. Queremos fazer uso da sede e dos equipamentos de forma mais completa e transformar o Ibram em um verdadeiro um centro de estudos museológicos", afirmou Carlos Roberto Brandão, presidente do Ibram.

As edições dos colóquios serão mensais e contarão sempre com a participação de convidados que irão abordar temas atuais de interesse dos museus. O próximo encontro trará o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto.