Quem criou o Proer, não tem moral para criticar o PT, rebate senador

Citando o acordo bilateral de US$ 53 bilhões assinado entre Brasil e China nesta semana, o senador Donizeti Nogueira (PT-TO) fez nessa quarta-feira (20), duras críticas ao governo tucano de Fernando Henrique Cardoso durante seu pronunciamento na sessão em plenário.

Senador Donizeti Nogueira

"Quem implantou um programa para socorrer o Banco Marka [Proer], através do vazamento de informações para beneficiar os 'amigos', não tem moral pra vir aqui criticar o governo do PT, que em 12 anos promoveu as maiores conquistas da história para a classe trabalhadora brasileira", afirmou Donizeti.

O senador lembrou que o Brasil enfrentou sete anos de crise mundial sem gerar desemprego e promovendo ganhos salariais aos trabalhadores, mas que no momento o país precisa de ajustes.

"Será que 12 anos é tanto tempo assim, que se esqueceram da taxa de desemprego de 2002? Será que já se esqueceram que o salário mínimo não chegava a cem dólares e hoje tem um ganho real expressivo dos trabalhadores e a inflação era de 13%, com juros de 26%?", questionou o senador.

Proer

O Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional (Proer) é fruto da Medida Provisória 1179, assinada pelo ex-governador Fernando Henrique Cardoso em 3 de novembro de 1995. Entre 1995 e 2000, foram destinados, em títulos de longo prazo, cerca de R$ 30 bilhões aos bancos brasileiros, aproximadamente 2,5% do PIB, segundo informações do próprio ex-presidente. Apesar disso, pesos pesados socorridos pela iniciativa decretaram falência, como o Nacional, o Econômico, o Banorte, o Mercantil de Pernambuco e o Bamerindus. Em valores não corrigidos, segundo o Banco Central, o Bamerindus recebeu R$ 3,2 bilhões, o Econômico precisou de R$ 5,2 bilhões e o Nacional, de R$ 5,8 bilhões.

Definido posteriormente por alguns especialistas como uma cesta básica para os banqueiros, o Proer foi um dos programas mais polêmicos e um dos principais alvos de crítica do governo Fernando Henrique. Posteriormente, foi criada inclusive a CPI do Proer na Câmara dos Deputados, a fim de investigar as relações do Banco Central com o Sistema Financeiro Nacional. Alguns deputados acusaram o programa de atender a um grupo restrito de bancos –181 instituições sofreram intervenção, mas apenas sete fizeram parte do Proer.